O que é

O Olho de Pavão também é conhecido como Ciclocônio, Sarna da Oliveira e “Bird’s Eye Spot (Mancha de Olho de Pássaro). Sua origem á fúngica, ou seja: causada por um fungo conhecido como Spilocaea oleagínea, que tem como sinônimo Fusicladium oleagineum e Cycloconium oleagineum.

Aspecto do Olho de Pavão

Como o próprio nome indica, ele assemelha-se a um olho, sendo o núcleo normalmente amarelado e o perímetro em cor escura: verde oliva – marrom.

Olho de Pavão – Visão geral

Algumas variações de aspecto

Variações de aspecto

Um pouco mais sobre o fungo Spilocaea oleagínea

Trata-se de um fungo “imperfeito”, pois não se enquadram nas classificações taxonômicas (taxonomia) comumente estabelecidas de fungos. As classificações taxonômicas se baseiam em conceitos biológicos de espécie ou características morfológicas de estruturas sexuais, contudo sua forma sexual de reprodução nunca foi observada. Isso significa que o S. oleagínea produz seus esporos assexuadamente, no processo chamado de esporogênese (reprodução por esporos).

Infecção e ciclo

A propagação do fungo pode ocorrer de diversas formas, como já relatada em outras publicações sobre doenças das oliveiras. Pode ser por ar, terra contaminada, água, utensílios sujos, insetos etc.. A partir do momento no qual a entra em contato com as folhas das oliveiras em condições adequadas, seus conídios* iniciam o processo de crescimento da colônia de fungos. As folhas afetadas caem e a síntese de clorofila da árvore pode ser afetada, comprometendo a colheita da azeitona.

*conídio (ou conidiosporo) é um esporo que garante a multiplicação assexuada de fungos, não sendo capaz de se deslocar por meios próprios. Produzidos pelo Conidióforo.

Os micélios nas lesões foliares infectam o tecido circundante e produzem conídios para a infecção primária, e através da esporulação das lesões foliares espalha os conídios para o tecido vegetal saudável.

Structure of the fungus Pseudocercospora cladosporioides
Geração de conídios

Uma vez que os esporos são expelidos dos conidióforos, sua capacidade de germinação dura menos de uma semana. Os conídios nos conidióforos estão disponíveis todo o ano, contudo, é na primavera e no outono que sua presença é máxima.

As folhas jovens são mais suscetíveis à infecção do que as folhas mais velhas. A esporulação continua durante o inverno e na primavera. O patógeno fica dormente durante o verão quente e seco e sobrevive como micélio. Os micélios ficam dormentes dentro de lesões em folhas vivas. As folhas que caíram no chão também são conhecidas por produzir infecção por lesões, mas isso geralmente não é uma fonte significativa de infecção.

Condições de alta umidade e temperatura facilitarão a penetração do patógeno no tecido celular. Isso pode ocorrer entre 4 e 24º Celsius, contudo de forma mais efetiva entre de 18 a 22° Celsius.

Fungo em estágio avançado a esquerda e a direita vista microscópica do fungo

Consequências da doença

Além das manchas nas folhas e sua possível queda, também podem ser observadas um grande desfolhamento, morte de galhos, mancha nos frutos, perda da florada, retardamento no amadurecimento dos frutos e redução no rendimento em azeite, bem como a qualidade do azeite deve ser afetada.

A desfolha e queda de galhos ocorre em casos mais graves, onde a sanidade da árvore pode ser afetada por um longo período.

Observação: Lembramos que a oliveira não é uma árvore decídua, ou seja: que perde as folhas em qualquer época do ano, sendo que as mesmas, quando saudáveis, duram muito tempo… anos.

Possível erro na identificação

Como já citado na publicação sobreo o Repilo Plominozo, DOENÇAS das Oliveiras: Repilo Plomizo – Cercosporiose (Pseudocercospora cladosporioides) – OLIVAPEDIA, o mesmo pode ser diagnosticado erroneamente como Olho de Pavão e vice-versa.

Comparison between Repilo Plomizo and Peacock Eye
Comparação entre o Repilo Plomizo e o Olho de Pavão

Culturas afetadas pelo Spilocaea oleagínea

Até então, apenas as oliveiras foram identificadas como alvo desse fungo.

Classificação taxonômica

Taxonomia do Spilocaea oleaginea

Mesmo árvores aparentemente saudáveis e frutificando podem ser vítimas do fungo que se infestará de forma muito rápida na primavera

Formas de prevenção e combate

1º        Cultivares Resistentes

Dentre eles são indicados: Cassanese”, “Gentile di Chieti”, “Kalinjot”, “Kokermadh i Berat”, “Leccino” e “Cipressino”, “Ottobratica”, “Zaituna”, “Pisciottana”, “Cellina di Nardò” e “Dolce Agogia”.

Com base na base de dados da OLIVAPEDIA, temos:

CULTIVARPAÍSSINÔNIMO
e NAE (Nome atribuido erroneamente)
RESISTÊNCIA
(5 “+”/ 1”-“)
Dolce Agogia ItáliaAgogio, Gogio, Nerella, Oliva agogia, Oliva da conciare, Oliva dolce, Olivella,
Olivo agogio, Raia. NAE: Oliva Dolce, Olivella.
5
Lechin de SevillaEspanhaNAE: Lechín, Zorzaleño, Mas de Bot5
Cellina di NardòItáliaAsciulo, Cafaredda, Cafarella, Cascia, Cascioulo, Cellina inchiastra, Cellina femmina, Cellina leccese, Cellina legittima, Cellina mascolina, Cellina salentina,
Cellina tarantina, Cellina termetara, Gasciola, Leccese, Leccina, Morella, Muredda, Oliva di Lecce, Oliva di Nardò, Saracena, Saracina, Scurranese, Vosciola
4
Chétoui Tunísia 4
Grignan ItáliaNAE: Bombolotto.4
Kaissy SíriaKabarbari, Chalkali, Kaesi, Kaisi, Kaisy, Khalkhaly, Khilo, Qaisi. Qeysei.4
LeccinoItáliaLeccio, Premice, Silvestrone, Toscano, Verolana, Leccino Cellececco 22,
Leccino Ecotipo 2, Leccino 13, Pisa 5 , Pisa 15.  NAE: Colombina, Minerva.
4
Levantinka Croácia 4
LlumetaEspanhaLlumet, Llumero, Llumera.4
MegaritikiGréciaLadolia, Megaron, Perahortiki, Vovoditichi.4
MerhaviaIsraelMakavia4
Meslala MarrocosMeslala Beldia4
VasilikadaGréciaControtitsolia, Liastros Vasililikadas, Vassilikada, Vassiliki.4
ZaitySíriaAssil, Houlkani, Kurdi, Zaiti, Zeiti, Zeity, Zietti4
Cassanese ItáliaCassanisa, Grossa di Cassano, Precoce di Cassano3
Castellana EspanhaAbucheña, Comùn, Piñoncilla, Verdeja
NAE: Asperilla, Común, Corriente, de Aceite, Manzanilla,Piñón, Piñoncilla, Cornicabra, Verdial.
3
CerasuolaItáliaApalerma, Alloro, Cerasara, Cerasola, Cirasara, Cirasola, Cirasolu, Grappusa, Nocellara, Ogghiaredda, Olivedda, Palermitana, Purrittara, Zimmusa, Marfia.
NAE: Ogliarola, Ogliara, Ugghiara, Ugghiarola.
3
Chemlal de Kabylie ArgéliaAchamlal, Achaml, Achemlal3
CicinellaItáliaAriella, Aura Sessanella, Carboncella di Faicchio, Cecinella, Cicenella, Mannella, Nostrana, Olivastra di Caserta, Olivella di Campagna, Olivella di Eboli, Olivella di Grottaminarda, Olivella di Salento, Oliviello di Grotaminarda, Ritonella di Teano, Ritonna, Ritonnella di Altavilla Salentina, Ritonnella di Contursi, Ritonnella di San Angelo Fasanella, Rotondella Grossa, Rotundella, Sassanella, Sessana, Sessana di Peidimonte Matese, Tonella, Tonnarella, Tonnella, Trigna, Trignarola, Tunnella.
NAE: Nostrale, Olivastro, Olivella, Rotondella, Tonda, Tondella, Tondina, Marinella, Minutella, Romanella.
3
CobrançosaPortugalVerdeal Cobrançosa.
NAE: Madural
3
Cordovil de ElvasPortugalCordovil de Tras-Os-Montes.
NAE: Cordovil
3
CuccaItáliaChietina, Coglioni di gallo, Francavillese, Francavinese, Lancianese, Oliva del mezzadro, Oliva tonda, Olivoce, Olivona, Olivone, Testicolo di gallo3
DrobnicaCroáciaDrobna, Drobnica Comune, Drobniza, Grozdasta, Grozdasta Toskanska, Jabucica, Jabucica Krcka, Karbonaca, Minuta di Veglia, Naska, Nabadna Belica, Melaiolo a Grappoli di Toscana, Nostrana di Veglia, Olivo a Grappoli Fiorentino, Olivo Pometti di Veglia.
NAE: Stnica
3
Itrana ItáliaNAE: NombresConfusos: Aitanella, Gaetana, Moschaio, Oliva Grossa.3
KalamataGréciaAetonychalea, Aetonychi, Aetonycholia, Chondrolia, Calamon, Kalamatiani, Kalamon, Nychati Kalamata.3
Limli Argélia 3
LucquesFrançaLucqueoise3
Manzanilla Cacereña EspanhaAlbareña, Alvellanilla, Blanca Cacereña, Manzanilla de Cáceres, Costalera, Hembra, Morillo, Perito, Turiel, Azeiteira, Azeitoneira, Negrinha, Careceña
NAE: NombresConfusos: Asperilla, Blanca, Carrasqueño, de Agua, Hembra, Manzanil, Manzanilla, Negrillo, Redonda, Redondilla, Redondona, Azeitera, Azeitoneira, Negrinha.
3
Picholine LanguedocFrançaCollias, Coyas, Olive de Nîmes, Picholine du Gard, Piquette
NAE: Picholine
3
PignolaItáliaArbequina Mendocina, Crova, Crovia, Floscetta, Grappolosa, Liguria, Merletta, Merlina, Negretta, Olivo del Povero, Pigneua, Pigneux, Pignola Doppia, Pinola, Pravesia, Premice, Riviera di Genova.3
SalonenqueFrançaPlant de Salon, Salonen, Sauren e Varagen3
Verdeal AlantejanaPortugalVerdeal de Serpa, Verdeais, Verdeal Tinto, Verdeal.3
Casaliva ItáliaBagoler, Calma, Casali, Casalin, Casalivo, Drizer, Drezzeri, Drissar, Drizar, Olivo casalino, Olivo gentile, Zentil2
Changlot RealEspanhaChanglot, Dulce, Royal.
NAE: NombresConfusos: Grossal, Royal.
2
ChorrúoEspanhaChorrúo arracimado, Chorrúo de fruto redondo, Chorrúo fino, Faldúo, Hardúo y Jardúo, Chorreao de Montilla, Chorrúo de espiga larga
NAE: Chorreao, Chorreado, Llorón.
2
Conserva de elvasPortugalConserva das Barrancas.
NAE: Conserva. Ciertos autores observan diferencias genéticas entre Conserva de Elvas y Conserva das Barrancas, y no las consideran sinonimias. A nivel agronómico no se consideran estas diferencias
2
Doebli SíriaDremlali, Tamrani2
FargaEspanhaNAE: Común.2
Galego grada de serpaPortugalAzeitona de Azeite, Galega Grada, Galega Grada de Borba, Galega Grossa Redonda, Negra Molar, Galega de Elvas.
NAE: Galega. ALguns autores consideram distintas genéticamente a Galega Grada de Serpa e a Galega de Elvas, contudo morfológicamente são idênticas.
2
Gemlik TurquiaKaplek Kivirak, Kaplik, Kara, Kivircik, Tirilya, Tirilye, Trylia.2
Gordal sevillanaEspanhaBella de España, Morcal de Limón,
NAE: Gordal, Mollar, Sevillano, Cordobés, Injerta, del Agua.
2
GrossaneFrançaNAE: Verdale.2
KalinjotAlbâniaKanine.2
KhodeirySíriaHdari, Kderie, Khderi, Khdrairi, Khedari, Khudairi, Kodheiri, Kodheri, Koudery.2
Kokër madh beratiAlbâniakokermadhi, Koker Madh Berat, Kokermadh i Berat, Berat, Berati, Ulli i Bute,2
Kokër madh elbasaniAlbâniaAlbason, Elbasani, Koker Madhi i Elbasanit.2
Krypsi i krujëAlbânia 2
Loaime EspanhaAlhoaima, Guitoso. NAE: Negral2
MaduralPortugalCercial, Madural Grossa, Madural FinaNegra Volumosa, Toural, Cornicabra de Tras-Os-Montes, Cerceal, Negral. NAE: Cornicabra, Comun.2
MissionEUAMammoth, Misionera, Misiones, Missionera.2
NegrinhaPortugalAzeiteira, Azeitoneira, Negrinha, Galego Negrão, Negrão Miúdo, Negroa, Negrucha. NAE: Maçanilha. La variedad Azeiteira es morfológicamente igual pero genéticamente distinguible. Aquí se presentan como sinónimas.2
RedondilPortugalNAE: Redondil Grosso.2
SouryLíbanoGrande Ayrouni, Hai Youdi, Hedai, Hidri, Rasisi, Sferhi, Shouri, Souri Folino, Souri Lod, Surry, Sury, Bayadi, Beladi2
TancheFrançaOlive de Nyons, Olive Noire de Nyons, Noire de Nyons, Olive de Carpentras2
Verdale de L’HéraultFrançaPourridale, Cul Blanc, Gangeole, Grosse Ronde, Groussaldo, Olive de Ganges, Olive Verte, Pourridale, Redounale, Redonale,Verdaou, Verdau, Verdava, Verdeau, Vereau.  NAE: Verdale.2
Verdeal de Trás-os-MontesPortugalSinonimias: Verdeal Trasmontana. NAE: Verdeal.2
CornicabraEspanhaCabrilla, Callosina, Comùn, Cornal, Cornatillo, Corneja, Cornetilla, Cornezuelo, Cornicabra Basta, Cornicabra Negra, Corniche, Cornita, Corriente, Cuernecillo, de Aceite, del Piquillo, del Terreno, Longar, Longuera, Osnal1
EmpeltreEspanhaAragonesa, Injerto, Llei, Mallorquina, Navarro, Payesa, Salseña, Terra Alta, Zaragozana.
NAE: NombresConfusos: Común, de Aceite, Fina, Macho, Negral, Vera, Verdial.
1
Lechín de Granada Espanha 1
Picholine marocaineMarrocos Beldi, Bousbina, Soussia, Bouchouika, Zit, Zitoun. Mission.
NAE: Zitoun Beldi.
1

2º Compasso – terreno

Quanto maior o compasso, distância entre cada árvore na linha e coluna, melhor sob diversos aspectos, inclusive areação, mas é claro que o porte do cultivar deve ser considerado. De maneira geral a distância de 7 x 7 metros é adequada, pois permite melhor areação e tomada dos raios solares. As oliveiras devem ser plantadas sempre em terrenos que drenem bem, logo em regiões muito chuvosas, elas devem ser plantadas em declives, de preferência com face para o norte no hemisfério sul e face para o norte no hemisfério norte. Vide: Compasso – OLIVAPEDIA.

3º Poda

Realizar podas que favoreçam a aeração e penetração dos raios solares no interior da copa da árvore e evite áreas sombreadas. Objetivo é evitar a estagnação de água e umidade. Em qualquer caso, é aconselhável realizar podas equilibradas, que minimizem o fenômeno de alternância de produção. Deve-se utilizar produtos desinfetantes nos cortes e nas ferramentas a cada árvore podada. O resultado das podas, quando de uma árvore infectada pelo Olho de Pavão ou outra patogenia, deve ser queimada, bem como as folhas que caíram devido a infecção. Vide: Quando, como e quanto podar… ou não?! – OLIVAPEDIA & Mais um pouco sobre a Poda – Complemento I – OLIVAPEDIA

4º Irrigação

Caso o olival seja irrigado, nunca deve-se abusar do mesmo. Nunca molhar a copa das árvores e se possível utilizar o gotejamento como meio de irrigação.

5º Combate

Observada a infecção de uma árvore ou olival, deve-se, na medida do possível extirpar o material contaminado, sempre observando a higienização das ferramentas entre uma árvore e a seguinte, e destinar esse material a queima. Nunca deixar depositado no solo.

A utilização de produtos para prevenção e combate deve ser considerado. Geralmente são produtos a base de cobre, como por exemplo a “Calda Bordalesa” que pode ser aplicada 2 vezes por ano de forma preventiva, e de forma mensalmente extra entre a floração e a frutificação.

Observação: A Calda Bordalesa é rotulada para utilização em culturas orgânicas inclusive, mas deve-se evitar pulverizar após a frutificação, pois o cobre sobre o fruto não sairá.

Outros produtos que também são indicados, mas já não mais orgânicos: hidróxido de cobre, oxicloreto de cobre, sulfato de cobre tribásico e óxido de cobre.

Pior dos mundos

O patógeno, Olho de Pavão, ocorre com maior intensidade em plantações densas e pouco ventiladas, próximas a rios ou córregos. Também em áreas úmidas propensas a inundações ou poças. Em resumo:

  • plantios massivos de cultivares suscetíveis;
  • baixa circulação de ar entre as plantas;
  • plantios em áreas próximos a fontes de água (rios, açudes e lagos);
  • baixa capacidade de dreno do terreno.

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