Olá! Uma pequena reintrodução
Essa série de publicações “44 países produtores de azeite que você talvez não saiba…” não inclui produtores tradicionais como Espanha, França, Itália, Grécia e Portugal. Cada um desses países tem ou terão uma publicação própria. A ideia é dar uma visão da propagação da cultura pelo mundo. Divirtam-se.
Devido a profundidade que começamos abordar cada país, resolvemos ir complementando e ajustando a publicação conforme cada o material de cada país for ficando pronto, e em paralelo disponibilizando a patrocinadores a publicação completa de cada país. De qualquer forma tem bastante coisa para ler. Divirtam-se!
28 – Malta
Malta é um pequeno arquipélago “muito bem perdido” no meio do mar Mediterrâneo. Suas maiores cidades são Valletta, Sliema e St. Julian’s.
Até 1964 Malta fazia parte do Reino Unido, obtendo sua autonomia neste ano. Em 1974 tornou-se uma república, rompendo os laços finais com o Reino Unido em 31 de março de 1979 – Dia da Liberdade. Em 2004 foi aceita na União Européia, inclusive adotando o Euro.
LOCALIZAÇÃO
Como mencionamos, Malta está maravilhosamente “perdida” no meio do Mar Mediterrâneo. A apenas 93 quilômetros da Sicília na Itália.
Seu território de 312 Km² está entre os paralelos 35о8’N e 36о06’N, ou seja: Totalmente dentro da faixa considerada ideal para plantio de oliveiras (30о e 45о, tanto Norte quanto Sul).
Origem
Os primeiros registros de ocupação humana em Malta datam do Neolítico (12.000 a 3.000 a.C.). Nesse período temos os seguintes registros:
- – Indícios de cultivo de oliveiras na Ásia Menor (Irã e Palestina) e primeiros indícios de extração do azeite em 4.000 a.C..
- Registro das primeiras extrações de azeite no Egito por meios mecânicos, e utilização do azeite para iluminação de templos. Essa informação é contestada, pois nessa época as oliveiras talvez ainda não tivessem chegado ao Egito: 3.000 a.C.
- Extração de azeite no Líbano, Chipre e Creta. Em torno de 1.700 a.C ocorreu uma evolução na técnica de extração. As primeiras “prensas” de árvores apareceram em Ugarit (atualmente Ras Shamra, na Síria).
Sabemos que os Fenícios disseminaram a cultura por diversos países, por onde se fixavam ou simplesmente realizavam comércio. A civilização Fenícia teve seu início por volta do ano 2.300 a.C., e em 1.000 a.C. ocupou o arquipélago de Malta, logo provavelmente vem daí o início da olivicultura no arquipélago. Outra hipótese data a partir da ocupação grega que se iniciou em 736 a.C.
Cultivares
Cultivares autóctones, ou seja: nativos, são apenas 3 os registrados:
- San Blas – Azeite.
- Maltija – Azeitona de Mesa.
- Bidni – Azeitona de mesa e azeite.
Outro cultivar bastante difundido em Malta é a Leucocarpa, nativa da Itália, seu nome vem do Grego leukos(branca) e karpos(polpa).
Demais principais variedades são: Frantoio, Leccino, Carolea e Coratina italianas, e a Chemlali tunisiana.
Onde estão as oliveiras em Malta
Praticamente em todo Arquipélago e em especial nas duas maiores Ilhas: Malta e Gozo.
Existem programas para aumento da área plantada e produção de azeitonas, tendo com maior foco o azeite. Em 2014 haviam 9 lagares registrados no arquipélago.
Produção e Consumo de Azeite e Azeitonas
A produção de azeite e azeitona de mesa é mal reportada. O que localizamos foram relatórios da FAO sendo os resultados demonstrados abaixo:
Malta ainda não atingiu a auto suficiência na produção de azeite e azeitona de mesa e azeite, logo depende significativamente da importação, normalmente da Itália. Isso não significa que o azeite ou azeitona sejam italianos.
Conclusão
Apesar do consumo de azeite reportado por pessoa em Malta seu muito abaixo de países como Itália, Espanha e Grécia, o mesmo tem um lugar importante na culinária Maltesa. Mais até que o azeite, a azeitona, em especial a “Leucocarpa” (azeitona branca), figura em diversos pratos e tira gostos.
Há de se considerar também a retomada da atenção as oliveiras ocorridas apenas nas últimas décadas e principalmente após a saída do controle britânico sobre a Ilha.
CONCURSOS
O azeite de maior destaque internacional de Malta é o Ramla Valley Extra Virgin Olive, um blend de 75% coratina, 15% frantoio e 10% pendolino. Apesar de não ter participado de nenhuma edição do NYOOC – concurso que utilizamos como referência em nossas publicações, em 2016 o mesmo ganhou medalha de prata do IOOC, em 2018 bronze no London IOOC e ouro no mesmo ano pelo IOOC.
VEJA MAIS NO LINK PATROCINADO
OLIVEIRAS PELO MUNDO: MALTA
29 – Marrocos
Marrocos é um país que fica na costa noroeste do continente africano, fazendo fronteira a oeste com o oceano Atlântico, a norte com o estreito de Gibraltar – Espanha, a leste com a Argélia e ao sul com a região conhecida como Sahara Ocidental. Mais ao Sul está a Mauritânia.
Possui a quinta maior economia do continente africano. Seu território é de 446.550 quilômetros quadrados, mas reivindica mais 266.000 quilômetros quadrados de um território conhecido como Saara Ocidental. Hoje essa área é parcialmente administrada pelo Marrocos, pois a Espanha e a Mauritânia, querelantes do passado, abriram mão do território. Contudo um povo que habita a região, os “Sahrawi”, controle uma menor parte da região apoiados pela Argélia. A ONU também reconhece o direito dos Sahrawi de uma autodenominação.
A capital do Marrocos é a cidade de Rabate, contudo a maior Casablanca. Para os cinéfilos: é a mesma Casablanca do filme com Humphrey Bogard.
A área “oficial” do país fica entre os paralelos 27 ° 56′ e 35 ° 46′ norte, logo estando a maioria de seu território na “zona ótima” para cultivo de oliveiras (30 a 45 graus norte ou sul).
ORIGEM DA OLIVICULTURA NO MARROCOS
O Norte da África e o Marrocos foram lentamente atraídos para o mundo mediterrâneo, e a partir de 1.200 a.C. começaram a receber “visitas” dos Fenícios, grandes comerciantes do Mediterrâneo até o século VI a.C.. Os Fenícios estabeleceram colônias comerciais e assentamentos, e dentre os produtos comercializados estava as oliveiras.
É nesse ponto da história que as oliveiras são introduzidas no território conhecido hoje como Marrocos e em diversos outros locais como Tunísia, Líbia. Os europeus contestam ainda que as oliveiras tenham sido trazidas de fora, e não desenvolvida no próprio território. Mas a teoria ainda melhor aceita é a origem na Ásia Menor.
Outra teoria da conta que as primeiras oliveiras do Marrocos vieram através de colonizadores gregos na Sicília. Os colonizadores levaram a oliveira para a ilha e depois para o continente africano. Eventualmente, conforme as rotas comerciais se desenvolveram, a azeitona foi trazida para o oeste até o Marrocos.
CULTIVARES AUTÓCTONES – NATIVOS
Com a história “intensa” da formação do Marrocos, tendo sofrido invasões e disputas de tantas nações onde a cultura da oliveira fazia e faz parte do dia a dia, é mais que natural que um grande número de variedades se desenvolvessem. São 40 cultivares diferentes, o que é bastante representativo diante dos demais países, inclusive considerando a pequena extensão territorial.
OLIVICULTURA HOJE NO MARROCOS
Em 2017 o Marrocos possuía uma área de 1.020.569 hectares (ha) dedicados a olivicultura. Ou seja: 10.205,69 Km² de olivais. Isso representava 0,22% de todo o território do país.
Em 2019 o governo do Marrocos informou que a área já era de 10.700,00 Km² (1.070.000 ha), sendo a principal árvore frutífera cultivada no Marrocos. Representa 65% de todas as árvores do país.
Ao lado das oliveiras também crescem as árvores de Argan, uma noz típica de regiões muito secas, cujas raízes se aprofundam até 70 metros em busca de água. Utilizada para combate a desertificação.
Bem… A Oliveiras e nozes de Argan não são as únicas espécies na região…
PRODUÇÃO E CONSUMO DE AZEITE E AZEITONAS
A despeito da propaganda do governo que informa que o Marrocos é o quarto maior produtor de azeite do mundo, isso ainda não é uma realidade. Ocupa um honroso sexto lugar, atrás da Espanha, Itália, Grécia, Tunísia e Turquia.
AZEITE MARROQUINO EM COMPETIÇÃO
Mantendo como referência o NYOOC, o Marrocos atingiu os resultados:
VEJA MAIS NO LINK PATROCINADO
OLIVEIRAS PELO MUNDO: MARROCOS
30 – México
Na bandeira e no hino do México as oliveiras estão presentes.
"...Ciña ¡oh patria! tus sienes de oliva De la paz el arcángel divino Que en el cielo tu eterno destino Por el dedo de dios se escribió…
Em livre tradução:
“...Fixe ó pátria! seus templos com oliveira Da paz o arcanjo divino Que no céu seu destino eterno Pelo dedo de Deus estava escrito...”
O México é o país mais ao sul da América do Norte e o mais ao Norte da América Latina.
No território, entre 1800 e 300 a.C., começaram a formar-se culturas complexas, sob certos aspectos, mais desenvolvidas que as europeias. Algumas evoluíram para avançadas civilizações mesoamericanas pré-colombianas tais como: olmeca, teotihuacan, maia, zapoteca, mixteca, huasteca, purepecha, tolteca, e mexica (ou asteca). Essas culturas floresceram durante cerca de 4000 anos até ao primeiro contacto com europeus.
Os Astecas, em especifico, foram dizimados por Hernán Cortés entre 1519 e 1521. Na sequência o território passou a fazer parte do “Vice-Reino da Nova Espanha”. Somente em 1810 foi declarada a independência do País, e em 1824 proclamada como república.
Mas não se tratava de um país do tamanho que conhecemos hoje. Na época era maior que os Estados Unidos.
Movimentos de migração americanos, em princípio autorizados pelos mexicanos e as promessas de riquezas fizeram com que os EUA declarassem guerra (Guerra do México) e anexasse uma área imensa como punição ao México. O estopim foi a anexação do território do Texas em 1836 e anexação aos EUA. Ao final da guerra o México perdeu também as áreas conhecidas hoje como Novo México, Alta Califórnia (ou simplesmente Califórnia), Utah, Arizona, Nevada e o oeste do Colorado. Para mais detalhes veja a publicação da “Oliveiras pelo Mundo: Estados Unidos da América”. Inclusive lá contamos o que Don Quixote de Cervantes tem haver com o estado da Califórnia.
ONDE ESTÁ O MÉXICO
Dado as perdas territoriais ocorridas no século XIX, o México ficou reduzido a menos da metade do seu território original. Encontra-se aproximadamente entre os paralelos 14,97ºN e 32,70ºN.
Entre as latitudes 30º e 45º, onde as oliveiras apresentam melhor desenvolvimento, sobrou muito pouco território. A mesma faixa de latitudes também á a mais indicada no hemisfério Sul.
ORIGEM DA CULTURA
Falar da origem da cultura no México antigo, antes da “Guerra Mexicana”, é repetir a história das Oliveiras nos Estados Unidos da América. Melhor ainda: O que contamos na publicação sobre as Oliveiras nos EUA, na verdade aconteceu no México.
“As oliveiras foram introduzidas nos EUA logo após a fundação da Missão San Diego de Alcalá – no atual estado da Califórnia – em julho de 1769 . A missão era coordenada por frades franciscanos espanhóis liderados por Junípero Serra – que poderia ser considerado o patrono das oliveiras nos EUA…”
Vide mais em Oliveiras pelo mundo: EUA, ou em Oliveiras pelo mundo: México
Olhando apenas para o território atual do México, existe o relato de que em 1531 o Frei Martin de Valencia levou de Sevilha, Espanha, as primeiras mudas. Dessas iniciou-se a produção de azeite no México, coma maior ritmo no século XVII.
Semelhante ao que ocorreu no Brasil, a Espanha estava preocupada em ter um concorrente em sua colônia, que englobava o território hoje pertencente aos Estados Unidos. Em 1774, o rei Carlos III proibiu o cultivo da oliveira no México (toda colônia). Em 1777 foi ordenada a destruição de todas os pomares. Sobraram muitos poucos, mas que ainda produzem azeitonas.
VARIEDADES MEXICANAS
Nos EUA ao logo do tempo foram 9 variedades já citadas em nossa publicação “Oliveiras pelo Mundo: Estados Unidos da América”. Para o México ficou o reconhecimento e registro de 3 cultivares, todos de menor importância, localizados apenas em coleções particulares.
Além das oliveiras autóctones, encontramos no México os cultivares “adaptados” ao clima local. Na “Baixa Califórnia” são encontrados olivais das variedades Manzanilla e Gordal Sevilhana, que forma as primeiras variedades introduzidas visando a produção de azeitona de mesa. Posteriormente vieram as italianas Ascolana e Bourouni, também grandes e com muita polpa.
Para produção de azeite forma trazidas as variedades Arbequina (Espanha) e Pendolina (Itália).
Na região de Caborca forma plantadas variedades oriundas da Nevadillo (Espanha).
Ainda são encontrados olivais com Koroneiki – azeite (Grécia), Arbosana, Arbosana e Leccino(Itália). O grande mercado visado é dos EUA.
OLIVICULTURA HOJE NO MÉXICO
O México visa, além do mercado interno, o crescente consumo de azeite pelo seu rico vizinho, os Estados Unidos. Em 2010 a região da província de Tamaulipas, na parte nordeste do México, implantou uma unidade de processamento de azeite (lagar), mais especificamente na cidade de Tula. O projeto financiado pelo governo começou com a plantação de 700 hectares de oliveiras em 2004. Os planos eram audaciosos, ou seja: previam 10 toneladas de azeitonas por hectare! O lagar instalado, que custou 3,6 milhões de dólares tem a capacidade de processamento de 120 toneladas de azeitonas por dia. De fato nenhum lagar opera com a capacidade máxima por um tempo muito longo. Algumas interrupções operacionais são necessárias, mais ainda que fosse possível, já existiria um problema nos números apresentados. Seriam necessários 58 dias ininterruptos de processamento e colheita para dar conta de 7.000 toneladas de azeitonas.
Sabemos que a produtividade média por hectare no México fica longe das 10 toneladas, e o projeto iniciado em 2004 não conseguiu mudar isso.
A produtividade por hectare gira em torno de 3 toneladas por hectare.
Outra questão é a alegação da adequação do local a olivicultura. Quanto ao regime de chuvas tudo bem. Mas esqueceram de avaliar a temperatura ao longo dos meses. O histórico mostra que não está nem perto do necessário em termos de temperatura mínima que é de 200 horas abaixo de 12º Celsius por ano. Vide nossa publicação: “Plantio – Parte I: Requisitos do Local”.
Outro ponto cultural a ser vencido é a soberania da cultura do milho no México.
Produção e consumo de azeite e azeitona no México
Não localizamos valores para produção de azeite nos anos de 2015 a 2017 e 2019.
RESULTADOS EM CONCURSOS
Mantemos com referência os resultados do New York International Olive Oil Competition (NYIOOC).
NYIOOC | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | 2019 |
Participantes | 6 | 0 | 1 | 5 | 0 |
Prêmios | 3 | 0 | 0 | 2 | 0 |
Percentual de sucesso | 50 | 0 | 0 | 40 | 0 |
VEJA MAIS NO LINK PATROCINADO
OLIVEIRAS PELO MUNDO: MÉXICO
31 – Montenegro
É um dos mais recentes países reconhecidos pelas Nações Unidas. Talvez o mais antigo mais recente!
O nome do país vem de uma referência turca a montanha. Refere-se a cordilheira dos Balcãs estendendo-se até o Mar Negro.
ORIGEM DA CULTURA
A origem da olivicultura em Montenegro é tão difícil de se determinar quanto na Croácia e outros países da região. As oliveiras mais antigas de Montenegro remontam a mais de 2.000 anos. Estudos
LOCALIZAÇÃO NA FAIXA DE LATITUDE
Montenegro está quase totalmente entre os paralelos 42ºN e 44ºN. Ou seja: totalmente dentro da faixa de latitude ideal para olivicultura. Sua capital, Podgorica, está em 42°47′N 19°28′E.
CLIMA
Todo o país até a altitude de 500m recebe ventos advindos do mar Adriático, logo com influência costeira.
OLIVICULTURA HOJE EM MONTENEGRO
Em 2018 Montenegro era o 38º país com maior área de olivais – 142 hectares, e ocupava a 30ª posição em termos de ocupação de território (0,01014%), contudo entre 2006 e 2018 o aumento da área dos olivais colhidos foi quase de 3 vezes: aumento de 178%.
Segundo a FAOSTAT:
VISÃO GERAL DA AGRICULTURA
Considerando a topografia, e talvez devido a esta, existe uma significativa variedade de culturas, como por exemplo: cítricos (costa), legumes e tabaco (centro) e criação de ovinos (norte).
Oitenta e cinco por cento dos olivais estão localizados em terrenos muito inclinados, ou ainda nos sopés das montanhas de Orjen – Região de Kotor, Lovcen – Região de Cetinje e Rumija – Região de Bar. Ainda em Bar encontra-se o distrito de Valdanos com 80.000 oliveiras, protegidas por lei.
Em Luštica – Região de Herceg Novi – na costa norte os olivais totalizam 20.000 árvores. No mais existem oliveiras próximo ao lago Scadar e Podgorica. Nessa última região o plantio foi intensificado a partir de 2014.
A idade média das oliveiras em Montenegro está entre 150 e 200 anos, sendo que mais de 70% tem mais de 100 anos de idade.
CONSUMO E PRODUÇÃO DE AZEITE E AZEITONA
Montenegro importa parte de seu consumo, pois sua produção é deficitária. Segundo o IOC (Internacional Olive Council) , a produção mantém-se média de 500 Toneladas ano. Mas segundo a FAO esse número é menor.
As informações relacionadas a produção e consumo de azeitona, bem como importação não são muito claras para Montenegro. Contudo é certo que:
- O país importa azeite. Talvez 300 t por ano.
- A capacidade de produção de azeite do país é algo em torno de 2.000 toneladas por ano.
- Existe, timidamente, fazendas que produzem azeite orgânico.
- Apesar da população próximo a costa ter um consumo médio per capita, o consumo em média é baixo, em torno de 0,86 litros per capita por ano.
- O valor do azeite nacional em 2018 estava entre 8 e 15 euros o litro. Substancialmente mais caro que o dos países vizinhos.
- Em 2018 existiam 11 usinas tradicionais e 15 novas, já com o sistema de extração em duas fases.
CULTIVARES
Mesmo com o território tão pequeno, e menor ainda o agricultável, Montenegro tem registrados 9 cultivares. Desses nove cultivares, a dois também é atribuído o registro como sendo de origem na Croácia. Ou seja: dividem a nacionalidade desses cultivares de maneira. Isso ocorre pelo longo tempo da existência da cultura nesses países e proximidade geográfica e cultural.
Além dos cultivares autóctones são cultivados em proporção bem inferior, aproximadamente 5%:
- Picholine – França – Azeitona de mesa e azeite
- Coratina – Italiana – Azeite
- Leccino – Itália – Azeite
- Arbequina – Espanha – Azeite. Essa variedade vem sendo utilizada em olivais intensivos. O primeiro olival com 1 ha foi implantado em 2016.
PARTICIPAÇÃO EM CONCURSOS
Diante dos desafios de olivais antigos, muitos necessitando de podas severas, Montenegro vem evoluindo na qualidade de seu azeite, tanto quimicamente quanto organolepticamente. Apesar disso não observamos a participação de seus azeites em concursos.
PARA SABER MUITO MAIS, ACESSE O LINK PATROCINADO
OLIVEIRAS PELO MUNDO: MONTENEGRO
32 – Nepal
O Nepal é um país encravado no meio de montanhas entre a China ao Norte e a Índia ao Sul. Melhor dizendo: Entre o Tibet e a Índia. Por que da correção? Não há razão que faça entender a invasão da China, covarde, imperialista e sem razão do Tibet. O Nepal que se cuide para não ser invado pela China também.
Mas essa é uma questão para outro tipo de blog, desculpem meu protesto.
Onde está o Nepal?
Como já comentado, o país está incrustrado entre a Índia e o Tibet (China). Encontra-se no hemisfério oriental e fora das latitudes consideradas ideias para a olivicultura.
O país está praticamente quase todo dentro da faixa de latitude 26-30º norte.
Considerando a altitude do país, que em média é bastante elevada, possui condições climáticas adequadas a olivicultura. Inclusive com a maioria de suas encostas voltadas ao sul, o que é bom para um país do hemisfério norte – maior insolação.
São três regiões geográficas distintas: O Terai com altitudes entre 400 e 1000 metros; a região dos Vales, com altitudes entre 1.000 e 2.000 metros, onde está Katmandu e Pokara, e a região do Himalaia com altitudes superiores a 2.000 metros.
Visão geral do Nepal
O Nepal é um país pobre com atividade econômica centralizada na agricultura e turismo. Pequenas industrias complementam o faturamento do comércio exterior que é eminentemente agrário e de produtos artesanais.
Apesar da má distribuição populacional devido a sua geografia, abaixo uma foto de satélite da NASA mostrando seu relevo, o Nepal é o 40 º pais com a maior densidade populacional do mundo.
Bandeira Nacional
Ok! Eu sei que esse blog é sobre olivicultura, mas a bandeira do Nepal merece uma seção a parte. É a única abandeira do mundo que não é um retângulo nem um quadrado. São duas bandeirolas empilhadas de dinastias anteriores a posse do primeiro “primeiro ministro” em 1846. Possui todo uma simbologia cósmica que vale a pena ser conhecida.
Uma importante oliveira no Nepal – Olea Cuspidata (Oliveira Africana)
Antes de entrarmos em detalhes sobre a introdução da oliveira mais conhecida, com a qual produzimos azeitonas de mesa e azeite, a “Olea europaea L. oleaceae”, vamos conhecer uma pouco de uma “prima” que se tornou importante para olivicultura do Nepal. Trata-se de uma subespécie da Olea europae L.: a “Olea Cuspidata”. Existente em diversos países. No Nepal é conhecida como “Lotto” em Dolpa, “Launtho” em Bajura (distritos do Nepal). Como “Kahu” em Himachal Pradesh, Jammu e Caxemira (Estados de Uttar Pradesh na Índia).
Olea europaea africana, em alguns lugares como a África, Madagascar, Arábia e Índia é apreciada por seus frutos doces a amargos, tanto por pessoas quanto animais, com o qual também é produzido um pigmento. Com suas folhas também é feito chá. A madeira dura e castanho-dourada é usada para fazer mobílias e objetos de arte. Contudo em alguns lugares, como Austrália, é considerada como uma “praga”, pois:
- Invade as plantações
- Produz sombra densa e suprime plantas nativas do sub-bosque
- Altera permanentemente a diversidade de plantas em áreas de mata
- Também pode abrigar doenças e pragas de azeitonas comerciais
- O fruto não é considerado comestível.
Seu fruto não tem valor para alimentação humana, não produz azeite, contudo a proliferação ocorre de forma fácil através de aves e pequenos mamíferos.
Origem da olivicultura no NEPAL – Azeitona de “verdade”
A azeitona é conhecida no Nepal e territórios próximos (Jammu – Caxemira, Himachal Pradesh – Índia, e outros) como “Jaitoon” – uma transliteração do sânscrito, árabe, hindi e nepalês.
Durante os anos 1950, a azeitona da espécie “Olea europaea L.”, ou seja nossa conhecida oliveira cultivada, foi introduzida no Paquistão e na Índia. Nas décadas de sessenta e setenta, o governo do Himachal Pradesh (H.P.) – Índia estabeleceu plantações de oliveiras e lançou um dos principais programas de Olea europaea através da enxertia da Olea cuspidata (oliveira africana). Era uma excelente oportunidade devido à adaptação desta oliveira as condições existentes no Nepal.
Em 1975 o Programa de Cooperação Técnica da FAO / PNUD foi lançado para fornecer o suporte técnico necessário a longo prazo. Com o acordo bilateral entre Índia e Governo italiano entre 1984 a 1993, a Índia tem estendeu os olivais e unidades de extração de azeite em Himachal, Jammu e Uttar Pradesh. Por conta destes programas algumas oliveiras cruzaram a fronteira, provavelmente levadas por nepaleses. Mas não teria sido a primeira vez:
Em 1965 foram emitidos relatórios da pesquisa nacionais, inclusive pelo Jardim Botânico Real da HMG, Godawari (município no distrito de Lalitpur, em Bagmati Pradesh), citando azeitonas no distrito de Matyalo (Bajura). Ainda em áreas desmatadas e cultivadas ao longo do rio Karnali. Durante o levantamento, uma das árvores tinha 12 m de altura.
Em 1978 o projeto “Hill Agriculture Development Project”, conduzido por Israel, levou 3 variedades de oliveiras nos Centros de Horticultura localizados em Kirtipur, Jumla e Marpha. Foram:
- Nuovo (CastelNuovo) / Italiana
- Nabali (Nabali Baladi) / Palestina
- Manzanilla (Não sabemos qual dos 29 cultivares espanhóis que recebem como parte do nome “Manzanilla”)/ Espanhola.
A Himalaya Plantation Private Limited (HPPL) introduziu algumas cultivares de oliveiras de Himachal Pradesh (Índia) e da Itália em 1992. Estes foram plantados no distrito de Thaiba, em Lalitpur. A mesma empresa trouxe novamente cerca de 15 variedades da Itália, França e Himachal Pradesh, plantando 2.400 árvores na área de Chitlang, no distrito de Makawanpur, durante 1996 e 1997.
Em 1994 um projeto de desenvolvimento da horticultura, sob o apoio do Japan International Cooperation Agency (JICA, situado em Kathmandu – Nepal), dois cultivares forma introduzidos no Nepal, a saber: Mission e Rakka. Essas oliveiras foram plantadas no Centro de Horticultura de Kirtipur.
Em 1995, o então ministro da agricultura, Ram Chandra Paudel, importou mais quatro cultivares de oliveiras oriundas do Egíto. Duas egípcias: Toffahi e Hamed. Duas espanholas: Picual e Manzanilla.
Em 1998, o Projeto de Desenvolvimento da Produção de Azeitonas (TCP), apoiado pela FAO, introduziu 18 cultivares de azeitona oriundas do Banco Mundial de Germoplasma do Azeite de Cordaba, Espanha. Os mesmos foram plantados no Centro de Horticultura de Godavari, Lalitpur, tanto para a coleta de germoplasma quanto para o estabelecimento de um bloco de plantas matrizes.
Ainda em 1998 B.R, Dhakal e B.D., Karmacharya trouxeram da Síria três cultivares que forma plantados em Godavari, Ghasa e Juphal. Forma eles: Sorani, Zaity e Kaissy. Todos autóctones da Síra.
Em 2006 o Nepal recebeu 635 oliveiras da Itália dentro de um projeto da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). A área escolhida para plantio foi uma região remota e conhecida por possuir um “solo pobre para agricultura”. Mas sabemos que as oliveiras preferem esse tipo de solo. Foram 28 cultivares, sendo que as mudas estavam com aproximadamente 60 cm de altura, plantadas em 3 hectares ao lado do aeroporto de Kolti. Segundo B.R., Dhakal, gerente da FAO: “Comparado a uma plantação de maçãs, o cultivo de azeitonas é muito fácil. Não precisa de muita água ou terra muito fértil. Não é atormentado por insetos ou doenças”.
Hartmut Bauder
Somam-se como muitas as tentativas de introdução da olivicultura no Nepal. Contudo vale a pena ressaltar o trabalho realizado por Hartmut Bauder, um executivo alemão da BASF, que após a aposentadoria iniciou um projeto de implantação de olivicultura no Nepal, terra de sua esposa.
A paixão pelas oliveiras remontava de sua infância no Sul da França. Posteriormente conhecendo o Nepal, não entendi o porque a cultura não se fixava em uma terra com condições propícias.
Em 1995, Hartmut e sua equipe, transportaram 2.000 mudas de azeitona, estacas de bambu e outros materiais pesando cerca de 170 toneladas no total na nova plantação do Himalaia em Chitlang.
Eles então cavaram 2.000 buracos para as importações italianas e quando as monções atingiram e a água encheu alguns dos buracos que afogavam cerca de 100 árvores, eles abriram a terra novamente, desta vez criando canais de drenagem revestidos de pedra para cada planta.
Passados 15 anos, obteve uma média de 200 litros de azeite por ano, o que é uma produção muito pequena para pensar em exportar, ou comercializar em larga escala, logo Bauder começou a comercialização dentro do próprio Nepal a que escuta falar de sua iniciativa.
Ele também começou a vender árvores, juntamente com o treinamento. Um de seus mais recentes clientes é o Mosteiro Shechen, em Bouddha, que comprou 500 mudas em 2010. Khenpo Gyurme, do mosteiro, diz que um amigo de Hong Kong que comprou óleo de Bauder sugeriu que os monges começassem a cultivar oliveiras. Temos espaço e pensamos que seria bom para o meio ambiente e talvez também tenha um benefício financeiro”, disse ele.
Bauder é um apoiador do modelo de plantio ao redor dos mosteiros, a exemplo de diversos outros locais onde isso ocorreu. Entende que essa seria uma base sólida para o desenvolvimento da cultura no Nepal. Independente do formato, Bauder crê piamente que a oliveira é uma árvore ideal para o Nepal, contudo o estabelecimento deve ocorrer a longo prazo, ou seja: após 100 anos, estima.
33 – Nova Zelândia
Um dos países mais isolados do mundo, dada a posição no hemisfério, com um relevo fantástico que atrai turistas e produtores de filmes.
Dado ao seu isolamento, a fauna e flora se desenvolveram de forma ímpar. A Nova Zelândia se separou da atual Austrália e do supercontinente Gondwana em torno de 80 milhões de anos atrás, justamente quando as angiospermas – plantas com flores – começavam a se desenvolver. Nesse momento os últimos dinossauros ainda dividiam espaço na Terra como mamíferos primitivos e primeiros pássaros.
Significado da bandeira
O fundo azul representa o mar e o céu. As estrelas em formato de cruz lembram a sua localização que fica ao Sul do Oceano Pacífico. A bandeira pequena da Inglaterra relembra o domínio britânico no país.
Onde está a Nova Zelândia
A Nova Zelândia se encontra aproximadamente a 1.700 Km do Continente Australiano, mas apesar de toda essa distância, agravada por ser de mar – Oceano Pacífico (Mar de Tasman – Homenagem ao navegador holandês que primeiro reportou a existência das ilhas ao mundo “civilizado”), ainda assim é forte a influência cultural. Na olivicultura não poderia ser diferente.
A Nova Zelândia é um dos primeiros países a mudar de data, pois fica próximo a longitude 0º ou 360º.
É um país composto por ilhas que estão entre as latitudes 29° e 53ºS e longitudes 165° e 176°E. O território da Nova Zelândia é longo (mais de 1 600 km ao longo de seu eixo norte-nordeste) e estreito (largura máxima de 400 km), com cerca de 15 134 km de costa e uma área total de 268 021 quilômetros quadrados.
A maior parte do seu território encontra-se na faixa de latitude “ideal” a olivicultura no hemisfério Sul.
Relevo e Clima da Nova Zelândia
O fato de todo o território estar, de certa forma, próximo ao mar e ocupar uma pequena faixa de latitude, garante ao país um clima ameno e estável a maior parte do ano. No entanto o território da Nova Zelândia é bastante acidentado, logo as grandes diferenças de temperatura ficam por conta da variedade de altitude. Seu ponto mais alto é o “Aoraki-Mount Cook” com 3.754 m
Origem das Oliveiras na Nova Zelândia
As oliveiras foram levadas para a Austrália e Nova Zelândia por alguns dos primeiros migrantes europeus durante a década de 1830. Os bosques de oliveiras testemunhos dessa época, ainda existe de forma dispersa pelo território.
Em 1835, Charles Darwin citava oliveiras existentes em Waimate North, no extremo norte da Ilha Norte.
Da década de 1830 até 1986, a olivicultura permaneceu de forma espaça e muito voltada a atender as necessidades apenas dos responsáveis pelo seu cultivo. Entretanto, a partir de 1986 ocorreu a importação de mudas oriundas de Israel, tendo como destino Blenheim, na Ilha do Sul.
Evolução dos olivais
Posteriormente ocorreram importações da Austrália em uma onde crescente de interesse pela cultura e que culminou com a plantação de 200.000 árvores por todo o país, somente na década de 1990.
Contudo o entusiasmo não foi muito além, pois a falta de um retorno financeiro mais rápido fez com que alguns olivais fossem derrubados dando lugar a culturas mais rentáveis.
No caminho da aprendizagem, várias árvores também foram derrubadas por seus cultivares não se adequarem às condições de ordem edafoclimática: algumas regiões, especialmente aquelas com maior índice pluviométrico e estações de curta duração, eram inadequadas para a produção de azeitonas.
A última por meio de um programa de grande investimento.
Adaptação dos olivais
Uma adaptação importante foi a mudança para olivais de baixa densidade (tradicionais) para média e alta densidade (semi-intensivo e intensivo). A plantação de alta densidade, em sebe, exigiu maior profissionalismo e investimento em equipamentos adequados.
Hoje existem aproximadamente 400.000 oliveiras na Nova Zelândia.
Cultivares
Recentemente um aumento pelo interesse na olivicultura, especialmente no azeite, tal como ocorre em vários países pelo mundo, teve como consequência a importação de oliveiras principalmente do Mediterrâneo. Foram elas:
- Frantoio, Leccino e Coratina (Itália – azeite)
- Picual e Arbequina (Espanholas – azeite)
- Manzanilla (Espanhola – mesa)
- Hojiblanca (Espanhola – mesa e azeite)
- Koroneiki (Grega – azeite)
- Kalamata (Grega – mesa)
- Barnea (Israelita – mesa e azeite)
Cultivares Autóctones
São 9 cultivares desenvolvidos ao longo de 150 anos de olivicultura na Nova Zelândia. São ele:
Cultivar | Importância | Principal uso |
El greco | 3 | Mesa e azeite |
Fossil bay | 3 | Azeite |
J2 | 3 | Azeite |
J5 | 3 | Azeite |
One tree hill | 4 | Azeite |
Rakino | 3 | Mesa |
Super | 4 | Azeite |
Tamaki | 3 | Azeite |
Tawera | 3 | Azeite |
Observação: A baixa média em grau de importância refere-se justamente ao curto tempo do país dedicado a olivicultura, e ao desenvolvimento de cultivares que se adaptam às necessidades regionais.
Locais de plantio na Nova Zelândia
As regiões de olivicultura e vinicultura praticamente se misturam na Nova Zelândia.
No total são mais de 300 olivais produtivos, contudo a maioria de pequeno tamanho: de 500 a 1.000 árvores.
Produção de azeite
Como já comentado, o clima na Nova Zelândia não é ideal para as azeitonas. A estação de maturação é curta, os solos são ricos e a precipitação é alta.
Logo o rendimento na produção de azeitonas e azeite é baixo e ocorre de forma marginal, mas os azeites obtidos são semelhantes aos de clima frio: aromáticos, altamente complexos, saborosos e intensos.
Capacidade X Produção
Embora a Nova Zelândia tenha lagares prontos para produzirem 1,8 milhões de litros de azeite, a produção gira em torno de 450 mil litros (2019), com a bianualidade esse valor pode cair abaixo da metade.
Mercado na Nova Zelândia
Como a produção de azeite é muito pequena diante da demanda do mercado, a importação corresponde a 90% da demanda. O maior mercado exportador de azeite para a Nova Zelândia é a Espanha, mas também recebem azeite da Itália e da vizinha Austrália, dentre outros.
Conclusão
A despeito de todos os esforços, o futuro da olivicultura é incerto na Nova Zelândia. Além dos desafios de ordem edafoclimático, outras culturas geram um retorno mais interessante e imediato, como por exemplo a criação de gado, ovelhas e outros. Soma-se a isso o alto valor das terras agricultáveis no País e culturas mais rápidas e de menor risco. Ainda assim a um grupo de pessoas que não perdem o entusiasmo que continuam pesquisando a fim de melhorar a produtividade e retorno financeiro dos olivais.
Para saber mais, acesse: Olivicultura pelo mundo: Nova Zelândia (Aotearoa em Maori)
34 – Macedônia do Norte
Mais um país recém reconhecido e com uma história milenar. Também fez parte da antiga Iugoslávia.
Acima a bandeira atual da Macedônia, e que começou a ser usada em 1995, foi uma substituição em resposta a manifestação dos Gregos quanto a bandeira adotada em 1991, ano de libertação da Macedônia, após fazer parte da Iugoslávia.
Obs.: O território da Grécia conhecido como Macedônia era parte do império da Macedônia séculos atrás.
Como surgiu a Macedônia
Antes de mais nada, é importante entender que depois da criação do reino da Macedônia no século VIII a.C., a área chamada de Macedônia variou bastante, existindo até hoje o território dentro da Grécia chamado de Macedônia e mais a norte a República da Macedônia do Norte, que obteve sua independência em 1991.
O fundador do reino da Macedônia foi o rei Carano (808 -778 a.C). Estabeleceu sua sede na cidade atualmente conhecida como Vergina – situada no norte da Grécia, na região da Macedônia Central).
Segundo a mitologia grega, Carano era um dos filhos do rei Témeno que governava a região de Argos, na Grécia. Témeno seria descendente do semideus Hércules. Com a morte de Témeno seus filhos disputaram entre eles quem seria o sucessor. O vencedor foi Fédon. Desta forma Carano foi em direção ao Norte em busca de um novo território para governar.
A criação da Macedônia fez-se pela cultura grega antiga, mas como diversos outros territórios, não havia uma unidade nacional.
Origem do nome
Alguns dizem que o nome do reino: “Macedônia” era uma referência a Makedon, personagem da mitologia grega filho de Zeus e Tea. Makedon, ou Makedno, tinha um irmão chamado Heleno. Heleno e seus três filhos Doro, Juto e Éolo formaram as tribos básicas da cultura grega.
Entretanto um grupo de estudiosos afirmam que o povo ‘macedônio’ está ligado etimologicamente a ‘habitante das terras altas’, logo não se sabe com exatidão a origem dos povos que ocuparam inicialmente a Macedônia que eram chamados de bárbaros pelos gregos antigos.
Século XX
O território da atual Macedônia do Norte foi incorporado, logo após o término da Primeira Guerra Mundial, a um país criado sob a tutela do bloco Soviético: Iugoslávia.
Onde fica a Macedônia (do Norte)?
A Macedônia do Norte está em uma península chamada Bálcãns. Outros países que estão na mesma península são: Albânia, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Grécia, Montenegro, Sérvia, Kosovo, uma porção da Turquia que está no continente europeu (Trácia Oriental), bem como partes da Croácia, da Romênia e da Eslovênia.
O país
Sua capital é Skopje. O país tem 2.077.000 habitantes (estimativa de 2018) e área de 25.713 km2, uma área menor que estado de Alagoas no Brasil.
Curiosidade: Apesar da Madre Teresa ser conhecida como “Madre Teresa de Calcutá”, devido a seu trabalho filantrópico na referida região da Índia, ela nasceu no que hoje é a maior cidade e capital da Macedônia do Norte: Escópia, Skopje ou Skopie.
A maior parte do território da Macedônia do Norte fica inserido entre as latitudes 41 e 42 graus Norte, logo dentro da área “ideal” para a Olivicultura. Faz fronteira com a Albânia, Sérvia, Kosovo, Bulgária e Grécia. Com o últimos dois a fronteira é com uma região também chamada de Macedônia.
Seu principal rio é o Vardar, que corta o país. Seu relevo é predominantemente de montanhas. Os terremotos são eventos corriqueiros.
Origem da Olivicultura na Macedônia
Considerando:
- O cultivo das oliveiras começou na região chamada de “Ásia Menor”, ou “Anatólia”, veja nossa publicação “Origem da cultura das oliveiras“
- Domesticação da Oliveira Silvestre começou há mais de 6.000 anos;
- O registro de início das civilizações, ou “países-estados”, na região começou a pouco mais de 2.800 anos;
- A Macedônia e a Grécia sempre estiveram ligadas culturalmente e etnologicamente. Apesar da circulação ser mais difícil que nos dias atuais, ainda assim são regiões vizinhas. Ainda: O que é o Norte da Grécia já foi conhecido como reino da Macedônia.
- A distância entre a atual Macedônia do Norte e Ásia Menor varia, aproximadamente, entre 300 e 600 Km. Muito perto.
Logo:
Não há registro de como as oliveiras chegaram a Macedônia, ou Macedônia do Norte. Certamente não foi uma ação única, mas uma difusão natural da cultura.
Ocupação do solo
A ocupação do solo para a agricultura na Macedônia do Norte é limitada devido ao seu relevo predominantemente montanhoso.
Onde estão as Oliveiras na Macedônia do Norte?
Quase em toda parte é provavelmente a resposta mais adequada. Isso de deve ao tempo que as oliveiras estão no território. Contudo há de se considerar a elevação média do país, em torno de 1.900 m, em uma latitude já bem afastada do equador. Sua altitude mínima é de 50m acima do nível médio do mar (MSL) ao sul do rio Vardar, e máxima de 2.750 m MSL no Monte Korab que fica na fronteira do país com a Albânia.
Cultivares nativos da Macedônia do Norte
Devido a oficialização das fronteiras ter ocorrido de forma tão recente, e a própria autonomia do Estado e instituições estarem em consolidação, é normal que não existam cultivares registrados não como de origem na Macedônia do Norte, mas não significa que não existam.
Existem 52 cultivares registrados na Grécia, e 25 na Albânia, países vizinhos. Talvez alguns desses tenham tido origem no território hoje conhecido como Macedônia do Norte.
Cultivares presentes o país
Não existe a informação de forma de todos os cultivares presentes na Macedônia. A lista abaixo vem de informações relacionadas aos azeites produzidos e azeitonas de mesa no mercado, bem como pesquisa dos projetos de olivicultura no país.
- Makri – Mesa e azeite – Grega
- Marsela – Em desenvolvimento para ser um cultivar autóctone da Macedônia.
- Thassitiki (Throumbolia) – Mesa – Grega
- Chalkidiki – Azeite – Grécia
- Koroneiki – Azeite – Grécia
Projetos para extração de azeite na Macedônia
Em 2011 o site de notícias “Balkan Insight” reportou que uma empresa chamada KM, sitiada na cidade de Dojran ao sul do país, iniciaria um projeto de plantação de oliveiras e extração de azeite na Região Sudeste do país, próxima à fronteira da Grécia.
Era prevista a plantação de 12.900 mudas em uma área de 60 hectares (600.000 m²). Apesar de conseguirmos números relativos a produção, importação e exportação de azeite, não conseguimos destacar a parcela correspondente a essa iniciativa.
Dados históricos – Fonte FAOSTAT
Os dados históricos para olivicultura na Macedônia do Norte não apresentam tendência a crescimento, contudo também sem uma redução significativa. Ao contrário da Grécia que ao longo dos anos após a independência organizou o mercado de azeitonas e azeite de oliva como um dos principais produtos nacionais. A Macedônia ainda não “embarcou” nessa visão, talvez pautada em uma produção mais imediata de outros produtos e por possuir uma área agriculturável relativamente pequena.
Para saber muito mais, acesse: Oliveiras pelo mundo: Macedônia do Norte.
35 – Palestina
A bandeira foi criada por Sharif Hussein para ser utilizada em uma revolta árabe contra o Império Otomano em 1916. Em 1917 foi utilizada pelo movimento nacionalista árabe. Em novembro de 1988 foi adotada pela Organização para Libertação da Palestina.
O que é a Palestina?
É difícil escrever qualquer coisa sobre a Palestina sem citar as atrocidades ocorridas contra seu povo e território.
Tudo começa com uma decisão arbitrária da ONU em criar no local duas nações no território que era controlado pelo Império Britânico em 1948. Surgiu Israel para os Judeus, Manteve-se a Palestina para os Árabes e Jerusalém seria, pela sua importância religiosa, uma cidade “Internacional”.
A decisão da ONU foi mais que arbitrária e apenas ocorreu por funções chave estarem sob o comando de Judeus.
Uma das justificativas encontradas é de que era uma região inabitada, abandonada a própria sorte. Hoje essa visão só faz eco em grupos judeus fanáticos e igrejas protestantes que tem como única verdade a linha religiosa sionista-cristã.
O que fazer com as pessoas cujos antepassados já habitavam milenarmente a região? Quem sabe um plano realocação com compensação, mesmo que imposta? O caminho foi mais curto como relata o jornalista JUDEU Benny Morris:
“Famílias palestinas inteiras foram perfuradas por balas […] homens, mulheres e crianças foram chacinados à medida que saíam de suas casas; indivíduos eram postos de lado e assassinados. A inteligência da Haganah relatou: ‘Havia pilhas de mortos. Alguns dos detidos, levados a locais de encarceramento, incluindo mulheres e crianças, eram cruelmente assassinados por seus captores’[…]”.
Benny Morris
A distorção criada por algumas linhas de Judeus é frágil e injusta, comparável a qualquer mentalidade imperialista disposta a cometer genocídio.
Chegam a afirmar que antes da determinação da ONU nunca houve um estado Palestino.
As propostas de paz são convenientes após a expulsão dos habitantes. A população da Palestina era de quase um milhão de pessoas no início dos anos 1950.
MAS ISSO AQUI É UM BLOG SOBRE OLIVEIRAS
Então falando sobre oliveiras: Vários são os relatos de tropas de Israel destruindo oliveiras milenares, e outras culturas, em território que ainda era palestino, forçando a migração pela fome e desertificação do solo.
O mapa acima não retrata a realidade atual, pois mais territórios já foram ocupados por Israel depois de 2012.
Ligação dos povos com as oliveiras
Todos os povos, independente de crenças ou origens, que passaram e permanecem na região tem na Oliveira uma relação de dependência quase sagrada por todos os benefícios que a árvore trás. A exceção foi a Inglaterra, mas que não chegou a moldar a sociedade nem hábitos nos 31 anos de permanência.
Ainda hoje, aproximadamente 100.000 famílias palestinas dependem das oliveiras para sobreviverem.
Origem das Oliveiras na Palestina
A Palestina está dentro da área que é considerada como provável domesticação das oliveiras, logo o início de seu cultivo fica dentro ou muito próximo da própria história do cultivo há mais de 6.000 anos. Há quem estime 8.000 anos.
Cultivares
São atribuídos registro de 6 cultivares a Palestina. A se considerar que dos 28 cultivares registrados como sendo autóctones de Israel, grande parte já estava no território antes da invasão de 1948.
ANabali Baladi é um cultivar que representa 90% das oliveiras da Palestina, com 9 milhões de árvores na Cisjordânia e 0,2 milhões em Gaza. Seu nome traduzido seria: ‘da terra de Nablus’, ou seja, refere-se à sua origem nesta cidade palestina – Em Nablus existe uma forte tradição na fabricação de sabão a partir de azeite. É sem dúvida o mais importante cultivar Palestino.
Al Badawi – Uma oliveira muito antiga
Uma oliveira na Palestina é uma candidata a mais antiga do mundo. Infelizmente não é possível se comprovar cientificamente, contudo em 2010 duas equipes, uma da Itália e outra do Japão chegaram a conclusão de que a árvore está entre 3.000 e 5.500 anos de idade.
Essa senhora idosa ainda produz 400 Kg de azeitonas, e em época de melhores regimes de chuva: 600 Kg todos os anos.
Nablus – Onde a fabricação de sabonete de azeite começou
O registro mais antigo mais antigo da fabricação de sabonete a partir do azeite, data do século X. A referência associa a cidade de Nablus, a 63 Km ao norte de Jerusalém, como a origem da prática.
Hoje Nablus está dentro de uma região invadida por Israel, a Cisjordânia. Em 2016 a população era de mais de 134.000 pessoas, a grande maioria palestinos.
No século 14 o sabonete fabricado em Nablus já era muito famoso e requisitado no oriente e continuou ganhando fama internacional. Chegou a ser “premiado” pela Rainha Elizabeth I (1533 – 1603) da Inglaterra.
Como consequência do estabelecimento do Estado de Israel e a invasão do mesmo na Cisjordânia, apenas duas fábricas de sabão e sabonete sobreviveram das 30 que existiam anteriormente. Parte dada a redução dos olivais arrancados pelos Israelenses para assentamentos, infraestrutura, bases militares e cerca de proteção.
Produção e consumo de azeite e azeitona de mesa
Observação: Os valores de 2020 são estimados.
Os números acima destacam a importância da Olivicultura na Palestina, que mesmo com pouco território, produzem e consomem o volume superior a média mundial.
Competição internacionais de azeite
Não há registro de qualquer participação de produtores palestinos no concurso que tomamos com referência, o NYOOC- New York Olive Oil Competition.
Para saber mais:
Leave a Comment