… ou fatos interessantes, curiosos ou engraçados sobre o mundo das oliveiras! Ou…
… acredite se quiser!
1 – Os cromossomos são cadeias de DNA em sequência com vários genes, que determinam a função de cada célula que os compõe. A quantidade de cromossomos vária enormemente conforme cada espécie. Por exemplo
Espécie | Nr cromossomos | Espécie | Nr cromossomos | |
Alface | 18 | Coelho | 44 | |
Caracol | 24 | Macaco | 48 | |
Minhoca | 32 | Porco | 40 | |
Soja | 40 | Borboleta | 380 | |
Milho | 24 | Abacate | 10 |
Agora vem a curiosidade. O ser humano tem 46 cromossomos (23 pares), igual as oliveiras. Ou seja: o corpo humano tem o mesmo número de cromossomos que as oliveiras.
2 – O azeite extra virgem é parte fundamental da Dieta Mediterrânea, muito o atribuem a importância de “espinha dorsal”. Por sua vez a Dieta Mediterrânea foi declarada pela UNESCO patrimônio imaterial da humanidade em 16 de novembro de 2010. Segundo a UNESCO “a dieta mediterrânea é um conjunto de habilidades, conhecimento, práticas e tradições relacionadas com a alimentação humana, desde a terra até à mesa, cobrindo culturas, colheitas e pescas, bem como a conservação, transformação e preparação de alimentos e, em particular, o seu consumo.
3 – Se depende-se dos ritos cristãos-católicos, uma pessoa sempre entraria nesse mundo e sairia deste besuntado de azeite. Explicando:
- Na chegada: No batismo o óleo dos catecúmenos (azeite, pois outro seria estranho), lembra o utilizado pelos atletas antes das competições a fim de ganharem força, ágeis e alegres. O azeite é aplicado no peito para proteger do demônio e defender a fé. Ainda o crisma (azeite perfumado consagrado pelo bispo na Páscoa), serve para marcar a pessoa como da família de Deus: uma pessoa sagrada. O crisma ainda é usado na confirmação e na ordenação, em necessidade de se repetir o rito, pois “imprime carácter”, ou seja: marca.
- Na saída: É aplicado o óleo dos enfermos. O sacramento dos enfermos também é conhecido como “extrema-unção”. Ele simboliza a força do Espírito de Deus para a provação da doença. E no caso de não haver cura, a preparação para a passagem para outra vida.
Observação: Algumas fontes citam apenas “óleo”, mas a orientação é de que outro óleo, que não o azeite, seja utilizado apenas por necessidade, conforme Ritual da Unção dos Enfermos, Praenotanda, n. 20; Concílio Vaticano II, Const. Sacrosactum Concilium, 73 Paulo VI, Const. Ap. Sacram Unctionem Infirmorum, 30-11-1972, AAS 65 (1973) 8.
4 – A mitologia grega fala que o nome da cidade de Atenas vem da deusa com o mesmo nome (protetora da cidade) ter dado ao povo um pé de oliveira, com os frutos do qual poderiam se alimentar, aquecer e usar de outras tantas formas. Veja: Origem da cultura das oliveiras.
5 – A classificação dos azeites durante o império romano nada tem a ver com as classificações atuais. Era baseada simplesmente no estado das azeitonas no momento da extração do azeite. Quanto mais novas as azeitonas melhor a classificação e mais nobre o uso. Aí vieram os franceses com seu Fruité Noir…
6 – Na região francesa da Provença, existe uma antiga tradição chamada Coufi. Visa a produção de um controverso azeite cujas as azeitonas totalmente maduras são previamente armazenamos alguns dias em caixas. Nessas caixas as azeitonas fermentam o suficiente para perderem a nitidez, mas sem gerar ranço. Será? O resultado é um azeite “frutado negro”, ou Fruité Noir, com forte sabor de cogumelos, trufas de cacau, sob alcachofra cozida ou madeira. Alguns detestam pelo gosto fermentado e “pesado”, outros adoram e o comparam como um “excelente vinho suave“.
7 – Antigamente na Brac, ilha da Croácia, quando governou lei veneziana, se esperava que um jovem para se casar, primeiro tinha de plantar 100 oliveiras para garantir um futuro enraizado na tradição de sua família.
8 – Somente o óleo extraído exclusivamente das azeitonas pode ser chamado de azeite. Em alguns outros países a confusão não existe. Por exemplo: Nos EUA o nome é “Olive Oil”. Contudo nos países onde um termo específico existe, somente os oriundos da azeitona, puro e sem intervenção química, podem ser chamado pelo mesmo (azeite, aceite…). Inclusive o nome é derivado do árabe az-zait , que significa sumo de azeitona. Um último ponto: Azeite misturado com outro óleo, ou outro produto qualquer, não pode mais ser chamado de azeite puro.
9 – Dentro da cidade de Roma há uma colina com um tamanho de 20.000 metros quadrados de base e uma altura de 40 metros. Essa colina é formada por ânforas quebradas e empilhadas cujo propósito era trazer azeite da Espanha (80% do total) chegando pelo rio Tigre a Roma. Nome da colina: Testacciorio (Testácio). Estíma-se o totla de 54 milhões de ânforas, transportando cada uma aproximadamente 70 litros de azeite. Obs.: As ânforas não eram reaproveitadas para não estragarem um azeite novo.
10 – As Oliveiras dão flor. Como quase todas as plantas que dão frutas e frutos a oliveira não é uma exceção. Estes são agrupados em conjuntos de 10 a 40 flores, são uma cor branca com tons de verde e amarelos. A floração depende da variedade e condições climáticas, assim como o tempo de permanência como flor. Cada hemisfério tem seu período de florescimento que se dá na maioria ao longo da primavera.
11 – Não existe uma relação fixa entre peso de azeitonas X quantidade de azeite obtido. Considerando a extração do extra virgem, com todos os cuidados que lhe cercam, os fatores que mais influenciam são:
- Variedade: De 5% (Toffahi – Maria da Fé) a 32%(Ferkani);
- Grau de maturação: Quanto maior, mais azeite, contudo há uma queda dos polifenóis;
- Método de extração. Prensa e centrifuga e suas diversas variações;
- Graus de irrigação das oliveiras durante as fase de floração e frutificação. O excesso d’água no fruto, além de prolongar o tempo de tratamento do azeite (centrifugação e/ou decantação) também ajuda na degradação da qualidade do azeite;
- Utilização ou não do caroço na obtenção do azeite. A maioria esmagadora dos azeites é feita com caroço. Contudo, principalmente na Itália há os defensores do Denocciolato – Veja nossa publicação sobre esse tipo de azeite. A perda no volume sugerida é entre 5% e 20%.
Um valor médio a considerar é de 10% a 15%.
12 – Aproximadamente metade de todo azeite produzido no mundo é produzido na Espanha.
13 – O azeite é mais leve que a água. Em média possui uma densidade de 0,925. Ou seja: Um quilograma de azeite corresponde a 1,08 litro de azeite. Ou ainda: 1 litro de azeite corresponde a 0,925 Kg de azeite.
14 – A maioria das palavras relacionadas a olivicultura na Espanha vem do idioma árabe. Por consequência muitos usados no Brasil.
- Almazara=Lagar: Moinho onde se esmagam as azeitonas e obtêm-se o azeite;
- Alpechín (Jamila): líquido negruzco e fétido que é obtido pressionando ou centrifugando a pasta de azeitona previamente molhada nos moinhos;
- Alpeorujo (Orujo): Resíduo sólido oleoso resultado da extração do azeite.
- Alcuza: recipiente em que se põe o azeite para uso diário
- E muitos outros.
15 – Existem azeitonas albinas (Leucocarpa Margareta). Sua cor branca durante todo ciclo de maturação, deve-se a mesma não sintetizar as antocianinas (pigmentos hidrossolúveis encontrados nos vacúolos das células vegetais), responsáveis pela coloração das azeitonas.
Devido a sua cor, que no ocidente representa pureza, a mesma era utilizada em cerimônias religiosas.
16 – A queima de azeites de baixíssima qualidade em lamparinas deu o nome a essa categoria de azeite:
Azeite lampante – Possui mais de 20 g de ácido livre por cada 1.000 g (> 2,0 %) de ácido oleico. O mesmo não pode ser destinado diretamente à alimentação humana, porém poderá ser refinado para enquadramento no grupo azeite de oliva ou no grupo azeite de oliva refinado, ou, ainda, destinado a outros fins que não seja para alimentação humana.
Extraído de olivapedia.com/azeite-parte-4-classificacao/
Infelizmente em algumas regiões do mundo, o lampante é consumido por falta de opção.
17 – Uma mesma oliveira não produz exatamente o mesmo azeite dois anos seguintes. Essa é uma das belezas dessa cultura. Um azeite monovarietal, de Koroneiki, por exemplo, da colheita de 2018, não foi idêntico ao da colheita de 2017. Empresas que distribuem grandes volumes possuem laboratórios que definem as misturas necessárias, a fim de atingirem um “sabor da marca”.
18 – Os gregos são o povo que mais consome azeite no mundo. São 21 litros de azeite por ano, por pessoa. Quase dois litros por mês. Os italianos e espanhóis ficam em média com 15 litros per capita ano. Nos EUA se consome quase 1 litro por ano. No Brasil, o consumo é inferior a 0,350 litros por habitante por ano.
19 – Será que o consumo “excessivo” de azeite extravirgem faz mal? Entre os gregos, os habitantes da ilha de Creta consomem (e produzem) mais óleo. E entre os cretenses, os habitantes de Kritsa, uma aldeia de 2.800 pessoas na parte sudeste da ilha, consomem 50 litros por pessoa por ano. São 137 ml de azeite por dia. Seus habitantes vão muito bem.
20 – Um dos maiores produtores mundiais de azeite, a Tunísia, por razões históricas e econômicas não viabiliza o consumo de azeite extra virgem para a população local. O governo foca em potencializar a exportação do azeite extra virgem, enquanto os moradores locais buscam óleos mais baratos, dentro de seu poder de compra. Ao longo dos anos, os óleos refinados de sementes foram tomando conta da mesa dos tunisianos e lentamente substituindo o azeite de oliva, que foi por muito tempo a única gordura alimentar utilizada no país.
21 – Infelizmente mais de 70% do azeite extra virgem que circula pelo mundo é falsificado. Talvez pela facilidade de realizar a falsificação, bem como o pouco interesse dos envolvidos em identificar as fraudes. Querendo saber um pouco mais sobre o assunto sugerimos a leitura do livro Azeitonas – Vida e Saga de um Nobre Fruto de Mort Rosemblum.
22 – Na Espanha a oliveira e seus frutos são comparados ao Porco, pois de ambos tudo se aproveita. O ditado em tradução livre é: “O porco aproveita-se para a marcha e azeite para sua sombra“.
23 – No Filme o Poderoso Chefão (God Father) o negócio de fachada para lavagem de dinheiro era uma importadora de azeite controlada pela família Corleone chamada GENCO. As atividades assemelhavam-se ao mundo real da falsificação do azeite. Mario Puzo ao ser questionado sobre a fidelidade do assunto, retrucou fortemente alegando ser tudo apenas uma obra de ficção.
Hoje existe uma empresa como o mesmo nome cuja a sede fica em Londres, e adivinhe qual o segmento de atividade?
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