O que é

Também é conhecido como Repilo Plumboso, ou Plumbeous, devido a coloração de chumbo (Pb – Plumbu: Chumbo em latim) na face inferior da folha da oliveira afetada, por consequência do crescimento do fungo.

Outro nome, que faz referência aos tubos em algumas casas muito antigas, é “Encanamento da oliveira”. A correlação do chumbo com o Repilo para na comparação da cor.

O Repilo Plomizo é uma infecção causada pelo fungo Pseudocercospora cladosporioides.

Observação: Existe uma certa confusão em meio as publicações sobre as doenças das oliveiras no que tange aos “tipos de Repilo”. Alguns chamam de “Repilo” a doença conhecida como “Olho de Pavão”(Itália), causada pelo fungo Fusicladium oleagineum, também conhecido como Spilocaega oleagina e Cycloconium oleaginum. Quando especificam o Plumboso, assim sim, indicam o Pseudocercospora cladosporioides como seu causador. Diante da abrangência do nome “Repilo”, é considerada a doença mais grave que afeta os olivais causando substancial perda de produtividade

  • Notas:
    • Pseudocercospora cladosporioides e Cercospora cladosporioides são sinônimos.
    • Tanto no Brasil quanto em Portugal, o nome mais utilizado é Cercosporiose – Abaixo na seção do Myco Bank faremos algumas comparações.
    • No Brasil o Repilo Plomizo nas oliveiras não está bem estudado, contudo o fungo afeta outras culturas de forma conhecida e pesquisada.
    • Alguns artigos científicos sugerem que o Olho de Pavão” seja a mesma doença que o Repilo Plomizo. São semelhantes em aspecto, tratamento e prevenção, mas com origem em fungos diferentes. Olho de pavão é causado pelo fungo: Spilocaea oleagínea, identificado em 1953. Talvez parte da confusão seja que um dos sinônimos do Olho de Pavão é Repilo /sem o “Plomizo”. Diferença de aspectos:
Compração entre Repilo Plomizo (Cercosporiose) e o Olho de Pavão

Alerta

Alguns sites utilizam uma taxonomia antiga, onde o Psedocercospora caldosporiodes ainda era considerado uma bactéria. Favor considerar a informação de que o mesmo é um fungo.

Culturas afetadas pelo Cercosporiose no Brasil

Além da Oliveira: milho, café, beterraba, alface, pimentão, ervilha, etc..

O Fungo

Pseudocercospora cladosporioides tem conidióforos (produtores de esporos) de forma flexível. Os conídios ou esporos são alongados e com entre 2 e 5 septos (paredes celulares). Os esporos possuem corpos esclerosais (reservas alimentares) e diplodiformes (de diferentes dimensões ou formas).

Pseudocercospora cladosporioides – Imagem Junta da Andalucia
1 – Fascículo de conidióforos na superfície foliar. 2- Micélio secundário com cicatrizes conidióforas e conidiogênicas. Imagens: estudo “Characterisation and epitypification of Pseudocercospora cladosporioides, the causal organism of Cercospora leaf spot of olives” – Autores J.Z. Groenewald e Antonio Trapero-Casas (Instituto de Biodiversidade Fúngica de Westerdijk – Holanda), e Antonio Trapero-Casas (Universidade de Cordoba – Espanha).

Classificação taxonomica

Classificação taxonomica

Referências do Myco Bank

– Vide Myco Bank no glossário –

Cercospora cladosporioides

  • Sinonímia:
    • Nome atual: Pseudocercospora cladosporioides (Sacc.) U. Braun, Mycotaxon 48: 282 (1993).
    • Basiônimo: Cercospora cladosporioides Sacc., Michelia 2 (8): 556 (1882).
    • Sinônimos obrigatórios: Mycocentrospora cladosporioides (Sacc.) P. Costa, Publ. Pat. Vegetal Veríssimo de Almeida Lisboa: 611 (1976). / Mycocentrospora cladosporioides (Sacc.) Deighton, Mycological Papers 151: 6 (1983) [MB#108256]

Pseudocercospora cladosporioides

  • ·Sinonímia:
    • Nome atual: Pseudocercospora cladosporioides (Sacc.) U. Braun, Mycotaxon 48: 282 (1993).
    • Basiônimo: Cercospora cladosporioides Sacc., Michelia 2 (8): 556 (1882).
    • Sinônimos obrigatórios: Mycocentrospora cladosporioides (Sacc.) P. Costa, Publ. Pat. Veg. Verissimo de Almeida Lisbon: 611 (1976).
    • Mycocentrospora cladosporioides (Sacc.) Deighton, Mycological Papers 151: 6 (1983).

O Myco Bank informa que podem ocorrer divergências taxonômicas listadas por falta de atualização.

Sintomas

As folhas são os principais órgãos afetados por esta doença, que produz manchas cloróticas (clorose) na face superior que eventualmente se tornam necróticas. A coloração das manchas na face inferior ocorre de maneira irregular e difusa, nas cores cinza ou chumbo. Ao longo do crescimento da colônia de fungos, as manchas podem escurecer.

O enfraquecimento da árvore abre as portas para que outras doenças ocorram.

Repilo Plomizo (Cercosporiose) na fase inicial

As oliveiras afetadas perdem suas folhas de maneira anormal, principalmente na parte inferior, onde a incidência do fungo é maior.

Os fungos sempre são mais ativos em ambientes úmidos. O fungo Pseudocercospora cladosporioides não é uma exceção. Quando o fungo afeta as inflorescências, há uma redução na fertilidade e, portanto, a capacidade de produzir azeitonas é reduzida, bem como queda dos frutos em formação.

Quando o pedúnculo é afetado, as azeitonas caem no chão e a colheita é especialmente reduzida.

Caso as azeitonas estejam em fase de desenvolvimento, ou maturação, as mesmas também poderão ser afetadas onde manchas marrons circulares e como “depressão” do epicarpo (pele da azeitona).

O endocarpo (polpa da azeitona) afetado pelo fungo apresenta um aspecto “cortiço” sob as manchas. Essa característica pode auxiliar a distinguir essas necroses de outras causadas por outros fungos ou doenças diversas. Ocorrendo a produção de azeite com azeitonas afetadas, o azeite resultante apresentará um elevado índice de acidez e peróxidos livre.

Repilo Plomizo nas folhas e na azeitona

Propagação

A propagação ocorre através de esporos, que também são chamados de conídios. A propagação do fungo Pseudocercospora cladosporioides ocorre especialmente em anos muito chuvosos, sobrevivendo inclusive nas folhas caídas no solo.

Após períodos de chuva e alta umidade, o fungo frutifica, formando conídios (esporos) viáveis que podem permanecer nos conidióforos por meses.

Estrutura do fungo Pseudocercospora cladosporioides

Uma vez que os esporos são expelidos dos conidióforos, sua capacidade de germinação dura menos de uma semana. Os conídios nos conidióforos estão disponíveis todo o ano, contudo, é na primavera e no outono que sua presença é máxima.

A transmissão ocorre de maneira fácil através de ventos. Contudo pode ser transmitida pelas chuvas e ocasionalmente por meio oportuno de um “transportador” (aves, humanos, ferramentas, etc.), são disseminados sobre folhas e frutos.

Condições de alta umidade e temperatura facilitarão a penetração do patógeno no tecido celular. Isso pode ocorrer entre 4 e 24º Celsius, contudo de forma mais efetiva entre de 18 a 22° Celsius.

O Repilo Plomizo ocorre com maior intensidade em plantações densas e pouco ventiladas, próximas a rios ou córregos. Também em áreas úmidas propensas a inundações ou poças. Em resumo:

  • plantios massivos de cultivares suscetíveis;
  • baixa circulação de ar entre as plantas;
  • plantios em áreas próximos a fontes de água (rios, açudes e lagos).
Ciclo reprodutivo Pseudocercospora cladosporioides – Imagem baseada em material de apresentação da Junta de Andalucia – Ministério da Agricultura, Pesca e Meio Ambiente sobre o Repilo Plomizo ou Emplomado

Danos nas árvores e frutos

Como as folhas afetadas caem prematuramente, principalmente nos ramos inferiores e em grande quantidade, ocorre o enfraquecimento da árvore, reduzindo ou paralisando seu crescimento vegetativo, bem como reduzindo ou impedindo a produção de azeitonas.

Observação: Lembramos que a oliveira não é uma árvore decídua, ou seja: que perde as folhas em qualquer época do ano, sendo que as mesmas, quando saudáveis, duram muito tempo… anos.

A queda das folhas enfraquece a mesma, pois são estas as responsáveis por realizar a fotossíntese e produzir os assimilados com os quais a árvore mantém suas estruturas e produz a azeitona.

Ainda que o fruto não apresente macua, provavelmente as azeitonas de uma árvore contaminada produziram azeitonas com sabor oxidado e azeite de baixa qualidade com nível de oxidação e peróxidos altos.

Estratégia de controle

Como o aspecto de uma árvore com Repilo Plomizo, ou Cercosporiose é semelhante a outras doenças, ou ainda afetações abióticas, é importante que se obtenha um diagnóstico preciso sobre a presença da mesma, ainda que o tratamento de prevenção e contenção também seja aplicável a diversas afetações bióticas. Seu não tratamento pode levar até o falecimento da árvore após alguns anos.

Um método de detecção, mesmo antes da manifestação das manchas nas folhas. Método da soda: As folhas de oliveira são submersas em uma solução de hidróxido de sódio a 5% de 15 a 20 minutos. Após este tempo será possível detectar a presença de manchas nas folhas afetadas por repilo latente ou incubado.

Preventivamente:

  • Manter as árvores “arejadas”, ou seja: com boa ventilação em sua copa, o que pode ser obtido como uma poda adequada. Essa ação também reduz a condensação nas folhas das oliveiras;
  • Remoção de matéria orgânica morta do solo, em especial folhas contaminadas, pois como vimos acima o fungo Pseudocercospora cladosporioides sobrevive longo período nesse material;
  • Aplicação de Cada Bordalesa e / ou Calda Sulfocálcica. Esses são dois produtos que possuem ação antifúngica ampla, e que são consideradas orgânicas, logo causando menor dano a árvore, seus produtos e o meio ambiente.

Combatendo:

Todas as ações Preventivas podem e devem ser mantidas, e mais:

  • Os ramos afetados devem ser cortados e QUEIMADOS. O descarte inadequado manterá o foco de Conídios disponíveis no ambiente durante sua maturação. Essa é uma ação de contenção em caso de grandes infestações.
  • Aplicação de defensivos mais “agressivos” deve ser considerada. Nesse ponto a de se considerar a natureza do olival: Orgânico ou não. De qualquer forma aplique apenas defensivos aprovados pelos órgãos competentes. Exemplos:
    • Entre o outono e o inverno. Sulfato de cobre + Mancozebe (fungicida protetor do grupo químico dos ditiocarbamatos).
    • Na primavera, se puder ser antes da floração. Sulfato de cobre + Tebuconazol (Fungicida sistêmico do grupo dos triazóis com ação preventiva e curativa).

ATENÇÃO: O uso de defensivos agrícolas deve ser feito mediante a recomendação de profissional capacitado, com pessoal treinado e utilizando equipamentos de proteção adequados.

Doença no Brasil

As cultivares mais presentes nos olivais gaúchos são arbequina, koroneiki e arbosana. Conforme ele, as doenças com maior expressão na cultura são cercosporiose (Pseudocercospora cladosporioides) e a antracnose (Colletotrichum spp). Eventualmente, ocorre olho de pavão (Fusicladium oleageneum). Considerando os insetos, há muitos registros de formigas cortadeiras, cochonilhas (fumagina) e lagarta dos ponteiros/brotos da oliveira.

Edison Dornelles – assistente técnico. Escritório da Emater/ RS-Ascar no município de Bagé.

Cultivares mais e menos resistentes

Observação: Nenhum cultivar está livre de sofrer com o Repilo Plomizo – Cercosporiose

Tabela de cultivares com maior a menor resistência

Os 56 cultivares são uma pequena amostra dentre os mais de 2.000 existentes, contudo são em sua maioria de grande importância econômica.

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