DEVIDO A FALTA DE CAPACIDADE DO SERVIDOR CONTRATADO, TIVEMOS DE DIVIDIR ESSA PUBLICAÇÃO EM DUAS PARTES: A e B

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Com essa publicação terminamos a série “44 países que produzem azeite e que talvez você não saiba!” os 9 (5 na divisão em duas partes) países abaixo.

Certamente existem mais países que produzem, ao menos artesanalmente seu azeite, contudo a ideia era dar uma visão global de como uma atividade milenar se espalhou por 6 continentes dada sua importância para a saúde e culinária. Isso sem falar nas ações de contenção de áreas desertificadas, substituição de culturas nocivas, etc..

Mais a frente vamos lançando o 45º, 46º… Assim como uma revisão dos países abordados…

    1. Suiça
    2. Tunísia
    3. Turquia
    4. Uganda
    5. Uruguai – Em edição

39 – Suíça

Switzerland Flag

 

Bandeira da Suíça

Como de costume, informamos o nome do país em seu idioma oficial. Neste caso são “4”, além um “dialeto” suíço-alemão. Alemão: Schweiz;  Suíço-alemão: Schwyz ou Schwiiz; Francês: Suisse; Italiano: Svizzera; Romanche: Svizra.

Observação: O idioma Romanche, ou reto-romanche, ou ainda grisão. É uma língua românica do ramo ocidental, que se acredita descender do latim vulgar (vulgata) falado pelos romanos, que ocuparam a área durante seu Império. Apesar de ser menos falado que outros idiomas presentes na Suiça, apenas 35 mil pessoas como primeiro idioma e outras 40 mil como segundo idioma, foi oficializada em 1938. Outros idiomas mais falados que o Romanche: Servo-croata e o Português, trazidos por imigrantes.

Onde cada idioma predomina

Geographical distribution of languages in Switzerland

 

Distribuição geográfica dos idiomas na Suíça

Características gerais

A Confederação Suíça, nome oficial, é uma república federal composta por 26 estados, chamados de cantões. Sua capital é a cidade de Berna.

Com apenas 41.285 Km², menor que o estado do Rio de Janeiro, sendo que 1.520 Km² são cobertos por águas. A Suíça está localizada no centro do continente europeu.

A maior cidade com aproximadamente 382 mil habitantes é Zurique. Sua capital, Berna, conserva aspecto das vilas medievais, inclusive uma catedral impressionante.

Onde fica a Suíça

O país está situado na Europa Central. Ao Norte faz fronteira com a Alemanha, ao Oeste com a França, a Leste com a Áustria e o principado de Liechtenstein, e ao Sul com a Itália.

Switzerland Location

 

Localização da Suíça

Extremos de latitude

  • Ponto mais setentrional – Bargen, no cantão de Schaffhausen: 47° 48′ 29,75″ N, 8° 34′ 04,43″ L.
  • Ponto mais meridional – Chiasso, no cantão de Tessino: 45° 49′ 04,91″ N, 9° 00′ 59,34″ L.

É  justamente no cantão de Tessino, ou Ticino, onde está localizada a cidade de Lugano e onde as oliveiras são cultivadas, bem como ocorre a produção de azeite na Suíça.

Observamos que o Sul da Suíça está ligeiramente fora da faixa tradicional de cultivo das oliveiras: De 30º a 45º, tanto Norte quanto Sul.

Curiosidades sobre a Suíça

  • O porte de arma é permitido, o que é estranho para um país conservador e voltado a humanidade em geral;
  • O consumo de drogas injetáveis (como heroína) é permitido, contudo deve ocorrer em instituições públicas sob acompanhamento de médicos e enfermeiros. Visa retirar as pessoas da rua e tratar a questão como um problema de saúde pública;
  • Só é proibido vender maconha e haxixe, mas cultivar, consumir e distribuir, não. Quanto a drogas injetáveis: O governo distribui seringas;
  • Negar crimes contra a humanidade, inclusive genocídio, é crime;
  • A eutanásia é permitida, ou seja: pessoas podem cometer suicídio de forma assistida;
  • Diversas leis protegem os animais, dentre elas estímulo a adoção de animais domésticos apenas em pares, como papagaios, cacatuas, porquinhos da índia, e outros, sob a alegação de que são animais sociáveis. Caso um bichinho do par morra, existe um serviço de aluguel para dar companhia ao sobrevivente. Também é proibido abater inadequadamente um bicho, como por exemplo: jogar um peixinho na privada. Também é obrigatório atordoar os animais antes do abate para o consumo, inclusive lagostas e crustáceos;
  • O país é uma referência na produção de chocolate, apesar de não produzir cacau. São mais de 180 mil toneladas por ano;
  • É permitida a nudez pública;
  • É permitido baixar música e vídeo, contudo não pode distribuir;
  • Proteção ao silêncio: Diferente do Brasil, onde igrejas fazem alvoroço, carros andam com músicas altas… na Suíça fazer barulho, como bater a porta de um carro depois das 22h, lavar o carro no dia de domingo, ou outro maior barulho, pode ser considerado crime. Em prédios mais antigos, com menor proteção acústica, é proibido dar descarga no vaso sanitário após às 22:00h;
  • A bandeira merece menção, pois parece o símbolo de hospitais, ambulâncias, clínicas, mas ao contrário, ou seja: O branco no vermelho e vice-versa. Esse desenho foi definido na Constituição Suíça de 1848, e apareceu inicialmente como emblema do cantão de Schwytz, um dos fundadores da Confederação Suíça, em 1291. A cruz representava a liberdade que o império concedia aos habitantes daquela região. A maior curiosidade é a bandeira da Cruz Vermelha Internacional é o oposto da bandeira da Suíça, tal como em hospitais, etc.. O motivo é que seu criador, o general Guillaume-Henri Dufor, foi um militar suíço e co-fundador do movimento humanitário.

Observação: A Cruz Vermelha originou-se da iniciativa de um homem chamado Henry Dunant (general suiço), que ajudou os soldados feridos na batalha de Solferino, em 1859, e depois fez um lobby junto aos líderes políticos para adotarem mais medidas de proteção das vítimas da guerra. Foi fundada em 1863, na cidade de Genebra.

Economia

Fonte: aboutswitzerland.org

Swiss Economy Table

 

Quadro sobre economia da Suíça

População

Apesar da Suíça ser um país desenvolvido e um dos melhores para se viver, a população continua crescendo sem previsão de queda.

Em 2021 são previstas 8,715,494 pessoas e chegando a mais de 11 milhões em 2100.

Produção agrícola

Fonte: FAOSTAT – ONU

A FAO não lista a colheita de azeitonas, assim como também não o faz o IOOC, provavelmente pelas características e volume de produção, que veremos mais a seguir.

Segundo a FAO, no ano de 2019 os principais produtos colhidos em Toneladas métricas, foram:

 

Principais produtos agrícolas da Suíça

Origem das oliveiras na Suíça

Não há registro do cultivo das oliveiras na Suíça, contudo o que se sabe é que há muito mais de 300 anos as oliveiras eram cultivadas em Gandria, que na época era uma cidade autônoma do cantão de Tessino, ou Ticino. Tornou-se um bairro da cidade de Lugano em 2004.

Pela falta de contato com outro país que possua maior tradição na olivicultura, e pela ausência de litoral – que no mediterrâneo foi uma grande estrada disseminadora da cultura-, podemos supor que as primeiras mudas vieram da Itália. Ideia reforçada pela dominação Romana.

Roman mill in Gandria

Moinho romano em Gandria

Gandria já possuía tradição na fabricação de azeite, quando no ano de 1709 um rigoroso inverno, fora da normalidade, matou quase todas as oliveiras de Gandria.

Onde estão as oliveiras atualmente?

Certamente apenas no cantão de Ticino, ou Tessino, o mais ao Sul e com clima mais “quente” e com o terreno com a fase voltada para o Sul – maior insolação no hemisfério Norte.

São eles: Coldrerio, Castelrotto, Gandria e Lugano (Parque das Oliveiras).

Olive trail

Trilha das oliveiras



Trilha das oliveiras

Lugano

Lugano, cidade capital do cantão de Ticino, é o local mais visitado na região, e onde encontra-se o Parque das Oliveiras” com placas explicativas sobre a cultura. Suas temperaturas são suportáveis para as Oliveira e possuem insolação de suas costas em torno do lago de mesmo nome, voltadas ao Sul.

Produção e consumo de azeite e azeitona na Suíça.

A produção de azeite e azeitona de mesa na Suíça anterior a nova fase em Laguna não tem números oficiais registrados. Os volumes produzidos atualmente também não estão no radar da FAO – ONU, nem da IOOC (International Olive Oil Council), devido ao baixo volume produzido. Ccontudo sabemos que a produção no “Monte das Oliveiras, de 1991 a 2005 passou de 50 litros para 550 litros.

Outros dados indicam o crescimento da produção, como por exemplo o valor de venda.

O azeite, até o ano de 2017 só era vendido no cantão de Ticino, e quem teve a oportunidade de prova-lo atesta que seu sabor é agradável, delicado e com notas de leve amargor e picância.

Para saber mais sobre a Suíça e sua olivicultura, acesse:

https://olivapedia.com/olivicultura-pelo-mundo-suica/

41 – Tunísia (تونس)

Tunisia flag

Bandeira da Tunísia

O formato atual da bandeira nacional da Tunísia foi adotada 1959. A sua origem é do estandarte naval do Reino de Túnis, adotado em 1831 por Al-Husayn II ibn Mahmud (“Bei de Túnis” entre 1824 a 1835, ano de seu falecimento).

A estrela e o crescente lembram a bandeira da Turquia, que se assemelha a algumas das várias versões de bandeiras do Império Otomana, que em dado ponto da história englobou a Tunísia como parte de seu Império. O desenho definitivo data de 1999

A estrela e o crescente lembram a bandeira da Turquia, que se assemelha a algumas das várias versões de bandeiras do Império Otomana, que em dado ponto da história englobou a Tunísia como parte de seu Império. O desenho definitivo data de 1999.

Ditado popular na Tunísia

Em nossa Bíblia, o Alcorão, diz que o azeite cura 99 coisas. Mas não diz que vai curar todos os 100. Por quê? Porque o azeite não pode curar a morte. Não pode trazê-lo de volta à vida

Popular

Um pouco sobre a Tunísia

A Tunísia é um país relativamente pequeno, são 163.610 quilômetros quadrados, desses 8,250Km² referem-se ao mar territorial. Ou seja: Apenas 155.360Km² de “terra”. Fica entre o tamanho dos estados brasileiros do Acre (152.500Km²) e do Paraná (199.300Km²). Sua capital é Túnis e faz tem 965Km de fronteira a oeste com a Argélia e 459Km de fronteira a sudeste com a Líbia. A Norte e Nordeste é banhado pelo Mar Mediterrâneo em uma extensão de 1.148 quilômetros

Um país (quase) no deserto

O deserto do Saara “toma” aproximadamente 40% de seu território, logo restando apenas 98.000Km², ou seja: a área do estado no Pernambuco no Brasil.

Localização da Tunísia

Tunisia in the world

Tunísia no mundo

Relevo e uso da Terra

Ao Norte o terreno é montanhoso, onde localiza-se o Monte Atlas. Na região central o clima é quente e seco: Planície Central. Mais ao sul o clima semiárido se integra ao deserto do Saara.

São 19% do território de terras “agriculturáveis” e 13% com cultivo permanente.

Pastagens permanentes representam 20% do território e apenas 4% são de bosques e florestas. O restante de 44% é de solo árido, principalmente deserto.

Como se observa na carta de utilização do solo, a olivicultura ocupa uma importante área em comparação a área disponível para agricultura.

População – povoamento, cultura e demografia

Segundo uma lenda Grega, a fundadora da cidade de Cartago (cidade da antiguidade na costa norte da África, hoje um subúrbio residencial da cidade de Tunis, capital da Tunísia) teria sido Dido, originária de Tiro, Líbano, no século de IX a.C., contudo estudos arqueológicos apontam como sendo mais provável o ano de VIII a.C.. Dido, também chamada de Elissa na lenda grega, era filha do rei de Tiro Mutto (ou Belus). O irmão de Dido, Pigmalião, matou seu marido: Sychaeus (ou Acerbas).

Na região já habitava um povo cujo chefe local, Larbas, vendeu um pedaço de terra a Dido, local onde seria fundada Cartago. Reza a lenda que Larbas se interessou por Dido, e Dido para escapar de Larbas construiu uma pira funerária e se apunhalou dentro da mesma… Na época não tinha delegacia de mulheres… Outra versão seria que Dido se matara por Enéas a ter abandonado e por quem Dido se apaixonara.

Cartago cresceu ao longo dos séculos possuindo colônias e entrepostos de comércio. Em meados do século II a.C. Roma conseguiu controlar a cidade após várias guerras. Roma controlou Cartago nos 500 anos seguintes.

Origem da Olivicultura na Tunísia

O escritor e historiador Mohammed Hassine Fantar, afirma que a oliveiras tiveram sua disseminação da Tunísia graças aos cartagineses e fenícios, contudo as primeiras oliveiras teriam sido trazidas por Bani Kanân (?).

Aníbal, general estadista cartaginense (247 a.C. a 183 a.C.), foi um dos grandes responsáveis por espalhar as oliveiras pelo atual terreno da Tunísia, pois autorizou que seus soldados se envolvessem no plantio de novas árvores. A maior ação desses “plantadores” ocorreu durante a segunda Guerra Púnica (218 a.C., data da declaração de guerra de Roma após a destruição de Sagunto, município de Valência – Península Ibérica, pelos cartaginenses, até 201 a.C.).

Second Punic War Movements from Carthage and RomeSegunda Guerra Punica Movimentações de Cartágo e de Roma

Essa e outras ações viabilizou que a Tunísia se tornar-se uma grande produtora de azeite, exportando para diversas localidades ao longo do Mediterrâneo, logo confrontando Roma. Ou seja: fazendo concorrência com a produção romana.

Descrição da extração do azeite em um processo arcaico, mas presente ainda hoje

O resumo desse bloco e do próximo (Extração Primitiva) são baseados, via tradução livre, do texto de Radhouane, CHKIR, doutorando na área de turismo na Universidad Rey Juan Carlos – Madrid.

Quando os romanos ocuparam o Norte de África, os habitantes desta região já desenvolveram a cultura da azeitona. Com efeito, os berberes souberam transplantar os “oleastres” (nota: oliveira selvagem, oliveira-da-rocha ou zambujeiro).

Os cartagineses que ocupavam o território já começavam a desenvolver ali uma verdadeira cultura no trato das oliveiras.

Assim, os romanos aproveitaram a experiência dos punos (cartagineses) para estender o cultivo da oliveira por todo o território que ocupavam. Por sua vez, os berberes constituíram uma colônia de exploração para os romanos.

Devido às guerras civis na Itália, a classe média desapareceu, bem como a classe camponesa que trabalha nos olivais, logo a produção na Tunísia, bem como outros locais, atendeu a demanda crescente do mercado romano.

Extração primitiva

A prensa de barra, utilizada para a extração do suco de azeitona, é composta por um longo tronco de palmeira bloqueado em um canto da sala (no interior da terra).

Summary of primitive olive oil extraction process

Moinho em um lagar subterrâneo (esquerda) e detalhe de sua pedra (meio) e moinho externo movido por burro ou camelo.

[…] em outra sala encontram-se os espartos (ou capachos) de capim halfah. O esparto é produzido a partir de espécies de gramíneas perenes do norte da África e do sul da Europa: Stipa tenacissima e Lygeum spartum.

Cultivares da Tunísia

A Tunísia possui aproximadamente 82 milhões de oliveiras espalhadas por 71 cultivares registrados com originários, autóctones. Elas ocupam 30% de todo o território agricultável da Tunísia, ou seja: aproximadamente 1,8 milhões de hectares.

Das oliveiras cultivadas 70% são Chemlali e 10% Chetoui, árvores autóctones e adaptadas a região e normalmente seus azeites são misturados para obtenção de um produto mais equilibrado.

Existem também muitas variedades menores, cultivadas desde as regiões mais a norte do país, de clima mais húmido, até às mais a sul, mais áridas e hostis.
Chemlali, a cultivar mais popular na Tunísia, especialmente nas regiões central e sul, dá um óleo doce, com apenas um leve amargor e sem pungência.
A outra variedade mencionada, a Chetoui, é mais cultivada no Norte, e dá um azeite mais amargo e intensamente frutado.

Entre as variedades menores, destaca-se a Sayali, cultivada no norte do país. É bastante amargo e, portanto, é frequentemente misturado com Chetoui. Outra variedade encontrada nessas regiões é a Oueslati, que produz um óleo deliciosamente perfumado. Nas áreas desérticas do sul, existem duas variedades rústicas: Zalmati e Zarrazi. Este último dá um óleo doce, que está sempre em grande demanda no mercado local. O sul também é o lar do Chamchali, uma variedade que produz um óleo extremamente frutado, enquanto o Jarboui, cultivado mais ao norte, produz um óleo intensamente perfumado.

Produção de azeite na Tunísia atual

Tunísia possui unidades modernas de produção de azeite. É importante deixar isso claro, pois acima mostramos a extração primitiva, mas que sobrevive até hoje apenas localizadamente.

Em um livro chamado “Azeitonas – Vida e Saga de um Nobre Fruto” de Mort Rosenblum, um autor, jornalista e escritor americano, conhecido por seus livros investigativos, nesse livro trouxe a realidade de um produto que acompanha a humanidade a tanto ou a mais tempo que o vinho.

Em uma das passagens ele descreve uma garrafa de azeite que recebera de presente, o que mais parecia óleo lubrificante. Muitos produtores locais não têm a possibilidade ou a preocupação em espremer as azeitonas logo após a colheita, ou qualquer cuidado extra no processo. Muitas azeitonas são espremidas após anos de armazenagem, algo impensável para que tem o azeite com o algo saudável e com paladar adaptado aos produtos de alta gama.

Produção tradicional

Mesmo com no modelo tradicional, ou seja: com uso de capachos para depositar a pasta da azeitona obtida com a moagem em um moinho de pedra, as instalações receberam algumas melhorias, como por exemplo um sistema de prensagem hidráulico, instalações mais higiênicas, e melhores condições de armazenamento, mas longe dos cilindros preenchidos com nitrogênio para evitar a oxidação do azeite.

Doormats in hydraulic presses - Hydraulic presses in a traditional Tunisian mill - Image: Oliveoiltime.com

 

Capachos em prensas hidráulicas – Prensas hidráulicas em um lagar tradicional da Tunísia – Imagem: Oliveoiltime.com

Novas tecnologias

O aumento de produção de azeite, bem como da qualidade, na Tunísia deve-se principalmente a utilização de lagares modernos onde a adição de água para separação do azeite, a utilização de equipamentos em aço alimentício e o controle no processo são pontos importantes

A&S mill

 

Lagar da A&S

Contudo tão importante quanto é a origem dos frutos a serem processados. Esse ponto fez com que duas mulheres investissem em um olival e produzissem azeite a partir de azeitonas exclusivamente deste.

As duas mulheres são as irmãs Afet e Selima (Ben Hamouda) que listam os principais desafios a falta de água para irrigação, pois os lençóis freáticos são salgados e a escassez de mão de obra.

O cultivar inicialmente escolhido foi o Chetoui com 900 árvores, mas mais recentemente plantaram 12.000 árvores dos cultivares Arbosana e Arbequina (espanholas) que produzem mais rapidamente, bem como mais 9 hectares de Chetoui para defender o cultivar local. Com o objetivo de melhorar polinização das árvores, mantém no olival algumas unidades de Koroneiki.

Como resultado do trabalho das duas irmãs, o azeite da marca A&S é exportado, principalmente para os EUA e já acumula prêmios internacionais em reconhecimento a qualidade do azeite produzido.

No geral a Tunísia exporta 38% do seu azeite a Itália e 23% a Espanha, mas o mercado americano está crescendo.

Assim como a A&S outras empresas têm evoluído em qualidade e produção, como veremos mais abaixo.

Produção azeitona, produtividade e área plantada – evolução.

Todas as informações dessa seção baseiam-se em relatórios da FAO (ONU).

Olives harvested in Tunisia - FAOSTAT

A Tunísia sofre com a bianualidade de seus olivais que são em sua grande maioria do formato tradicional: alto compasso.

Olive harvest and yield in Tunisia - FAOSTAT

 

Colheita e rendimento de azeitonas na Tunísia – FAOSTAT

Como já comentado, o modelo de plantio padrão da Tunísia é tradicional, logo o rendimento não é muito flexível a tecnologias aplicadas no modelo intensivo e superintensivo.

Para saber mais sobre a olivicultrua na Tunísia, acesse:

Olivicultura pelo mundo: Tunísia (تونس) – OLIVAPEDIA

Exclusivo PATRONO OLIVAPEDIA

42 – Turquia (ديك رومى)

Turkey's Flag

Bandeira da Turquia

É possível que a atual bandeira tenha inspiração em uma das diversas bandeiras do Império Otomano – cada dinastia tinha a sua.

A lua crescente e a lua começaram a ser utilizadas após a conquista de Constantinopla em 1453.

 

Army flag with crescent as depicted in a 1721 illustration by Ata'i Hamse

Bandeira do exército 1721

Originalmente as bandeiras otomanas eram verdes, contudo, definida como vermelha no ano de 1793 por decreto, tornando-se padrão no reinado de Selim III, assim como foi adicionada uma estrela com oito pontas.

A estrela de 5 pontas surgiu apenas na década de 1840.

Onde fica a Turquia

A Turquia ocupa um lugar privilegiado na história passada e no presente. Liga de certa forma o Ocidente e o Oriente, fazendo um corredor de comunicação entre a Europa e a Ásia.

Turkey location

Localização da Turquia

A Turquia faz fronteira com a Grécia, Bulgária, Geórgia, Azerbaijão, Armênia, Irã, Iraque e Síria.

A Turquia é o 37º maior país do mundo com uma extensão territorial de 783.562 km², desses 10.186 Km² de águas territoriais.

Anatólia ou Ásia Menor

A região conhecida como Anatólia, península anatoliana, ou ainda como Ásia Menor, é representada por uma protrusão a oeste da Ásia.

A Turquia atual quase que se confunde com a Anatólia.

É quase consenso absoluto de que as oliveiras forma “domesticadas” nessa região, criando nova espécie que domina a produção mundial de azeitonas para mesa como para produção de azeite, a olea europaea aproximadamente a 6.000 anos.

Para saber mais acesse: A Origem Da Cultura das Oliveiras – OLIVAPEDIA

A maior parte dessa região é composta pela atual Turquia, e é banhada pelo mar Negro ao norte, o mar Mediterrâneo ao sul, e do mar Egeu, a oeste.

População de oliveiras

A Turquia em 2018 totalizava, aproximadamente, 86 milhões de oliveiras. Na edição completa sobre olivicultura na Turquia, você encontrará o número aproximado de árvores dos principais cultivares, bem como rendimento em azeite e características de polinização.

Até 2021 havia 71 cultivares (“variedades”) registradas como autóctones (nativas) da Turquia. Pela sua história na domesticação das oliveiras, podemos arriscar a dizer que muitos cultivares já existiram e forma extintos. Talvez alguns não, mas não registrados.

Onde estão as oliveiras da Turquia

Por consequência do mapa climático visto acima, a vegetação da Turquia é predominantemente formada por estepes, bem como algumas florestas temperadas.

Um mapa pode ser observado na publicação completa: Olivicultura pelo mundo: Turquia (ديك رومى) – OLIVAPEDIA

Dentre os 71 cultivares registrados encontramos

Por grau de importância:

Importância oliveiras Turquia

Distribuição cultivares por importância – Turquia

Por destinação:

Cultivars by destination - Turkey

Cultivares por destinação – Turquia

Olivicultura hoje na Turquia

A Turquia fica entre o 4º e o 6º lugar de maior produtor de azeitona do mundo, a posição varia em função de cada ano, dada a bianualidade da produção Tunísia e Marrocos.

Colheita de azeitona - Turkey x Large producers

Colheita de azeitona – Turquia x Grandes produtores

Observações:

  • Os dados acima são da FAOSTAT – ONU;
  • Não foi plotada a produção da Espanha (líder mundial) a fim de melhorar a visualização dos demais países;
  • Na elaboração do gráfico acima a produção da Grécia de 2020 não estava disponível.

Para mais informação, como Produção de Azeitona e Azeite, Consumo total e per capita, e muito mais:

43 – Uganda (Uganda)

Flag of Uganda

Bandeira de Uganda

A bandeira de Uganda foi uma alteração sobre a bandeira anteriormente utilizada. Esse novo formato foi adotado em 1962, mais precisamente em 09 de outubro deste ano, quando Uganda obteve a libertação do Reino Unido.

As cores utilizadas são as mesmas da bandeira do partido “Congresso do Povo de Uganda”, sendo o preto representando os povos africanos, o amarelo o sol que brilha no continente africano e o vermelho a irmandade dos povos africanos. Sua proporção é de 3:2.

Onde fica Uganda

A república de Uganda (“Jamhuri ya Uganda”, em suaíli ou “Republic of Uganda”, em inglês) fica no centro do continente africano, logo não é banhada por qualquer oceano. Os demais 15 países africanos sem litoral marítimo são: Botswana, Burundi, Burkina Faso, República Centro-Africana, Chade, Etiópia, Lesoto, Malaui, Mali, Níger, Ruanda, Sudão do Sul, Suazilândia, Zâmbia e Zimbábue.

Uganda on the globe

Uganda no globo

Apesar disso o país está as margens do Lago Vitória, possuindo controle sobre uma significativa área do lago. O Lago Vitória é considerado a nascente do rio Nilo, com o nome de Nilo Branco. O Nilo Branco, também chamado de Nilo Vitória, é o único emissário do Lago Vitória. Em direção ao Norte o Nilo Branco alimenta os lagos Kyoga e Albert, por fim o rio Nilo.

Demais países a margem do Lago Vitória são o Quênia e a Tanzânia. Em Uganda também se encontra a bacia do rio Nilo.

 

Countries bordering Lake Victoria

 

Países com margem no Lago Vitória

Fronteiras

Suas fronteiras nacionais são como Quênia ao leste, Sudão do Sul a norte, República Democrática do Congo a oeste, Ruanda a sudoeste e com a Tanzânia ao sul.

Relevo com regiões de clima ameno

Ao norte, margeando a República Democrática do Congo, a altitude varia de 1.800 m até 912 m no Lago Eduardo. Na sequência a altitude varia de 4.890m, 4.798, 4844 e 5.109 no Monte Speke, Monte Emin, Monte Baker, e no Monte Stanley. Seguindo a fronteira até o Sudão Sul, ao norte, encontra-se um planalto ondulado com 1.200m de altitude e uma área montanhosa.

Mas é em uma segunda região em extensão que existe as primeiras iniciativas de olivicultura e produção de azeite em Uganda. Trata-se das encostas do Monte Elgon.

O Monte Elgon foi formado por um vulcão, ora extinto, em formato de escudo*. Encontra-se entre as fronteiras de Uganda e Quênia, com uma altitude máxima de 4.321m do lado ugandense.

Além das azeitonas há outras culturas em regiões autorizadas ao cultivo, dentre ela o café.

Top view of Elgon Volcano

 

Vista superior do Vulcão Elgon

*Um vulcão em escudo é um tipo de vulcão habitualmente constituído quase inteiramente por fluxos de lava fluidos. Os vulcões em escudo são designados deste modo porque a sua forma lembra a de um escudo deitado. A forma é causada pela escorrência da lava altamente fluida durante as erupções, que percorre maiores distâncias do que a lava eruptida a partir de um estratovulcão.

Clima nas áreas de possível plantio

Não existem dados de estações meteorológicas nas regiões de plantio de oliveiras. A Estação confiável mais próxima fica no distrito de Bulambuli, na capital cuja cidade possui o mesmo nome. A capital dista aproximadamente a 30Km do Monte Elgon. O distrito tem a altitude que gira em torno de 1.000M de altitude, bem menor de onde dos locais produtores de azeitona.

Pelas informações que conseguimos, os olivais de Uganda se encontram, no mínimo a 1.500M de altitude. Considerando uma métrica arredondada de queda de 1ºC a cada 150M de altitude*, podemos reduzir 3,5ºC das temperaturas apontadas para a Capital de Bulambuli.

* A queda de 1ºC a cada 150M de subida é apenas uma referência simplificada, pois diversos outros fatores implicam na real temperatura, como solo, vegetação, correntes de ar, etc..

Maximum and minimum average temperatures in Bulambuli

 

Temperaturas médias máximas e mínimas em Bulambuli

História de Uganda

Quando os britânicos chegaram em 1888 começaram a explorar a área com a Companhia Britânica da Africa Oriental. Em 1894 Buganda passou a ser um protetorado do Reino Unido, e no século XX ocorreu a criação de um sistema de coalizão entre o rei de Buganda e a Rainha Elizabeth II. Porém no território havia outros reinos e outros povos que foram colonizados por Kabaka (rei de Buganda), ocorreram diversos conflitos que duraram até o início do século XXI.

Em 9 de Outubro de 1962 Uganda torna-se independente. Nos anos seguintes, verificou-se uma luta política entre os apoiantes dum estado centralizado, em vez da federação vigente baseada nos reinos. Como resultado, em fevereiro de 1966, o então Primeiro Ministro Milton Obote suspendeu a constituição, assumiu todos os poderes e depôs o Presidente e o Vice-Presidente. Em setembro de 1967, uma nova constituição proclamou o Uganda como uma república, deu ao presidente poderes adicionais e aboliu os reinos tradicionais.

No ano de 1993 Museveni reconheceu os reinos como “instituições culturais”, porém a luta de diversos povos pelo seu reconhecimento e a volta da criação de uma unidade de federação com poderes políticos e administrativos continua levando o país a diversos conflitos internos.

População de Uganda

Para o ano de 2023 a população prevista é de 49.700.758 pessoas, como uma idade média de 17 anos. A baixa média etária se justifica pelo acelerado índice de natalidade e baixa expectativa de vida, que apesar de ter chegado a 62,7 anos em 2021, no ano de 1980 era de apenas 42,9 anos.

Etnias e idiomas

Muita gente, devotos do eurocentrismo, tem quase a visão de que a África é um “país”, com apenas um povo, os “negros”. Ledo doloso engano. A África é um continente de inúmeros povos, etnias e idiomas, sem falar na cultura.

As principais etnias são: autóctones 68,9% (hugandas 17,8%, tesos 8,9%, niancoles 8,2%, sogas 8,2%, gisus 7,2%, chigas 6,8%, langos 6%, ruandas 5,8%) e outros 31,1%.”

Além dos idiomas oficiais já citados, inglês e suaíli, o idioma mais falado é o luganda. Contudo a diversos “dialetos” derivados de grupos linguísticos, a saber: o banto, o nilótico e o nilo-hamítico.

As práticas religiosas se dividem em Cristianismo 88,9% (católicos 43,4%, anglicanos 36,8%, outros 8,7%), Islamismo 5,4%, Crenças tradicionais 5,1%, sem religião e ateísmo 0,6%.

Economia de Uganda

Economia de Uganda

A moeda de Uganda é o Xelim Ugandês. Segundo o banco mundial os principais indicadores econômicos são:

 

    • Produto Interno Bruto: 40,53 bilhões USD (2021);

    • PIB per capita: 883,89 USD (2021);

    • PIB per capita: 2.140 PPP dolar (2021) – PPP: Purchasing Power Parities (Paridade do poder de compra);

    • Taxa de crescimento do PIB: 3,5% mudança anual (2021);

    • Renda Nacional Bruta: 97,96 bilhões PPP dollars (2021);

    • Usuários da Internet: 6,1% da população (2020).

Grande parte da economia de Uganda está baseada na produção agrícola.

Observações:

 

    • Uganda é o quarto maior país produtor de banana;

    • A produção de azeitonas e seus subprodutos não é contabilizada por ainda ser uma atividade de baixo resultado.

Olivicultura em Uganda

Trata-se de uma atividade que engatinha no país. Não existem datas e números precisos com relação a atividade.

Não existem cultivares autóctones.

Cultivares (variedades) cultivadas em Uganda

Também não existe um levantamento preciso dos cultivares plantados e/ou os que estejam produzindo em Uganda, contudo no site da África Uganda Businee Travel Guide, existe a recomendação para que olivais olivicultura nas regiões subsaarianas sejam desenvolvidos com os seguintes cultivares:

 

    • Mission – Azeitona de mesa preta e azeite;

    • Kalamata – Azeitona de mesa preta;

    • Manzanilla – Azeitona de mesa verde

    • Barouni – Azeitona de mesa verde grande;

    • Frantoio – Azeite de alta qualidade e como polinizador.

Sites de referência

 

Olive oil production in Uganda from 2010 to 2020

 

Produção de azeite em Uganda de 2010 a 2020

 

    • Na página do Facebook “Les agriculteurs d’Afrique” encontramos o seguinte registro de 15 de abril de 2020 (mesmo que a informação não esteja precisa e desconsidere a África do Sul):

Uganda Olives

 

Azeitonas de Uganda

Principais países produtores da África

“💁🏿‍♂️ Uganda é o primeiro produtor de azeite na África negra e sozinho produz metade do azeite na África. Durante a safra 2017-2018”.

Para saber mais sobre Uganda e vários outros assuntos em torno da olivicultura, acesse:

43 – Uruguai (Uruguay)

Em edição

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