Latest Flags of Afghanistan

Talvez nenhum outro país tenha tido tanta variação quanto a símbolo nacional utilizado. De 1709 a 2023 foram 26 modelos de bandeiras, sendo a última alteração ocorrida em 2021 após a “Queda de Cabul” para o grupo extremista Talibã.

Curiosidade: Durante os anos de 1826 a 1880, na Dinastia Barakzai, o país ficou sem uma bandeira oficial.

Na bandeira atual, minimalista, encontra-se apenas a frase em árabe: La Illaha Ila Allah Muhamad Rasulu Allah, que em português se traduz: “Não há outra divindade além de Deus, e Muhammad, seu mensageiro.”

Onde fica o Afeganistão

Afganistan localization
Localização do Afeganistão

Geografia do Afeganistão

O Afeganistão possui 652.230 Km² de território, sem qualquer parte de água, nem como litoral ou lago ou mar interno. Sua geografia é essencialmente montanhosa, sendo mais plana ao Norte e Noroeste.

relief of afghanistan
Relevo do Afeganistão

Seu tamanho é comparável ao estado de Minas Gerais no Brasil que possui 586 521Km² e possui 5.529Km de fronteiras internacional dentre estas a maior é com o Paquistão a Sudeste: 2.430Km.

Pontos extremos

Nowshak - Afghanistan

O ponto mais baixo é no rio Amu Darya, fronteira com o Turcomenistão, com 258m de altitude. O mais alto é o Nowshak com 7.485m de altitude.

Recursos naturais

Em suas terras encontramos gás, petróleo, carvão, cromita, cobre, talco (mica), chumbo, zinco, minério de ferro, baritas, urânio, mercúrio, ouro, sal, pedras preciosas, semipreciosas, dentre outros.

Afghanistan's natural resources
Recurosos naturias do Afeganistão

Conclusão: “Nem só de petróleo são feitas as invasões…”

História do Afeganistão

É impossível escrever de forma curta a história do país que foi apelidado de “Cemitério dos Impérios”. Um país que desafiou a invasão de grandes potências como a antiga URSS e os EUA.

Charge Cemetery of Empires
Charge cemitério de Impérios

Durante milhares de anos o Afeganistão, devido a sua posição geográfica, é um ponto de confluência de diversos povos ao longo da história. Não apenas do Oriente Médio, onde surgiu o Islamismo no século VII, mas se sedimentou como linha filosófica principal, sendo adotada por demais povos que lá chegaram.

Mas a história do território começa muito antes do estabelecimento do Islamismo, e muito menos termina com esse fato. Vamos a um pequeno resumo.

Observação: O termo “islam” (Islã) significa a submissão. É derivado de “salam”, que significa paz. Paz essa entre o corpo e o espírito. O adepto é conhecido como muçulmano(a), termo oriundo também do árabe, “muslim”, que significa aquele que é submisso dentro da fé islâmica a Allah (Deus).

A história do Afeganistão remonta a mais de 5.000 anos e estando próximo a território conhecido como Crescente Fértil, o principal ponto de surgimento da civilização moderna, e caminho para a Ásia, o terreno foi ocupado e por diversos povos.

Por estar entre a Índia, a China, o Oriente Médio e a Europa Oriental, o Afeganistão tem uma grande importância como rota comercial, tendo servido historicamente como zona central da Rota de Seda.

 Quando Alexandre “o Grande” da Macedônia conquistou o território no século IV a.C., eram os Persas (Império Aquemênida*), que controlava o território.

*Nota do Wikipedia

O Império Aquemênida (português brasileiro) ou Aqueménida (português europeu) (em persa antigo: Parsā; em persa: هخامنشیان; romaniz.: Hakhāmanishiya ou دودمان هخامنشي, Dudmān Hakhâmaneshi; c. 550–330 a.C.), por vezes referido como Primeiro Império Persa, foi um império iraniano situado no sudoeste da Ásia e Ásia Central, e fundado no século VI a.C. por Ciro, o Grande, que derrubou a confederação médica. Expandiu-se a ponto de chegar a dominar partes importantes do mundo antigo; por volta do ano 500 a.C. estendia-se do vale do Indo, no leste, à Trácia e Macedônia, na fronteira nordeste da Grécia — o que fazia dele o maior império a ter existido até então.

É considerado que uma visão nacionalista afegã surgiu com a reforma religiosa de Zoroastro, durante o século IV a.C., que originou um reino monárquico organizado de tribos arianas.

Observação: Zoroastro foi um filósofo fundador da primeira religião monoteísta, Zoroastrismo ou Masdeísmo, onde havia a possibilidade de Deus ser bom.

Em 329 a.C., a região é conquistada por Alexandre, o Grande, da Macedónia. Nessa ocasião várias cidades foram fundadas sob nome de “Alexandria”, sendo que duas dessas deram origem a Candaar e Cabu, contudo a “primeira Alexandria” teria sido a “Alexandria dos Arianos”, e dado origem a atual cidade de Herate.

Logo após a morte de Alexandre a Bactriana* foi governada pelos Selêucidas até 250 a.C, ainda que as satrapias** de Candaar, Cabul, Herate e Baluchistão tenham sido cedidas por Seleuco Nicátor em 305 a.C. a Chandragupta***.

* Região histórica cuja capital era a cidade de Bactro. Fazia parte da região persa do Coração e hoje integra o Afeganistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Paquistão e China.

** Sátrapa era o nome dado aos governadores das províncias, chamadas satrapias, nos antigos impérios Aquemênida e Sassânida da Pérsia.

*** Fundador do Império Máuria e avô de Asoca. Este último, que adotou o budismo como religião, é o autor do mais antigo documento escrito da história do Afeganistão, em grego e aramaico.

O Império Selêucida foi um Estado helenista que existiu após a morte de Alexandre, o Grande da Macedónia, cujos generais entraram em conflito pela divisão de seu império. Entre 323 e 64 a.C. existiram mais de 30 reis da dinastia selêucida.

Wikipedia

O período do reino de Bactriana, de 250 a.C. a aproximadamente 125 a.C., foi período de afirmação da civilização greco-búdica e notado florescimento cultural, inclusive com uma escrita própria. Como o nome indica, as contribuições vieram tanto da Grécia quanto da Índia.

Entre o final do século II e início do século I a.C. a civilização é extinta devido a invasão de tribos nômades indo-europeias vindas da Alta Ásia. Primeiro os Citas e depois os Partos.

Já durante a era cristã, a região fez parte do Império Cuchana (Kushana ou Kuchana), nômades oriundos da China que se tornaram sedentários. Os Cuchana se estabeleceram a sul do Amu Dária e ampliaram seu domínio ao noroeste da Índia durante o reinado de Canisca I (127–150 d.C.), difundindo o budismo como religião de estado, mantendo-a até o século VI.

O território do Império Cuchana foi um local de passagem de grande importância no comércio entre Roma, Índia e China. Uma das Rotas mais conhecidas, foi a da Seda. Por um lado chegava da China um produto que somente eles fabricavam, e que tinha alta demanda, e por outro lado chegava a China uma nova religião: o budismo. A partir do século III, a região oeste do território passa a ser invadida pelo Império Sassânida, com destaque ao período sob comando de Sapor I.

Do final do século IV ao início do século V, a Báctria é assolada por uma horda de hunos brancos que segue em direção à Índia. Os Sassânidas aliando-se aos turcos derrotam os hunos brancos em 568.

A partir desse período o controle é fracionado entre diversas potências de forma complexa.

Século VII – XII

A partir do século VII, no contexto da jihad, os muçulmanos se expandiram pela Ásia. Após resistência local, dominaram o Afeganistão entre os séculos IX e X. Essa hegemonia é brevemente colocada à prova pelo Império Mongol, no século XIII.

O bramanismo hindu ajuda a firmar a dinastia dos Xás em Cabul, o que dificultou a implantação do islamismo quando os árabes conquistaram a região no século VII, iniciando pela cidade de Herat no ano de 651. Ainda na primeira metade do século VIII, depois da conquista total pelos árabes e definição do islamismo como religião oficial, a região passa a ser designada como Coração*

* O Antigo ou Grande Coração (também Corasão, Corassã, Corassam e Coraçone; em farsi:خراسان بزرگ or خراسان کهن, transliterado como Khorasan em muitas línguas europeias) é uma região histórica da Pérsia. Englobava partes dos atuais Irã, Afeganistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Usbequistão.

Na sequência formaram duas dinastias, do origem árabe. Os Safávidas e os Samânidas. Eram dinastias autônomas, sendo que os Samânidas se esvaem no século X, e na região que se assentavam o controle passa para diversas dinastias turcas.

Século XIII – XV

No século XIII, os mongóis, liderados por Genghis Khan, invadem o território do atual Afeganistão causando uma devastação. A devastação continuará a ocorrer com Tamerlão, comandando um exército turco-mongol. Por fim os invasores acabaram assimilando a cultura islâmica, promovendo mais tarde um renascimento da civilização localmente.

No século XVI a Rota da Seda perde sua importância dada a descoberta do caminho marítimo para a Índia no final do século anterior, o que levou a um certo abandono do Coração.

Os pachuns, grupo étnico local, começa a ganhar importância. Dessa etnia, Mir Waïss, e o seu filho Mir Mahmud, são reconhecidos como os fundadores de uma dinastia que durou muito pouco, pois o sucessor de Mir Mahmud foi considerado um tirano e deposto por Nadir Xá, que prosseguirá a política de conquistas: Candaar, Cabul, e em direção a Deli, na Índia.

Século XVI – XVIII

Em 1526, surge uma nova potência regional, o Império Mogol de origem mongol e turca. Nos 200 anos seguintes, o Afeganistão se dividiu entre eles e os persas. É nesse contexto que os pashtuns, grupo etnolinguístico nativo do Afeganistão, entram em cena.

No século XVIII, os mogols e safávidas estavam em declínio militar e alguns grupos pashtuns se rebelaram. Um deles, os khilji, oriundos do leste afegão, atacaram e venceram os safávidas. Ocuparam a capital do império em 1722, mas não conseguiram manter o poder.

Por outro lado, os pashtuns abdalis, oriundos do oeste afegão, formaram o Império Durrani (rei Ahmed Shah Durrani ) em 1747. Dez anos antes, eles ajudaram o turco Nader Afshar a derrubar o Império Mogol. Após a morte deste, o abdali Amade Cã, então comandante militar, proclamou a parte oriental do império.

Século XIX / XX

O período moderno do Afeganistão teve início no século XIX, por meio da invasão do Império Britânico, após disputa com a Rússia. O Afeganistão tornou-se um protetorado britânico. A Grã-Bretanha ocupou a região até meados do século XX, mais precisamente em 1919, quando o Afeganistão conquistou a sua independência. Em um primeiro momento pós-independência, foi instituída uma monarquia no país, sendo substituída por um regime republicano, já no ano de 1973. Nesse período, o Afeganistão vivenciou um momento de relativa prosperidade econômica e social.

Invação soviética

Em 1978, o Afeganistão vivenciou sua primeira grande instabilidade política após a independência, em razão da deflagração de uma guerra civil entre a população local. A União Soviética, em 1979, interveio no conflito, em apoio ao governo central do Afeganistão, invadindo o território afegão. As tropas soviéticas deixaram o país somente em 1989. Essa saída deixou um vácuo de poder no cenário político do Afeganistão, que foi ocupado por meio da ascensão de grupos extremistas, em especial o Talibã.

Crescimento do Talibã e invação dos EUA

As forças talibãs, a partir do domínio do poder no cenário político do Afeganistão, nos anos 1990, instituíram um governo central baseado na aplicação de rígidos códigos legais baseados no islamismo. Por sua vez, com o apoio do Talibã, o Afeganistão tornou-se um dos principais centros de formação de extremistas islâmicos. Tal conjuntura levou os Estados Unidos, no contexto da Guerra ao Terror, a invadir o Afeganistão em 2001. A invasão foi um desdobramento dos ataques terroristas que ocorreram no território estadunidense no mesmo ano.

A ocupação pelos EUA ganhou lentamente outros aliados ocidentais, como a França e o Reino Unido. Após conseguirem retirar o Talibã do poder em meio ao um processo de reestruturação, em 2004 o Afeganistão elege seu primeiro presidente por voto popular.

Em meio a tentativa de reestruturação, uma Segunda Guerra do Afeganistão (2001–2021) foi iniciada com a participação das forças ocidentais instauradas no país e os grupos fundamentalistas, como o Talibã.

Saída dos EUA

Com a captura e morte de bin Laden, em 2011, já não havia mais apoio interno nos EUA para manterem tropas no Afeganistão, logo um processo de retirada do exército estadunidense foi iniciado, e sendo finalizado em julho de 2021.

A retirada das tropas contribuiu para a retomada do poder do Talibã sob o Afeganistão, inaugurando uma nova fase na história do país.

Agricultura no Afeganistão

Apenas 12,13% de todo território é de “terras aráveis”, e somente 0,21% possuem cultivo fixo.

Em uma visão mais ampla com áreas de pastagens e culturas secas, bem como vegetação espaçada, temos:

Uso da Terra no Afeganistão

Dados de produtos colhidos segundo a FAO (ONU)

Observação: Dividimos a exibição de produtos entre principais e secundários baseados apenas na quantidade produzida a fim de melhorar a visualização. Não há correlação com maior importância econômica ou outro critério.

Em termos globais, entre o ano de 2012 e 2021 o aumento da produção agrícola aumentou em 22%, contudo a população já havia aumentado 32%, com o agravante de que muito da produção agrícola é para exportação e para industrialização de produtos não comestíveis.

População do Afeganistão

As maiores concentrações populacionais ocorrem justamente onde há melhores condições para agricultura, fazendo com que a maioria da população esteja concentrada nas zonas rurais. Ainda podemos dizer que outros segmentos de atividade no Afeganistão praticamente inexistem.

A população do Afeganistão projetada para o ano de 2023 é de mais de 42 milhões de habitantes, contudo uma taxa de crescimento de 2,8% ao ano projeta sua população total para o ano de 2100 em mais de 110 milhões de habitantes.

Dada sua localização geográfica, o Afeganistão tornou-se uma terra onde diversas etnias se encontraram e se fixaram. Ao longo do tempo as divergências sociais, econômicas e religiosas tornaram-se motivo de conflitos intensos.

Idioma

Uma versão do persa, o dari, é uma das línguas oficiais faladas no Afeganistão, principalmente a leste. O dari também é falado por muitos paquistaneses e alguns iranianos. Contudo o idioma mais falado é o pachto sendo nativa na região e falada por mais da metade dos habitantes. Além desses dois idiomas oficiais há outras 40 línguas no país.

Clima

Seu clima varia do árido ao semiárido, possuindo invernos frios e verões quentes.

Abaixo uma representação da variação da temperatura ao longo do ano e durante as 24h do dia.

Temperatura média de Jalalaba, capital do distrito com maior número de olivais – © WeatherSpark.com
Visão geral do clima em Jalalaba – © WeatherSpark.com
Variação de temperatura em Jalalaba – © WeatherSpark.com

Olivicultura no Afeganistão

A existência dos olivais no Afeganistão não tem uma origem clara, contudo várias pistas nos são dadas. Abaixo uma tradução livre de trechos da publicação “Olive Tree” de Willem Floor em julho de 2005. Para o texto completo, acessem: https://www.iranicaonline.org/articles/olive-tree.

“Olive Tree” de Willem Floor em julho de 2005:

O cultivo da oliveira começou há cerca de 6.000 anos na costa mediterrânea da Síria e da Palestina. Um estudo recente concluiu que “a distribuição de mitotipos de cultivares mostrou que o deslocamento predominante de cultivares ocorreu do leste para o oeste. Mas essas transferências de cultivares não excluíram um esforço de melhoramento original nos países ocidentais” (Besnard, Baradat e Bervillé 2001, pp. 251-58). A oliveira também foi cultivada no Irã por volta de 3000 aC e, como indica o empréstimo persa para a oliveira e seus frutos ( zaytun ), seu cultivo e/ou uso podem ter sido importados do Levante. O termo também é uma palavra emprestada em outras línguas, como armênio ( zeit ; jet ), ossético e georgiano ( zet’i ) (Lauffer 1919, p. 415).

Nos séculos 10 e 11, as azeitonas foram cultivadas em Nišāpur, Gorgān, Deylam, Rāmhormuz, Arrajān e Fārs. Esta distribuição do cultivo da oliveira provavelmente também reflete a situação existente na Pérsia pré-islâmica. Azeitonas eram comidas como fruta, pelo menos na região do Cáspio (Spuler, Irã , pp. 387, 509, citando Moqaddasi, pp. 318, 353, 357, 407, 420; E ṣṭ a ḵ ri, pp. 40, 128 , 213; Ebn Ḥ awqal, tr. Kramers, pp. 184, 272, 382; Spiegel 1971, I, pp. 257-58). No período safávida, as azeitonas supostamente cresciam apenas “nas fronteiras da Arábia e em Māzandarān, perto do Mar Cáspio” (Chardin III, p. 345; Kaempfer 1968, pp. 66, 68 (Rašt, Manjil). Por volta de 1740, também foi dito que cresciam perto de Ardabil, o que provavelmente é um erro para Manjil (Hanway, Travels I, p. 261) Os europeus não gostavam muito das azeitonas safávidas persas, porque quando colocadas à venda estavam cheias de areia e podres ( Tavernier 1930, p. 15; Müller 1764, VII, p. 358). Isso provavelmente se deveu ao fato de que azeitonas e seu azeite eram pouco usados no Irã naquela época. Na Geórgia e na Armênia, o azeite era muito caro (Chardin IV, pp. 83-84; de Tournefort 1741, III, pp. 157, 173).

No século XIX, as azeitonas eram cultivadas principalmente nas províncias do Cáspio, embora também fossem cultivadas ou cultivadas em outras partes da Pérsia. Em 1817, Frederika von Freygang observou que a oliveira selvagem crescia das margens do Mar Cáspio até o rio Terek . Os armênios e tártaros comiam o fruto dessa árvore e dela extraíam um suco chamado tolkan (von Freygang 1823, p. 192). A árvore também cresceu no sul. Em 1840, o Barão de Bode observou que nas margens do rio Hendiān, perto de Behbahān , cresciam oliveiras, perto da cidade de Zaytun (de Bode 1845, I, p. 294). A oliveira também era notável no Baluchistão, onde era frequentemente cultivada em torno de santuários (Aitchison 1890, p. 144; Goldsmid, “Notes”, p. 271 ( Čāh-Bahār ). Havia também algumas boas oliveiras perto de Bušehr e Kermān (Fayżābād) e em Ṭ ā rom (Zanj ā n) (Stolze e Andreas 1885, p. 13; ʿ Ayn-al-Sal ṭ ana 1997, II, p. 1494; Schindler 1881, p. 357).

Willem Floor em julho de 2005

Em resumo:

O texto acima dá uma visão do início da olivicultura no território do atual Irã, e como explicado, a expansão deu-se mais fortemente em direção ao ocidente, na bacia do Mediterrâneo. Contudo, mesmo que de forma mais lenta e menos intensa, também foi em direção ao oriente e no caso do Afeganistão a partir do Irã.

Nesse país de clima predominantemente desértico, as oliveiras mais uma vez provaram sua resistência e adaptabilidade.

Além da “migração antiga”, da qual não existem registros, várias iniciativas para o aumento do cultivo, inclusive para substituição da cultura do ópio, forma realizadas no país.

Ao longo dos anos os olivais formam fazendo um “caminho natural” dentro do território Afegão conforme ocorria a expansão a leste. Claramente a permanência da cultura deveu-se a condições nos territórios onde foi implantada.

Províncias do Afeganistão com olivais relevantes

Já no século XIX a Rússia possuía interesse no território Afegão, o que provocou a invasão da URSS em 1979. Contudo em épocas anteriores os soviéticos haviam plantados pomares no distrito de Bati Kot na província de Nangarhar.

Hoje a província de Nangarhar é a mais produtiva e onde as maiores apostas de futuro na produção de azeitonas são feitas.

Abaixo uma cópia em tradução livre de matéria publicada no The New York Times, em 2010 redigida por Alissa J. Rubin. A matéria, realizada ainda antes da tomada do controle do Talibã no governo, demonstra mais uma vez a tragédia dos conflitos quando a selvageria degrada um patrimônio que não tem lado político.

The New York Times, em 2010:

DISTRITO DE BATI KOT, Afeganistão – A estrada principal para o Afeganistão a partir do leste atravessa uma zona rural plana e árida, passando por bazares frágeis à beira da estrada e aldeias miseráveis. Então, o terreno muda abruptamente: a terra árida dá lugar a vastos olivais que se espalham por quilômetros, como se um gigante tivesse jogado uma ilha mediterrânea na Ásia Central.

Gul Abbas, Bati Kot, Nangarhar – Foto NYTIMES

Gul Abbas, 66, um fazendeiro de barba branca, caminhou recentemente entre as fileiras de oliveiras, ocasionalmente estendendo a mão para dar um tapinha em um galho como se fosse um velho amigo, e falou como alguém perdido em um sonho: “Costumávamos receber visitas ; pessoas vieram da Índia, do Paquistão, de Bangladesh, para ver nossas fazendas.”

Ele cresceu com as árvores e passou a vida cuidando delas. A história da fazenda é a história dele e do país também. As oliveiras, explicou ele, não eram apenas árvores, mas também uma promessa, não faz muito tempo, de que neste país conturbado e empobrecido tudo poderia acontecer, até paz e fartura. Essas esperanças quase desapareceram, mas não completamente.

Abbas começou a trabalhar na fazenda há quase 50 anos, ainda adolescente, antes mesmo de as árvores serem plantadas. “Éramos analfabetos”, disse ele. “Quem tinha habilidade podia trabalhar nas cidades, mas estudei essas árvores a vida inteira e cultivar se tornou minha profissão.”

Na época, o Afeganistão estava rapidamente se tornando um farol na região e os bosques, como muito do progresso do país naquele período, foram ideia de um rei visionário, Mohammad Zahir Shah. Em busca de emprego para os cidadãos de seu país carente de água, ele recorreu a duas grandes potências agrícolas que haviam tornado seus desertos verdes: os soviéticos e os americanos.

Em uma versão moderna da competição do século 19 entre a Grã-Bretanha e a Rússia pelo domínio no Afeganistão, as duas potências iniciaram projetos de irrigação: os Estados Unidos na província de Helmand, na área agora afligida por insurgentes em torno de Marja, e a União Soviética aqui, perto de Jalalabad.

O objetivo soviético era recuperar cerca de 224.000 acres de matagal, transformando-o em até seis fazendas férteis, canalizando a neve derretida das montanhas Hindu Kush e a água do rio Cabul em canais de irrigação, de acordo com Nancy Dupree, uma especialista afegã que escreveu sobre o projeto quando ele estava no auge. As fazendas hoje cobrem cerca de 55.000 acres.

O propósito original era cultivar azeitonas e laranjas, disse Abbas, mas o plano decolou e os soviéticos construíram uma cooperativa agrícola modelo – com casas para trabalhadores, escolas e muito mais. Demorou 15 anos para ficar pronto, tempo suficiente para as árvores produzirem frutos. As laranjeiras levam 4 anos para se tornar produtivas neste solo, disse ele, e as oliveiras não produzem sua colheita por pelo menos 12.

Como não havia costume de comer azeitonas entre os afegãos, quase toda a colheita, 2.600 toneladas por ano, foi enviada para a Rússia no final dos anos 1970, junto com 7.000 toneladas de laranjas, de acordo com um engenheiro chamado Hakim, que agora lidera o Desenvolvimento do Vale de Nangarhar. Autoridade, que tem responsabilidade pelas fazendas. Eram tantas as azeitonas que os russos construíram uma fábrica com maquinário italiano para transformar parte da colheita em azeite.

O Sr. Hakim, que tem 51 anos e como muitos afegãos tem apenas um nome, testemunhou o crescimento das fazendas como estudante universitário aqui e se inspirou, mas nunca imaginou que teria a chance de dirigir as fazendas. Os pomares e as fazendas modernas lhe pareciam uma espécie de sonho utópico que ganhara vida no solo rochoso do Afeganistão.

“Fui visitar um parente que mora na fazenda; tinha casa própria, escola, teatro, cinema, hospital, tinha parques bem organizados e uma padaria, e a leiteria produzia creme e iogurte”, disse. “Foi um dos projetos que mudou a vida das pessoas.”

Então, no início dos anos 1980, ocorreu um desastre. O movimento mujahedeen para derrubar os soviéticos, que então controlavam o governo, começou na província vizinha de Kunar, e o regimento de tropas afegãs que guardavam as fazendas foi enviado para lutar contra os rebeldes afegãos.

A segurança piorou e os vândalos começaram a saquear à noite, roubando equipamentos agrícolas e até as hastes de aço usadas para estabilizar os prédios de concreto das cooperativas, disse Hajji Hanifullah Khan, gerente de uma das fazendas que só agora voltou a funcionar.

Quando os mujahedin e os deslocados começaram a acampar na terra, eles cortaram as laranjeiras jovens e cortaram os olivais. “Os cítricos são como crianças, são muito frágeis, muito magros e precisam de muita atenção e esforço”, disse Khan. “Mas a oliveira é uma coisa dura, sobrevive por sua própria força.”

Quando o governo comunista de Mohammed Najibullah caiu em 1992, os trabalhadores rurais restantes fugiram para o Paquistão. Abbas, o agricultor, que nunca esteve a mais de oito quilômetros das fazendas que cuidava, também fugiu.

Mesmo antes das forças ocidentais expulsarem o Talibã em 2001, Abbas voltou e encontrou uma terra devastada. Das milhares de laranjeiras, não sobrou nenhuma. As oliveiras cresceram altas e selvagens e pararam de produzir frutos.

“Era como uma floresta”, disse ele, balançando a cabeça.

O Sr. Hakim, chefe da Autoridade de Desenvolvimento do Vale de Nangarhar, desejando ver as fazendas florescerem novamente, voltou-se para a equipe de reconstrução provincial dirigida pelos americanos em Jalalabad. Ele disse que reabilitar as fazendas colocaria os jovens para trabalhar e os impediria de adotar formas radicais. A equipe de reconstrução deu a ele $ 1,8 milhão para reconstruir os canais de irrigação, bem como dinheiro para começar a replantar as oliveiras e laranjeiras, disse ele.

Hoje, grandes extensões das fazendas ainda não foram recuperadas e algumas oliveiras ainda crescem ao abandono. No entanto, o dinheiro da reconstrução permitiu que os afegãos começassem a reabilitar cerca de 500 acres de olivais, plantar novas árvores cítricas e empregar pelo menos 1.050 pessoas em tempo integral, segundo Hakim. Embora isso representasse apenas 10% da força de trabalho quando as fazendas funcionavam plenamente na década de 1970, é 10 vezes o número que estava aqui sob o Talibã.

O Sr. Hakim estima que precisará de apoio estrangeiro por pelo menos mais cinco anos para colocar as fazendas no caminho certo para serem totalmente produtivas novamente. O Ministério da Agricultura começou a enviar quantias modestas de dinheiro, mas espera-se que aumente o orçamento à medida que milhões de dólares em fundos de doadores estrangeiros se tornem disponíveis.

Enquanto Abbas caminhava pelos bosques sob o pálido sol de primavera, ele apontou para uma árvore infestada de moscas-brancas e outra cujos galhos mais baixos haviam sido cortados. Uma terceira árvore havia sido arrancada; tudo o que restou foi um buraco no chão.

“Ladrões”, disse ele, sacudindo o punho para os intrusos invisíveis. “Eu conheço cada árvore. Eu olho para cada ramo. Eles desenterraram as novas mudas e as plantaram em suas próprias terras. Estamos aqui apenas durante o horário de trabalho; depois disso não há governo, há apenas a palavra ‘governo’.”

O Sr. Hakim foi mais resignado: “Nos últimos 30 anos de guerra, as pessoas ficaram isoladas e se acostumaram a viver de forma ilegal”.

“As pessoas não entendem como é difícil plantar uma árvore, fazê-la crescer e dar frutos. Tudo o que sabem é cortá-lo em cinco minutos e queimá-lo para aquecer.”

Alissa J. Rubin em 2010.

Projetos antes do Talibã

Entre os anos de 1994 e 2011 o governo local, em parceira com o Ministério da Agricultura da Itália, implementou um programa de incentivo a olivicultura para produção de azeite e azeitona de mesa. Nesse programa forma utilizadas basicamente cultivares italianos, como por exemplo: Coratina (azeite), Frantoio (azeite), Grappolo (azeite), Leccio del Corno (azeite), Maurino, Ogliarola Messinese (azeite), Moraiolo (azeite), Nocellara Messinese (duplo prosósito), Ogliarola (azeite), Pisciottana (azeite), Razzola (azeite), Rotonda (azeite), Ravece (azeite) e Vraja (duplo propósito). No ano de 2018 o Afeganistão comemorava uma colheita recorde na província de Nangarhar, onde estão localizados os dois únicos lagares do país. Dos 13.000 hectares do vale, 10.000 são dedicados a olivicultura.

Afganistan olives
Azeitonas do Afeganistão

Apesar da comemoração, todo país, inclusive a província de Nangarhar sofre com a falta de água e eletricidade. Nangahar que produziu quase 8.000 toneladas em um ano, também já penou com míseras 400 toneladas devido a falta de água, energia elétrica e os conflitos. Em 2019 novos ataques do Talibã – Isis em Khogyani e Sherzad, da província de Nangarhar – obrigaram milhares de moradores a fugirem de suas casas.

2021…?

Com a retomada do controle de quase a totalidade do país pelo Talibã, o futuro fica incerto, pois o que deveria ser considerado uma cultura que poderia gerar riqueza e trazer benefícios a população, facilmente pode ser considerada como uma cultura invasora trazida com “colonizadores”.

Oliveira autóctone

Não existem registros de um cultivar nativo do Afeganistão. Contudo, é provável que tenha se desenvolvido devido ao tempo da cultura no país. Falta pesquisa e as dificuldades de um terreno tão belicoso certamente dificultam essa identificação.

Produção e colheita de azeitonas

Os dados abaixo são FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

O aumento da produtividade vem acompanhada de novas técnicas de cultivo que paulatinamente vinham sendo adotadas, como por exemplo a plantação em sebe com compasso semi-intensivo ou intensivo no lugar da cultura tradicional onde cada árvore ocupava de 36 a 64 m². Para saber mais acesse: Compasso – OLIVAPEDIA

Infelizmente não temos dados confiáveis, além dos já passados acima quanto a produção, consumo, importação e exportação de azeite ou de azeitona de mesa.

Também não localizamos registro de azeite afegão participando de qualquer concurso internacional.

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