Introdução
Em junho de 2018 Olivapedia publicou um estudo sobre a olivicultura no Brasil.
Imagem da publicação
Oliveiras pelo
mundo: Brasil
Passados pouco mais de 5 anos, recebemos pedidos de atualização, o que acreditamos ser uma tarefa difícil, mas prometemos o máximo de empenho na empreitada.
Essa primeira publicação se dedicará a mostrar a evolução da produção de azeitonas e azeite até o ano de 2017, da melhor forma possível, partindo de 2012.
Maiores dificuldade
Sem justificar previamente pelo material produzido, indicamos parte das nossas dificuldades:
– MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)
Não retorna qualquer informação. Sem entrar na esfera política. Entendemos que essa é uma situação comum nos órgãos públicos onde os funcionários esquecem a razão de existirem. Fomos direcionado a Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Secas (ABNC), que absolutamente não é relacionado a olivicultura.
– ASSOOLIVE (Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira)
A organização com maior prestígio e associados na Mantiqueira – MG fez sua última postagem no ano de 2017.
– EMBRAPA
Foi consultada, mas além dos números “grande escala”, o retorno obtido foram links sobre a notícias de qualificação de laboratórios para análise do azeite, informes técnicos e outros. As informações passadas pela EMBRAPA serão utilizadas no devido momento nessa série de publicações. De qualquer forma a funcionária que nos retornou o fez rapidamente e de maneira simpática.
– IBGE
Apesar de alguns problemas, é a mais completa fonte de informação que temos para olivicultura no Brasil. Provavelmente falta de maturidade nos processos de obtenção dos dados nesse campo específico. Mesmo com todo o esforço do Instituto, faltam muitas informações e outras são levemente conflitantes, mas nada que afete significativamente a interpretação de evoluçao do segmento.
No exterior
– FAOSTAT (FAO – Food and Agriculture Organization of United Nations – “Organização para Alimento e Agricultura das Nações Unidas”)
Não acompanha a colheita de azeitonas, nem a produção de azeite no Brasil. Certamente por falta de um relatório do governo para alimentar sua base.
– IOC (International Olive Council)
Organismo ao qual países como Argentina e Uruguai já são membros desde 2016 / 2017. Não reporta quaisquer dados de produção do Brasil, exceto sobre azeitona em conserva com valores pouco confiáveis somente até 2007-8.
Observação: Se obter informação de produção de azeitona colhida e azeite já é uma tarefa difícil. Obter informação de azeitonas em conserva é “praticamente” impossível. Entendemos que essa atividade, bem como a produção de outros derivados da azeitona ainda seja realizada de forma artesanal.
Conclusão para fontes e métodos
Daremos seguimento aos estudos considerando os dados disponibilizados pelo IBGE. Os dados considerados serão os valores mais “frequentes” ou ponderando as variações em função frequência e proximidade de outras fontes. Também serão utilizados dados divulgados pela mídia, mesmo que não sejam “exatos”.
Esperamos também contar com diversos produtores que estão sendo abordados.
Observação: As pesquisas em site de “Inteligência Artificial” tem se demonstrado com muitas incoerências.
Período anterior ao estudo proposto de 2012 a 2023
A primeira extração oficial de azeite no Brasil ocorreu em 2008 tendo a EPAMIG como responsável por essa extração em lagar com capacidade de processamento de 100Kg por hora. As azeitonas foram oriundas do campo experimental existente desde 1970. As oliveiras, em sua maioria eram as trazidas pela família de Emílio Ferreira dos santos em caroços de Portugal na década de 1930. Para saber mais: Oliveiras Pelo Mundo: BRASIL – OLIVAPEDIA.
Retroagindo um pouco mais, as primeiras tentativas de produção surgiram nos anos 1950 em Campos do Jordão (SP) e Uruguaiana (RS), mas não foram adiante e viraram mato, literalmente. A Empresa de Pesquisas Agronômicas de Minas Gerais (Epamig) recolheu as variedades sobreviventes e iniciou um trabalho de pesquisas de campo que identificou a Serra da Mantiqueira como território fértil para as azeitonas.
A Epamig é ligada a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, e mantém em Maria da Fé – Cidade do Sul de Minas Gerais seu lagar, estudo com vários cultivares, bem como a venda de mudas, para maiores informações: (35) 3662-1227 – email: [email protected]. Visite o site: https://www.epamig.br/.
Na publicação Oliveiras Pelo Mundo: BRASIL – OLIVAPEDIA, que foi ao ar em 05 de junho de 2018, damos uma visão mais detalhada como a olivicultura foi sendo implantada aos poucos no Brasil.
Pequeno resumo de 2008 a 2011
2008 – Primeira extração de azeite de olivais da EPAMIG em Maria da Fé, sul de Minas Gerais. Não há registro da quantidade de azeitonas utilizadas na extração e o volume obtido de azeite, muito menos sua qualidade.
2009 – Área destinada a colheita: 6 hectares (Ha), contudo sem a área efetivamente colhida, nem produção. Todos 6 Ha foram registrados como estando no RS.
2010 – Não há qualquer registro sobre área planta, colhida ou produção.
2011 – Nesse ano a produção começa a ter melhores registros, e a área de colheita e quantidade produzida coincide com os números do Estado do Rio Grande do Sul.
Observação: É claro que os olivais conforme foram sendo implantados e explorados, não foram devidamente registrados. Apesar da “pequena produção” de 77 toneladas, ela representa um volume que foi paulatinamente obtido com esforço e tempo.
De 2012 a 2017
Importante: Ás áreas citadas abaixo em cada ano são relativas a colheita, o que, normalmente, é bastante inferior a área de cultivo, principalmente no período de implantação do olival. Por exemplo, em 2019 a EMBRAPA informa que área plantada era de 4,5 mil hectares em 2019 (Kist et al., 2019), contudo visando estatística de produção, a área considerada foi a de colheita com 904 hectares.
2012
Começam a surgir os números de produção do Estado de Minas Gerais.
Azeite 2012: De acordo com a Embrapa foi a primeira produção comercial de azeite de oliva no Brasil, sendo obtidos 16.600 litros, ou aproximadamente 15.272 Kg.
2013
O ano é reportado como ocorrendo colheita apenas em MG e RS. O Rio Grande do Sul perdendo produtividade, normal devido a bianualidade das oliveiras, mas apostando da área plantada, o mais a frente veremos que trouxe resultados substanciais.
Azeite 2013: De acordo com o site UOL economia, o produtor Olivas do Sul obteve 15.000 litros de azeite no ano. O volume é maior do que o da soma de todos os outros 30 produtores de azeite da região Sul, que, juntos, fabricam cerca de 10 mil litros em 2013. Porção mineira da Mantiqueira: A estimativa do pesquisador Luiz Fernando Oliveira, da Epamig, é de que em 2013 em Minas Gerais tenham sido produzidos 5.000 litros por 70 produtores da região.
Ainda de acordo com o site UOL economia, mais sobre a Olivas de Sul: O produtor fica no município de Cachoeira do Sul, e o seu ressponsável é o sr. José Alberto Aued. Segundo sr. Alaberto em 2011 obtiveram cerca de 16,6 mil litros do produto. Em 2012, teriam sido atingidos 25 mil litros, mas o volume caiu neste ano para 15 mil litros, devido à seca na região, que diminuiu a produção de azeitonas.
2014
Nesse ano o estado de São Paulo entra nas estatísticas, e apesar de ser reportada com uma produção pequena e área de colheita menor ainda, ou seja: ocorre uma distorção nos dados onde figura uma produtividade de 6 toneladas por hectare colhido, algo obtenível somente em olivais intensivos e superintensivos.
A alta produtividade dos olivais de São Paulo continuará a ser reportada nos anos seguintes, contudo em números mais modestos.
Azeite 2014: Sem informações confiáveis.
2015
Consideramos esse ano uma confirmação dos firmes propósitos dos olivicultores em darem andamento e crescimento da cultura. Isso porque foi o ano da maior queda de produção até então registrada, justamente momento em que ocorria um significativo aumento da área colhida. A queda da produtividade (Ton/Ha) continuou até 2016, assim como o aumento da área destinada a colheita. O aumento da colheita em novos olivais faz com que a produtividade caia, contudo veremos que a aprtir de 2017 em diante, com a maturidade das técnicas de plantio, mesmo como o aumento significativo da área plantada a produtividade inicia um caminho de crescimento.
Azeite 2015: Segundo o Embrapa a produção mineira do azeite de oliva extravirgem foi estimada em 25 mil litros, ou 23 toneladas.
2016
Nesse ano o Rio Grande do Sul aumenta sua área de colheita em 86% aproveitando possuir as únicas áreas do país abaixo dos 30 graus sul. Vide: Plantio – Parte I: Requisitos do Local – OLIVAPEDIA.
Ainda em 2016, o estado de Santa Catarina figura na produção de azeitonas, e o estado do Espírito Santo aparece com 1 hectare de área colhida, contudo sem produção significativa.
Azeite 2016: De acordo com o jornal El País, o país produziu cerca de 15 mil litros de azeite em 2016.
2017
Nesse ano as informações sobre a cultura das oliveiras melhorou. Foram novos registros. áreas abrangidas, etc.. Marcou também o ano no a produção de azeitonas no Rio Grande do Sul que passou a ser mais da metade de toda produção nacional.
A Secretaria de Agricultura do estado do Rio Grande do Sul indicou que no estado em 2017 haviam 145 olivicultores em 56 municípios, totalizando uma área plantada de 3.464,6 hectares.
Observação: Dentro dessa série “Evolução da Olivicultura no Brasil”, haverá uma publicação dedica aos estados produtores.
Um breve resumo nacional é
- Área colhida – 771 hectares
- Número de estabelecimentos – 318 estabelecimentos
- Número de pés – 1.272 (x1000) unidades
- Quantidade produzida – 1.205 toneladas
- Valor da produção – 3.309,00 (x1000) R$
Algumas informações adicionais do IBGE para o ano de 2017
Os últimos quatro gráficos com dados do IBGE acima são dispares em alguns pontos com as informações do próprio IBGE. Contudo o cerne continua válido em ambas as fontes.
O IBGE ainda levantou o preço médio do quilograma da azeitona por estado
Azeite 2017: A olivicultura continuou crescendo com plantios comerciais no Sul e Sudeste do país. A produção brasileira de azeite em 2017 foi estimada em 96 toneladas. Uma nota técnica da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação – Câmara Setorial das Oliveiras indicou que em 2017 a produção de azeite no Rio Grande do Sul atingiu quase 58 mil litros, o que equivale a aproximadamente 54,8 toneladas.
Notas finais dessa publicação
Importante: Apesar de não acreditarmos que os olivais dos estados de Santa Catarina e do Espírito Santo tenham desaparecido, contudo o informado nessa publicação são dados obtidos por orgãos oficiais. As fontes pesquisadas: MAPA, IBGE, EPAGRI da Secretaria de agricultura do estado de Santa Catarina e SEAG – Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Estado do Espírito Santo não reportam qualquer informação sobre olivicultura nos Estados de SC e ES.
Tentamos contato com associações de produtores, contudo, infelizmente, parece que não tem estrutura de comunicação ou não podem passar as informações solicitadas. Continuamos na espera e torcendo.
Em 2023 surgiram ações em pró da olivicultura no estado do ES. Essas informações serão passadas mais a frente com a evolução sobre o tema que essa publicação inicia.
As próximas publicações continuaram dando um panorama do ano de 2017 e até 2023. Também falaremos sobre detalhes de cada estado produtor, municípios, prêmios e outros mais.
Até lá.
Deixe seu comentário