Posicionamento Brasil na produção de azeitona

O plano de negócio em qualquer segmento é fundamental a fim de minimizar os riscos de um empreendimento.

Na publicação “Oliveiras pelo Mundo: Brasil”, contamos de forma suscinta o porque o Brasil não produz azeitona de mesa e azeite como muitos vizinhos na América Latina. Por exemplo Chile, Argentina e Uruguai.

Abaixo uma visão que quanto destoa a produção brasileira dos principais produtores da América do Sul (AMS).

Desta forma vemos que a produção (oficial) Brasil é desprezível quando comparado aos países já com alguma tradição, contudo o interesse que a olivicultura vem despertando no Brasil, assim como outros países que compreendem sua importância, a evolução da colheita, assim como a área plantada vem evoluindo de maneira acentuada.

As curvas de evolução parecem indicar que o país, Brasil, galga a passos largos em direção a uma produção expressiva no mercado internacional… Infelizmente não é bem assim. E isso se deve ao enorme GAP apontado no primeiro gráfico que retratava apenas a AMS.

No cenário mundial a distância dos grandes produtores é ainda maior. Apenas como referência, a Argentina, maior produtora de azeitonas da AMS, fica apenas em 13º lugar quando comparada ao resto do mundo na produção de azeitona com destinação a mesa e azeite.

Abaixo uma visão global da área ocupada por olivais por país em 2017.

Investidores neófitos

Considerando o cenário acima e o fato do Brasil ser o segundo* maior mercado importador de azeite, recentemente ultrapassado pelos EUA, fez com que muitos entusiastas, novos convertidos pelos benefícios do azeite, investissem na implantação de olivais.

* Observação: Não são contabilizados os movimentos de importação e exportação dentro da Comunidade Comum Europeia.

O raciocínio era simples: Grande mercado atendido “exclusivamente” por importações. Além disso o entendimento adquirido e comprovado por estudos de que era possível produzir azeitona no Brasil.

Das premissas acima, ao fato de ser viável produzir azeitona e azeite no Brasil, existe uma distância enorme. Muitos são os fatores favoráveis ao fracasso. Desde a escolha correta do cultivar, mudas produtivas, local de plantio, condução do olival, adubação, disponibilização de água em função da drenagem do terreno… Vários especialistas europeus forma contratados por empresas com mais recursos a fim de responderem essas e a outras perguntas, assim como muitos “especialistas” curiosos brasileiros ensinaram a muitos entusiasmados proprietários de terra como produzir madeira!

Olivais abandonados ou improdutivos

Conhecemos alguns casos nos quais após 30 anos do olival estabelecido, a fazenda vê-se obrigada a remanejar toda ou parcialmente sua plantação. Quer seja por um problema de densidade (árvores muito próximas umas das outras), ou outro fator como cultivar não adequado, muda adquirida de má qualidade, condições edafoclimáticas, etc..

Hoje existem dezenas de produtores satisfeitos com os resultados de seus empreendimentos, pois entenderam que fazem parte de um nicho, sem condições de competir financeiramente com os azeites vindo da Europa (basicamente) a um custo de produção muito inferior ao brasileiro. Por outro lado, há muitos olivicultores insatisfeitos.

Nicho azeite Brasil

Por que nicho? A maioria dos azeites que entram no Brasil não têm o apelo de “exclusividade” ou de “auto valor agregado em sabor e qualidade”. Esse quadro está mudando rapidamente, com azeites “premium”, “seleção”, “orgânicos”, etc.. Até azeites produzidos com azeitonas “colhidas ao luar de lua cheia”!!!

Nicho azeite Brasil

Por que nicho? A maioria dos azeites que entram no Brasil não têm o apelo de “exclusividade” ou de “auto valor agregado em sabor e qualidade”. Esse quadro está mudando rapidamente, com azeites “premium”, “seleção”, “orgânicos”, etc.. Até azeites produzidos com azeitonas “colhidas ao luar de lua cheia”!!!

Apesar dos esforços dos produtores “europeus”, o nicho de azeite artesanal brasileiro existe e continuará existindo ainda por muito tempo. Visitar um lagar e percorrer os olivais com degustação do produto é outro apelo importante para azeite brasileiro ligado ao agro turismo. Nesse ponto citamos com louvor a Fazenda Irarema, no interior de São Paulo, na cidade de São Sebastião da Grama. Outras iniciativas semelhantes estão surgindo.

Ao mesmo tempo que os importados entenderam a necessidade de oferecer mais valor agregado ao produto no mercado brasileiro, o brasil também se esforça a olhos vistos no aumento da produção e diluição dos custos. Na publicação “quanto “Qual o Custo de um azeite Extra Virgem?” o enfoque foi a produção na Europa, onde os fatores de custo são mais conhecidos e estáveis. Com base na visão de custos do azeite europeu, podemos ratificar a posição do azeite brasileiro como sendo para um nicho de alto valor agregado.

Qualidade x exposição

A qualidade do azeite brasileiro, colheita após colheita, é inconteste. Os prêmios estão aí para provar. O problema é que considerando o número de produtores, são poucos os que tem condições de mandar seu produto a um concurso internacional. Ou seja: Temos muitos azeites bons, mas sem medalha. Dentre outros temos grandes medalhistas brasileiros como: Prosperato e Verde Louro – RS, e Irarema-SP.

Perfil de consumo do brasileiro

Esse é um problema que nem alguns países da Europa conseguem resolver. Por que um problema? Estamos sendo fiéis a crença de que o azeite é a melhor de todas as gorduras a serem consumidas.

O consumo do brasileiro é inferior a 400ml por ano per capita. Ou seja: Muito mal molha a salada nossa de todos os dias. Imagina se, em geral, um brasileiro degustará uma colher de azeite… Seria a mesma coisa que pedir para tomar uma colher de óleo de soja… Irc!

A visão dos benefícios que o consumo de azeite pode trazer ainda bate na trave dos custos. O azeite extra virgem é e sempre será mais caro que os óleos de semente, ou pior “refinados”. Outro ponto é que o brasileiro em sua enorme maioria escolhe azeite tendo como base apenas um parâmetro: ACIDEZ.

Lembro da minha juventude na qual tomava vinho tinto suave pensando que bebia vinho de fato. Ok. Era, mas não é.

Futuro do consumo no Brasil

Os estudiosos do azeite acreditam que o Brasil possa chegar a um consumo per capita ano parecido com o dos EUA em breve, ou seja: 1 litro por ano por pessoa, o que significa praticamente triplicar o consumo atual. Dito isso, o espaço para novos entrantes com baixo custo continua aberto.

Muitos especialistas afirmam que o processo de valorização do bom azeite no Brasil é semelhante ao da cerveja, café e outros. Em dado momento haverá um nível de consciência e educação do paladar que fará com que na medida da possibilidade de cada um, o azeite seja valorizado e colocado em seu devido lugar em todas as etapas de preparação do alimento.

Também a de se considerar que o produtor brasileiro vem aprendendo o que funciona em cada região de cultivo. Até mesmo iniciativas de produção intensiva vem sendo testadas.

Objetivo do investimento

Se a plantação não tem objetivo de se auto sustentar e gerar lucro. Ok! “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Contudo navegar às cegas esperando um bom resultado sem ter um plano de negócio que norteie os investimentos, custos e lucros, é uma aventura.

Existem diversas formas de se enxergar um plano de negócios. Alguns exemplos:

  • Compra de terra, ou considera-la como amortizada e mapear apenas o custo de manutenção da mesma?
  • Custo desenvolvimento da marca? Venda local? Ou simplesmente venda da azeitona para um lagar (sem custo de desenvolvimento da marca)?
  • Olival com mais de um proprietário? E se apenas um é o dono da terra? Ou ainda: Uma das partes é apenas o sócio investidor?
  • Grau de mecanização na cultura – colheita.
  • Escoamento da produção.

E muitas outras questões, que podem ser levantadas, que estarão em nossos planos de negócios. Não é possível esgotar o tema a 100% dada as condições particulares de cada local e tipo de sociedade.

Adiantamos que existem ótimos planos de negócios “macros” na Internet. A EMBRAPA possui um plano de negócio, assim como organismos no exterior.

Nosso “plano de negócio” na verdade serão cenários com parâmetros customizáveis e a possibilidade de inserir custo de oportunidade do capital, inflação prevista, percentuais de retirada customizáveis, percentual de participação, tempo de amortização e vida útil de equipamento. Sempre com visualização gráfica.

O valor e quantidade dos equipamentos, assim como de mão de obra, análise de solo, adubação e etc. são apenas sugestões que poderão ser alteradas no plano de negócio em função de cada condição de aplicação em geral.

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