Continuação do “Acredite se quiser…

38 – A Itália é o país com o maior número de cultivares registrados. Tanto a Itália quanto a Espanha destacam-se dos demais países, sendo que a diferença já é muito sensível desde o terceiro colocado: França. Os números demonstram a importância da cultura durante o Império Romano, não apenas na Itália, como também na Espanha. Durante a ocupação do Império Romano na Espanha, a olivicultura recebeu um impulso enorme, tornando-se o principal território dominado no fornecimento de azeite ao Império. Esse “empurrão” resultou nos resultados que a Espanha detém por décadas: país com maior produção de azeite e azeitona de mesa do mundo.

distribution of cultivars by countries
Distribuição cultivares por países

Correção: O número de cultivares registrados na Grécia é de 52

39 – É de conhecimento de todos, a azeitona é uma drupa muito amarga devido ao seu baixo teor de açúcar (em  média 3%) e ao componente fenólico oleuropeína. Apesar disso existe uma variedade grega conhecida como Thrubolea, produzida principalmente nas ilhas de Tasos e Creta, cujo consumo em natura, do pé, é “possível”.

Thrubolea em diversos estágios de amadurecimento

40 – Oliveiras que não produzem olivas (azeitonas) podem ser uma vantagem! Para quem pretende apenas utiliza-las de forma decorativa, é possível escolher cultivares que não causarão transtornos a limpeza dos pavimentos e jardins. As variedades podem ser conhecidas em “Oliveiras Infrutíferas

41 – Caso as oliveiras sejam deixadas a própria sorte na natureza por longos períodos, mesmo tendo feito parte de um pomar cuidado, readquirem características de rusticidade típicas das variedades silvestres. Ou seja: “parecem” pular entre subespécies de Olea europaea sativa (forma cultivada) para Olea europaea sylvestris (forma selvagem).

42 – O ovo e a azeitona de mesa:
Em alguns locais, em especial na Espanha, na região de Málaga, as azeitonas depois de colhidas são divididas – cortas para facilitar o tratamento e colocadas em salmoura. A concentração de sal nessa salmoura é baseada no que é conhecido como “teste do ovo”. O teste consiste em fazer um ovo de galinha boiar na água com a adição gradual de sal no recipiente onde as azeitonas de mesa serão colocadas para tratamento.

43 – O cultivar Aloreña foi o primeiro com destinação a “azeitona de mesa” espanhola a receber DOP – Designação de Origem Protegida pela UE – União Europeia em 2012.

44 – Em regiões cuja a escassez de recurso ocorre de uma forma extrema, a extração do azeite ocorre de formas muito rústicas. Um dos métodos é colocar as azeitonas em grandes sacos de tecido natural ou sintético. As azeitonas sofrem uma enorme “surra”! Quando já estão bastante moídas, os sacos são espremidos a fim de que o óleo passe entre a malha e caia em uma vasilha. Última referência a esse método foi no Afeganistão durante as últimas guerras.

45 – Na antiga Grécia, as mulheres quando queriam engravidar, passavam longas horas a sobre de uma oliveira.

46 – O Azeite, ao contrário de outros óleos vegetais, é extraído de uma fruta e não uma semente. A palavra “óleo” vem do árabe “AZ-ZaiT”, que se referem ao suco de azeitonas. O termo “ouro líquido” para descrever o azeite de oliva foi criado a milhares de anos atrás. Hoje é um componente central da dieta mediterrânea, que é reconhecida mundo a fora como uma das mais saudáveis. Além disso, a dieta mediterrânea que foi declarada patrimônio cultural imaterial pela UNESCO em 2012.

Pirâmide do Mediterrâneo

47 – O azeite foi descoberto e começou a ser usado há milhares de anos na era clássica, quando várias civilizações mediterrânicas (fenícios, gregos e romanos) começaram a cultivar oliveiras e extrair suco das azeitonas. Mas foi na Grécia antiga, onde a Oliveira, sua fruta, e o azeite alcançaram a importância que se observa hoje. Não é coincidência que esses elementos apareçam representados em moedas representando a riqueza, ou em tumbas como símbolos da imortalidade.

Kotinos - Coroa de oliveiras

48 – Coroas de ramos de oliva foram mesmo dadas aos atletas durante os Jogos Olímpicos antigos. Além disso, os ramos eram cortados com uma faca dourada por um menino de 12 anos cujos pais ainda viviam.

49 – Durante os Jogos Olímpicos Antigos, os atletas esfregaram azeite em seus corpos: antes e depois da competição para se prepararem e manterem a forma. Um costume que sobreviveu com a passagem do tempo. Hoje, as massagens com azeite são muito comuns e tão importantes como no passado.

50 – A religião também ajudou a consolidar a Oliveira e o azeite na cultura popular. De acordo com a mitologia grega, foi o Deus (menor) Aristaeus o responsável pela propagação do azeite em toda a península balcânica, no mar Egeu e, mais tarde, Sardenha e Sicília. Então não é por acaso que ele lhe é atribuído, na mitologia, a descoberta do azeite e a invenção da prensa usada para extraí-lo.

51 – Durante o Império Romano, de 27 a.C. até 476 d.C., o uso do azeite expandiu-se em todo Mediterrâneo. Na Hispânia (o nome que foi dado a Espanha quando era uma província do Império Romano) apesar de já existirem oliveiras, a influência de “Roma” foi fundamental. O desenvolvimento ocorreu não apenas na área plantada, mas também na técnica de plantio e extração, bem como logística de transporte. A região de Jaén foi a principal beneficiada, e até hoje essa região é a maior produtora na Espanha. Da produção total de azeite no mundo, aproximadamente 50% vem da Espanha. E da produção espanhola, em torno de 30% vem de Jaén.

Distribuição da produção mundial de azeite em 2018

52 – Monte Testácio, que fica em Roma, é feito integralmente de ânforas utilizadas para o transporte de azeite a “Capital do Mundo”. Trata-se de meio milhão de toneladas de material cerâmico. O peso total dividido por 30 quilos – o peso aproximado de cada uma ânfora, resulta em um número estimado de 25 milhões de ânforas. Se multiplicarmos o número de ânforas por 70 quilogramas (massa transportada por cada uma), teremos 1.750.000 toneladas de azeite que foram transportadas a Roma apenas com essas ânforas. Dizem que o resíduo que ainda resta em Testaccio (Testácio) seria suficiente para sustentar a dieta de meio milhão de pessoas por 250 anos, mas por essa altura deve ser uma coisa pior que azeite lampante.

Monte de Ânforas
Monte Testácio – Roma – Itália Feito apenas de ânforas para transporte de azeite quebradas

53 – A oliveira é uma das plantas mais citadas na literatura. Na Odisséia de Homero , Odisseu rasteja sob dois brotos de oliveira que crescem de um único estoque.

54 – O poeta romano Horácio menciona em referência à sua própria dieta, que ele descreve como muito simples: “Quanto a mim, azeitonas, endívias e malvas lisas fornecem o sustento.”

Por enquanto é só. Caso você conheça alguma curiosidade relacionada a oliveira, seus frutos e o azeite, mande para nós e diga se quer que o seu nome seja citado.

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