Estávamos iniciando uma nova publicação sobre oliveiras muito antigas, estima-se que algumas tenham mais de 3.000, ou ainda 5.000 anos, mas a pergunta que surgiu foi: como isso é medido?
Bem, na tentativa de responder a essa pergunta, ao menos parcialmente, preparamos essa publicação.
Idade das árvores em geral
A forma mais precisa para se medir a idade de uma árvore é contando-se os números de anéis formados em seu tronco ao longo dos anos. Mais ainda: devem ser contados os anéis na base do tronco, na parte mais baixa da árvore, ou no máximo a 1,4 metro do chão.
Cada anel é um ano, um ciclo de desenvolvimento da árvore. Existem algumas variações pouco perceptíveis em troncos redondos e principalmente em climas temperados. Algumas árvores de clima tropical, sequer é possível observar os anéis.
É importante observar que a contagem dos anéis começa pela medula, primeiro disco, quase apenas um círculo cheio, no meio do tronco.
No caso do exemplo acima, vemos que do tronco principal surgiram outras “medulas” que geraram uma ramificação do tronco.
Observação: Foi ninguém menos que Leonardo Da Vinci que primeiro observou, ou registrou, essa característica do crescimento das árvores.
Como os anéis são formados?
À medida que a planta cresce, o diâmetro de seu tronco se expande, verticalmente e no sentido do raio, na largura. Durante a estação de crescimento, ele é mais rápido, e madeira formada é mais clara. Na estação mais fria, onde o crescimento desacelera e a madeira se torna mais densa e escura.
Outras informações que os anéis podem fornecer
A largura de um anel provavelmente representa um ano muito chuvoso, assim como o contrário provavelmente representa um ano muito seco. Ou ainda em locais com clima muito frio, podem significar épocas anos de frio mais e menos intenso.
As queimadas também podem estar representadas em marcas entre os anéis.
Problemas com esse método para as oliveiras
De uma forma geral, são três os problemas:
O primeiro é que nem todas as árvores apresentam os anéis de forma clara, principalmente as que crescem em zonas tropicais, pois os invernos são atenuados. Mas isso não é um problema para as oliveiras.
O segundo é que para contar os anéis é preciso que a árvore tenha sido cortada próximo a base. Não seria muito bom matar uma árvore com mais de 1.000 só para saber sua idade…
O terceiro problema é muito acentuado nas oliveiras, é o formato do tronco: irregular e muitas vezes torcido. Como a contagem é feita a partir do meio para a extremidade, e quase sempre é impossível definir o meio do tronco de uma oliveira muito antiga, esse método é quase inútil. Essa dificuldade faz com que a madeira da oliveira seja extremamente bonita.
Soluções para aplicação do método com as oliveiras
Ao primeiro problema não cabe solução, pois não afeta a medição da idade das oliveiras.
Ao segundo problema são apresentadas algumas soluções:
1 – Utilização de um “Trado de Pressler” ou “Trado de Incremento”, que funciona como um “saca-rolhas” que retira da árvore uma amostra do interior da árvore, entretanto sem grande sacrifício para árvore.
O problema com essa técnica é a dificuldade de se localizar a medula de uma oliveira devido a sua complexidade estrutural. Pior ainda quando devido a extrema longevidade da oliveira, a mesma tem o tronco com uma grande parte oca no seu interior.
Obs.: Os furos devem ser fechados com cera de abelha ou fungicida (calda bordalesa, por exemplo).
2 – A segunda solução, ainda para o segundo problema, é a comparação de entre duas árvores na mesma região do mesmo cultivar, com o mesmo diâmetro externo, contudo uma deverá estar cortada. Ou seja: considerando que ambas estiveram sujeitas as mesmas condições de clima, drenagem da terra, nutrientes, etc.. É provável que ambas tenha a mesma idade, ou próximas.
Mas tanto a solução 1 quanto a solução 2 não são boas ou assertivas para as oliveiras. A segunda é ainda pior, pois considera o corte de uma árvore antiga.
Uma variação da segunda solução mais complexa
Existe uma variação ao método de comparação que torna possível a comparação da idade de uma árvore viva, sem fazer furos. Contudo como envolve várias considerações, estimativas e cálculos, o mesmo pode levar a uma margem de erro bem maior. Em resumo:
- Medir o diâmetro da árvore que quer se obter a idade a uma altura de 1,4 m. Em terrenos irregulares deve-se obter achar o local de uma altura média.
- Através da fórmula “Perímetro = 2 x Pi (3,141516) x r (raio)”, obter-se o raio e em seguida reduzindo a espessura da casca da árvore. Obs: Aqui mais uma vez temos o problema da irregularidade dos troncos das oliveiras antigas.
- Através de árvores próximas, mortas, ou a se sacrificar, verificar a média de anéis por uma unidade de medida (centímetro, decímetro…).
- Utilizar essa média para estimar a idade da árvore em questão.
Uma forma mais empírica de realizar essa medição, seria através do conhecimento da taxa de crescimento da espécie – cultivar na região, considerando a medida tomada de seu tronco.
Métodos mais sofisticados
Laser
A utilização de instrumentos de medição a “laser” e outros, muitas vezes chamados de “Dendrômetros” é uma forma mais precisa de realizar medições externas. Existem citações de árvores cujas idades foram definidas “a laser”. Certamente a medição da altura e diâmetro forma muito mais precisas que a feitas com fita métrica, contudo ainda dependem de inferências comparativas para definição da idade.
Carbono 14
Listamos aqui esse método apenas para sanar a dúvida de que se lembre que ele existe. Entretanto não serve para datar a idade de um ser vivo, e ainda apresenta limitações quanto a idade máxima a se verificar (40 a 50 mil anos). Todo ser vivo possui o isótopo do carbono com peso molecular (prótons e nêutrons) igual a 14, contudo após a morte, e ao longo do tempo, vai “desaparecendo”. O quanto “resta “ desse material pode definir com alguma margem de segurança o tempo em que o ser vivo morreu.
Observação: Para datação de seres mais antigos, como por exemplo dinossauros, que estiveram na terra a milhões de anos atrás, existem outros métodos baseados em isótopos de radiação como argônio ou potássio.
Exemplo de outro método
Existem outros métodos para se determinar a idade de uma árvore, contudo não se aplica as oliveiras.
Um exemplo é a medição de radioisótopos, mas para tanto seria necessário que fosse possível localizar o cerne da árvore, o que nas olivieras com algumas centenas de anos é impossível.
Outro exemplo é através do número de verticilos (local do tronco onde são lançados vários galhos). Cada verticilo representa um ano de crescimento, contudo serve apenas para coníferas e com precisão apenas para árvores relativamente jovens.
Conclusão?
A medida precisa de árvores muito antigas e com crescimento irregular é muito difícil. Muito tem a ver com as referências históricas, como por exemplo no monte das oliveiras, atualmente controlado por Israel, e o jardim localizado em seu sopé “Getsêmani”, nome oriundo do aramaico, que significa “prensa de azeite”. Segundo o evangelho, Jesus teria várias vezes orado naquele local. Segundo registros locais, as árvores mais antigas remontam desse período. Logo podemos considera-las com pelo menos 2.030 anos.
Logo a experiência e análise da árvore e demais oliveiras do em torno, bem como relatos históricos, levam a definição da idade provável da árvore.
Na publicação “Oliveiras Muito “Velhas””, consideraremos as idade indicada por cada localidade, mesmo que possa representar um pouco de bairrismo…
Deixe seu comentário