As 9 listras horizontais da bandeira grega representa as 9 sílabas da frase em grego Ελευθερία ή θάνατος, que em português significa “Liberdade ou Morte”. No canto superior esquerdo a cruz branca com fundo azul representa a religião do país, a ortodoxia grega.
As cores azul e branco foram adotadas na década d e1820, contudo o formato atual somente foi definido em 1978. Anteriormente a bandeira era apenas uma cruz branca com fundo azul.
Uma publicação especial
Como comemoração pelos 3 anos de existência da Olivapedia, primeira publicação em 1º de maio de 2018, lançamos uma publicação que estávamos guardando para um momento especial, mas também devido a coragem necessária.
Coragem necessária, pois nenhuma nação absorveu a olivicultura em suas tradições e consumo de azeite como a Grécia. Há décadas é a nação como o maior consumo per capita de azeite do mundo, além da culinária dependente do azeite e usos menos ortodoxos como medicamento e cuidados corporais. Além disso a Grécia é um país apaixonante de rara beleza e simplicidade do povo. Uma visita de apenas 22 dias por diversas regiões do continente e Santorini deixou clara a ligação do país com as oliveiras.
Não bastasse isso, a Grécia é o único país que tem uma história lúdica para o surgimento da oliveira no mundo. Para saber mais acesse: A Origem Da Cultura das Oliveiras – OLIVAPEDIA.
Papel na disseminação da olivicultura
Desde um passado bem distante, os gregos, junto com os fenícios, foram os grandes disseminadores da olivicultura pelas margens do Mar Mediterrâneo e Negro ao longo dos séculos VIII a VI A.C. Quer fosse por seus assentamentos estabelecidos, quer fosse pelo comércio.
Abaixo um mapa específico nos reporta a colonização grega ao longo do Mar do Mediterrâneo e Mar Negro no século VII
Onde fica a Grécia
Grécia fica ao sudeste da Europa e com isso uma posição estratégica de interseção entre a Europa, Ásia e África. O Oriente Médio também é facilmente acessível a partir da Grécia. A região conhecida como Anatólia, ou “Ásia Menor” fica do outro lado do Mar Egeu a leste.
Como Estado unificado e independente, a Grécia somente foi reconhecida no meio do século XIX, mas, como já vimos, sua área de influência nos tempos antigos foi muito maior
Olhando mais de perto…
A Grécia continental e todas suas ilhas estão totalmente dentro da zona clássica para a olivicultura, ou seja: entre os paralelos 30º e 45º, no caso Norte. Com a vantagem de ter um solo “vulcânico” com o qual as oliveiras se adaptam bem.
Um pouco mais sobre a Grécia
O começo e formação da identidade
A Grécia existiu muito antes de ser um território unificado com sua parte continental e centenas de ilhas (cerca de 1.400, das quais 227 são habitadas). O legado de sua cultura estende-se de uma maneira tão profunda que é considerada o berço da civilização ocidental. Alguns de seus legados são a democracia, filosofia ocidental, jogos olímpicos, literatura ocidental, historiografia, ciências políticas, princípios científicos e matemáticos, artes cênicas e plásticas, etc. Na maioria das vezes a influência de tão absorvida que passa desapercebida.
As evidências mais antigas de um povo sedentário vêm de Creta através de artefatos do período Neolítico. Os restos dos materiais das comunidades agrícolas datam aproximadamente 7.000 A.C. Hoje sabemos, através de estudos de DNA, que os fundadores da Anatólia, atual território turco, são de origem grega.
Principais povos formadores do grego atual
A origem da civilização grega advém de vários povos que forma se estabelecendo, confrontando-se e fundindo-se. Os principais foram:
Civilização Minoica (minoana ou mínia) – Origem na ilha de Creta entre 2.600 e 1.450 A.C.. Essa civilização já praticava o comércio marítimo e provavelmente foi os primeiros disseminadores gregos da olivicultura.
Civilização Micênica – Origem no Continente – península do Poloponeso – 1.600 a 1.100 A.C..
Outros povos posteriores como eólios, jônios e dórios somaram-se posteriormente a formação do povo grego.
Período Homérico
Após a chegada dos povos eólios, jônios e dório a região entrou em um processo que muitos chamam a idade das trevas gregas (1.100 a 800 A.C.). Apesar desse período também ser conhecido como Homérico (Homero de 928 a 898 A.C.) foi um período no qual a escassez de recursos, diminuição da população, dissolução de diversos povoados, inclusive com a perda do conhecimento da escrita, reestabelecido apenas depois de 800 A.C. Nesse período formaram-se os GENOS – exploração de famílias de uma ancestral comum para exploração da Terra.
Período Arcaico
Entre os séculos VIII e VI A.C. ocorreu um forte crescimento político e social, inclusive com a retomada da escrita. Também se observou o desenvolvimento do modelo de democracia. Também forma construídos os primeiros templos baseados em construções da civilização micênica.
A junção de GENOS iniciou a formação das POLIS (Cidades Estado) com suas leis e governo próprios, apesar das semelhanças culturais refletidas na arquitetura e estabelecimento das ÁGORAS (praças públicas) onde a vida social girava em torno com comércio, assembleias, julgamento de criminosos, jogos, competições, rituais religiosos e festivais artísticos. Esses últimos deram origem ao “Teatro Grego”. As maiores POLIS forma Atenas e Esparta, que serviram de modelo a outras POLIS. A principal diferença entre as duas foi a “abertura” de Atenas que passou por várias formas de governo: monarquia, oligarquia, tirania e democracia. Enquanto Esparta se manteve fechada como uma cidade agrária e aristocrática.
Período Clássico
O Período Clássico, do século V ao IV A.C., foi marcado pelo desenvolvimento dos modelos políticos de Atenas e Esparta. Em Atenas se instalou a democracia aristocrata, já Esparta implantou a oligarquia militarista. Nesse período, após as Guerras Médicas, entre cidades gregas e a Persa (atual Irã), Atenas passou a liderar diversas POLIS, coincidindo com um período de prosperidade econômica e esplendor cultural grego.
Também se desenvolveram a filosofia, teatro, escultura e teatro. Nesse período viveu Sócrates (470 a 399 A.C.) considerado o “pai da filosofia” por sua importância, apesar de não ter sido o primeiro. O primeiro teria sido Tales de Mileto (625 a.C. – 558 a.C.), que viveu em Jônia, atual território Turco.
O começo do fim
As grandes civilizações sempre encontram um jeito de decaírem. No caso da Grécia foi a incapacidade de unificação com as duas grandes Polis da época, Atenas e Esparta querendo assumir o controle.
A ameaça Persa, atual Irã, havia criado a Liga de Delos, cujo objetivo era angariar recursos para aquisição de material bélico e treinamento de sua força militar. Como Atenas passou a ser a principal beneficiária em detrimento das demais pólis, Atenas estava se tornando o centro político, econômico e cultural da Grécia. Esparta não gostou…
A insatisfação de Esparta fez com que ela criasse outra liga, chamada de Liga do Peloponeso.
Em 431 a.C. iniciaram-se os combates onde havia a soberania de Atenas no mar e da parte de Esparta na terra.
Após 10 anos de combate, em 421 a.C., foi assinado um acordo de paz que deveria durar 50 anos (Paz de Nícias).
A paz durou 8 anos. Mais 9 anos de combate, Atenas seria derrotada na batalha de Egospótamos em 404 a.C..
Essa derrota custou, provavelmente, a continuidade de um processo de unificação, onde várias conquistas de Atenas ruíram, dentre elas a democracia.
Disseminação da cultura grega
A disseminação da cultura ao oriente ocorreu através das conquistas de Alexandre da Macedônia (O Grande). Sim! Era grego. Para saber mais veja: Oliveiras pelo mundo: Macedônia do Norte (северна македонија) – OLIVAPEDIA.
Para o ocidente a responsabilidade coube aos Romanos, que foram influenciados por sua cultura absorvendo influências nas artes e arquitetura.
Ironia histórica
A lendária cidade de Tróia, mais uma das muitas “pólis” dos gregos, situava-se onde é o noroeste da Turquia e passagem entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Negro.
A partir da Ilíada de Homero, surgiu a lenda de que os fundadores de Roma teriam sido descendentes de fugitivos de Tróia: Enéias e seu pai, um primo de Príamo – Rei de Tróia. Os descendentes de Eneias, conhecidos como Rômulo e Remo, filhos de Marte (deus romano) e de Reia Sílvia, seriam os fundadores. teriam fundado Roma. Séculos depois Roma dominaria os territórios Gregos em uma histórica ironia.
Exemplo de influência no Brasil
São muitos, mas talvez o maior e menos conhecido seja a origem do nome do Rio Amazonas. O rio recebeu esse nome por conta de um relato de um explorador espanhol, que relatou ao rei a existência de uma tribo com feroz guerreiras, a tribo Icamiabas, comparando-as às míticas guerreiras amazonas, gregas, que eram lideradas pela rainha Pentesileia.
Estado grego atual
Apenas no meado do século XIX a Grécia foi reconhecida um Estado unificado, mas não antes de 9 anos de guerra conta o Império Otomano (Turquia). Ainda assim apenas depois do apoio da França, Inglaterra e Rússia.
Contar todas as histórias da Grécia do passado e sua cultura demandaria mais do que uma publicação inteira, e mais provavelmente um blog apenas para o tema. Longe se vai o filme “Casamento Grego” (My Big Fat Greek Wedding), onde o patriarca, Gus Portokalos – encenado por Michael Constantine, afirmava que TUDO derivava da cultura Grega, será que não?
Território e População
Seu território tem 131.957 km², área um pouco menor que o estado do Ceará no Brasil.
Dados sobre a população em 2021
Ou seja, a densidade demográfica é de 78,59 habitantes por Km². No Brasil é em torno de 25 habitantes por Km².
Como todo país “desenvolvido” a taxa de nascimento é inferior a de mortes, logo apresenta a previsão de crescimento populacional da seguinte forma:
Voltando as oliveiras…
Uma das mais antigas oliveiras do mundo
Na ilha de Creta, não por acaso mesma ilha de uma das primeiras civilizações que deram origem ao povo grego Civilização Minoica (2.600 a 1.450 A.C) existe uma oliveira com idade estimada entre 3.000 e 5.000 anos. É conhecida com o nome de ‘Vouves Olive Tree’ (Oliveira Vouves) e ainda produz azeitonas muito valorizadas regionalmente.
São várias oliveiras milenares na Grécia, mais um lindo exemplo é a gigante da ilha de Corfur:
Para saber mais sobre:
– Como medir idade das árvores: Como calcular a idade de uma árvore (dendrocronologia)? – OLIVAPEDIA
– As oliveiras mais velhas do mundo: As Oliveiras “mais velhas do mundo”!!! – OLIVAPEDIA
Origem da olivicultura na Grécia
As considerações abaixo são semelhantes a considerações também feitas na publicação Oliveiras pelo mundo: Macedônia do Norte (северна македонија) – OLIVAPEDIA. E são ainda mais simples de entender, pois ao passo que parte da antiga Macedônia fazia parte do que hoje é a Grécia, o extremo oeste da Anatólia, ou Ásia Menor, era povoado pelo POLIS gregas. Inclusive Troia ficava ao noroeste desse território, atual Turquia.
Mas ainda assim, considerando:
- O cultivo das oliveiras começou na região chamada de “Ásia Menor”, ou “Anatólia”, veja nossa publicação “Origem da cultura das oliveiras“
- Domesticação da Oliveira Silvestre começou há mais de 6.000 anos;
- O registro de início das civilizações, ou “países-estados”, na região começou a pouco mais de 2.800 anos;
- Desde da Civilização Minoica (2.600 a 1.450 A.C.) o comércio marítimo já era praticado na região;
- Várias ilhas da atual Grécia estão a menos de 7Km de distância do território turco (Anatólia), logo mesmo antes do início do comércio grego pela Civilização Minoica, a troca de produtos entre as regiões era possível e provável.
Conclusão: Tão imprecisa é uma data para o início do cultivo das oliveiras, quanto a cultura ter se disseminado para a Grécia.
Onde estão as oliveiras da Grécia?
Um resposta simples seria: Em todos os lugares possíveis.
A olivicultura está presente quem quase todo o território grego, exceto nas regiões mais escarpadas. Ao lado as regiões com oliveiras estão em verde abaixo à esquerda.
Uma olhada rápida na próxima figura, abaixo à direita, fica claro que os únicos locais sem oliveiras são os terrenos muito acidentados.
Cultivares (“variedades”) da Grécia
Grau de importância
Considerando a história da Grécia com a olivicultura, bem como a “pequena extensão de terra própria ao cultivo” é de se considerar que muitos cultivares foram extintos ao longo dos milênios. Hoje são 52 cultivares registrados, divididos da seguinte forma:
Lembrando: O grau de importância “1” confere a oliveira maior importância nacional, com forte exploração. O grau “2” refere-se a cultivares com importância mais regionalizada. Já os graus “3” e “4” são para variedades pouco conhecidas e muito específicas de uma região. No caso do “4” muitas vezes encontram-se indivíduos apenas na natureza de forma selvagem, ou em viveiros sem exploração comercial.
Quanto a principal destinação das azeitonas
Toda azeitona pode ser consumida como “azeitona de mesa”, bem como virar azeite. Contudo devido as características de cada cultivar de drupa, existe uma destinação mais comum.
Cultivares da Grécia
Abaixo apresentamos uma relação de 52 cultivares, com seus graus de importância, sinônimos (inclusive nome atribuído erroneamente) e referência de principal uso.
Observação: Como essa é uma edição especial, caso queira baixar essa tabela é só dar um clique que a mesma será aberta em outro programa de seu computador.
No caso do principal uso, complementamos a informação prestada pela OLIVAPEDIA até então, gerando uma proporção de referência para uso de um cultivar. Por exemplo:
Significa que o cultivar “Amigdalolia” tem referência de 40% na literatura de uso como azeite, e 60% em conserva. NÃO significa que 40% da produção de azeitonas sejam destinadas a produção de azeite. Essa referência serve como uma indicação de como o cultivar é conhecido. No caso de cultivares só com a letra “M”, por exemplo, significa que não foi localizado literatura que indicasse a produção de azeite com o cultivar.
Tabela geral
Além dos 52 cultivares acima, levantamos mais 3, contudo sem conseguir dados relevantes. São eles Maronias, Petrolia Serron e Pierias.
O restante dessa publicação é exclusivo para Patronos da Olivapedia. Clique AQUI. Lá falaremos sobre os principais locais dos cultivares de maior destaque, exemplos de utilização da olivicultura, fotos exclusivas, área cultivada e sua evolução, informação sobre produção e consumo de azeitona em conserva e azeite (com gráficos), e muito mais.
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