O longo convívio da humanidade com o azeite criou diversas formas de classificação. Mesmo as classificações simplista como “BOM” ou “RUIM” ainda são consideradas até hoje por produtores da “velha escola”. Eles não querem saber se o azeite é Virgem ou Extra Virgem. O que importa é apenas o paladar: “BUONO” ou “SGRADEVOLE” (Bom ou Desagradável)!!!
Provavelmente o primeiro método, um pouco mais elaborado, tenha sido criado ainda na antiguidade pelo Império Romano. Talvez tenha sido o primeiro método de classificação de um produto de alimentação consumido em larga escala.
Mas por que? Uma visão sobre a dimensão do consumo é importante
O Império Romano em sua longa existência (de 27 a.C. até 476 d.C.) difundiu o consumo da azeitona e azeite. Em seu auge ocupou um território de mais de 5 milhões de quilômetros quadrados e englobava 70% da população mundial.
O azeite assumiu um importância tão grande para a cultura Romana, que os hábitos de seu consumo eram imitados por vários povos.
O exército do Romano também ajudou nessa disseminação: Cada soldado recebia uma cota anual de 1 litro de azeite, considerado fundamental para a sua dieta.
A política compartilhar sua cultura e hábitos de consumo, convertendo os povos conquistados, tinha mais uma finalidade: Garantir o fornecimento de azeite ao império, mantendo seu estilo de vida.
Observações:
- De 80 a 85% de todo o azeite produzido nos limites do Império Romano, principalmente na península Ibérica – Espanha, era consumido pelos cidadãos de Roma, que exigiam algum controle na qualidade do produto consumido.
- Mesmo depois da queda do Império Romano, no Império Bizantino – conhecido como Império Romano do Oriente, que durou ainda mais 977 anos, a olivicultura era valorizada e difundida.
- Alguns historiadores mais bondosos citam que, dentre outros itens, as oliveiras eram dadas como um presente ao povo conquistado… Sério?
Feito apenas de ânforas para transporte de azeite quebradas. Sua base é de 20 000 m² e tem 40 metros de altura.
Logo a classificação do azeite foi uma necessidade para controlar o produto distribuído, seu consumo e valor.
- Óleo Branco de Oliva – Tradução livre de “Oleum ex albis ulivis”: Era o “TOP”. O melhor azeite que poderia se obter. Feito com azeitonas verdes, nos estágios inicias de maturação. As azeitonas tinham de ser colhidas a mão garantindo a salubridade das mesmas. Sua maior utilização era emem cerimonias, para fazer medicamentos e cosméticos. O azeite era naturalmente mais amargo e picante que os feitos com azeitonas mais maduras.
- Azeite Verde ou Óleo Verde – Do latim “Oleum Viride”. Feito com azeitonas em estágio inicial de mudança de cor. Avermelhadas ou Douradas (envero). Era um azeite feito também com azeitonas colhidas a mão, mais frutado e normalmente utilizados nas cozinhas de classes abastadas.
- Azeite Caduco ou Óleo Caduco – Do latim “Oleum Caducum”. Talvez a melhor tradução seja Azeite de Azeitona caída, sendo que “Caducum” em latim ainda pode ser: Epilepsia, Caduco ou Frágil. Era o azeite feito da catação de azeitonas caídas, mas ainda em bom estado. Usado pela maioria da população com menos recursos.
- Azeite de Alimentação ou Óleo de Alimentação – Do latim “Oleum Cibarium”. Óleo feito com azeitonas em mau estado. Em decomposição. Azeite com alto grau de acidez e viscoso. Usado na alimentação de pessoas pobres ou escravos.
- Azeite Maturado ou Óleo Maduro – Do latim: “Oleum Maturum”. Era produzido com azeitonas muito maduras e normalmente já “passadas”, em mau estado. Provavelmente era utilizada para iluminação de pessoas de classes mais altas. Mas não duvidamos que também tenham sido utilizado na alimentação de escravos e pobres.
“Roma” deu um passo importante em tentar separa o bom do mau azeite. Hoje o controle e classificação do azeite segue critérios mais elaborados quanto a qualidade do produto e menos quanto ao seu método de obtenção, apesar de restrições a serem observadas. Veja em nossa publicação sobre a classificação de azeites.
Contudo nem tudo está resolvido. A garantia da obtenção de um bom azeite é difícil, pois apesar dos critérios estabelecidos, a falsificação e utilização de rótulos fraudulentos ainda é grande.
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