Muito além de um olivicultultor, o Engenheiro Agrônomo Rodrigo Veraldi, proprietário e administrador do Entre Vilas, é um apaixonado pelas coisas da terra, um pesquisador e um chef de cozinha dedicado a filosofia emprega em seu restaurante.
Em outubro de 2023 tivemos o privilégio de receber as respostas do nosso questionário do Rodrigo voltado apenas a atividade de olivicultura. Teríamos muito mais a perguntar, contudo fugiria muito do objetivo desse blog. Ainda assim damos uma ideia das atividades desenvolvidas em torno do Entre Vilas, inclusive sobe a Frutopia, um viveiro com diversas variedades e especializado em frutas vermelhas que são comercializadas na propriedade e via Internet.
Apesar de não ter optado pelo cultivo intensivo de oliveiras, mantem em sua propriedade alguns cultivares, de onde extrai azeitonas para tira-gosto no restaurante Entre Vilas, e eventualmente produzir seu próprio azeite.
Lúpulo brasileiro
Como não bastasse, o Rodrigo foi o responsável pelo desenvolvimento do primeiro cultivar de Lúpulo do Brasil. A propósito: o Lúpulo é matéria prima fundamental para produção da cerveja, responsável pelo amargor da cerveja, sendo os maiores produtores os EUA e a Alemanha.
Outro produtor – Fazenda Ouro Verde
A fazenda Ouro Verde, que fica vizinha ao Entre Vilas, é de propriedade do pai do Rodrigo, e dentre outros produtos, também fornece azeitonas para o restaurante e produção de azeite.
Estivemos por lá em abril de 2018 e tivemos a oportunidade de comermos fisális do pé e realizar nossa primeira colheita manual de azeitonas.
Alguns dos empreendimentos desenvolvidos no Entre Vilas – São Bento do Sapucaí /SP
Frutopia
Criada no ano de 2002 é um viveiro onde são criados principalmente diversos tipos de frutas vermelhas. São Amoras, Mirtilos, Morangos e Uvas, além da principal que é a Framboesa, sendo cultivadas em mais de 20 variedades.
A produção de Framboesa da Frutopia é uma das maiores, senão a maior, do Brasil.
Curiosidade: Você sabia que existem Framboesas da cor salmão e dourada?
Dentro da Frutopia encontramos a criação de Lúpulo, uma das poucas existentes no Brasil, sendo os mesmos descendentes do cultivar surgido na propriedade do Rodrigo.
As castanhas comercializadas são das árvores que cercam o restaurante do Entre Vilas.
Restaurante Entre Vilas
Criado sob conceito do Slow Food. Mas o que é Slow Food?
“O Slow Food (traduzido de forma literal, “comida lenta”) é um movimento e uma organização não governamental fundados por Carlo Petrini em 1986, tendo como objetivo promover uma maior apreciação da comida, melhorar a qualidade das refeições e uma produção que valorize o produto, o produtor e o meio ambiente. É uma contraposição política e filosófica à massificação e à padronização oferecidas pelo fast-food. Assim como a Slow Food, outras organizações não governamentais, como o Cittaslow, também propõem uma redução na velocidade do ritmo de vida contemporâneo. Juntas, tais organizações formam o movimento conhecido como Slow Movement.”
Descrição do Wikipedia (Slow food – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
Entre cada prato os clientes são convidados a conhecerem a fazenda e plantações.
As bebidas são um capitulo a parte que para conhecer, somente indo lá.
Hospedagem
Ao lado do restaurante existe uma casa de campo para quem quiser tornar a experiência mais completa. Para saber mais acesse: https://www.entrevilas.com.br/lodge.
A entrevista
Olivapedia (O): Qual o nome do sítio / fazenda onde se localiza o olival?
Rodrigo (R): Entre Vilas
O: Como surgiu a ideia de plantar azeitonas? Veio associada a produção de quais produtos?
R: Em 2002 quando conheci o projeto na EPAMIG em Maria da Fé, começamos com 40 mudas, mas num local que posteriormente foram substituídas devido a grande incidência de geadas. A Ideia surgiu quando buscávamos culturas que pudessem agregar valo em nosso projeto que buscava o Agroturismo como principal foco.
O: Qual o tamanho do olival e estimativa do número de oliveiras?
R: Hoje o olival está com 2,5 hectares.
O: Possui lagar próprio?
R: Não.
O: Quais cultivares e em qual proporção são cultivados?
R: Koroneiki, Maria da Fé, Grappolo e Ascolana
O: Quais produtos são obtidos e comercializados da produção das azeitonas?
R: Azeite, azeitonassem conserva, lenha das podas para parrilha do restaurante.
O: Caso produza azeite, qual a maior dificuldade na produção de azeite extravirgem de alta qualidade e melhores cultivares para tanto?
R: A maior dificuldade é não termos lagar, tendo de levar as olivas toda semana para o terceirizado, além dos custos da colheita. Outra dificuldade são as chuvas que coincidem com a época da maturação causando perdas na qualidade por fatores como doenças por fatores como doenças, apodrecimento e caída de olivas no chão. Os melhores azeites que obtivemos foram da Maria da Fé e Koroneiki respectivamente.
O: Caso produza azeitona em conserva, ou outro produto, qual a maior dificuldade para produzir um produto de alta qualidade e quais são os melhores cultivares para cada um?
R: Para nós ainda não acertamos completamente o processo e a padronização sendo que as azeitonas acabam tendo características diferentes a cada ano e também falta calibre para que as azeitonas fiquem mais “carnudas”.
O: Qual o maior desafio para cultivar oliveiras no local do seu olival e no Brasil?
R: Sem dúvida o clima tropical que compromete a qualidade e a produtividade dos olivais, fazendo com que os custos de produção sejam muito elevados.
O: Qual a visão / meta de futuro? Crescimento do olival, mudança de cultivar, novas embalagens? Novos produtos? Exportação?
R: Diminuir e otimizar os cultivos para ajustar o manejo e melhorar a produtividade.
O: Qual seu maior prazer na atividade da olivicultura?
R: Como toda cultura, acompanhar o desenvolvimento e provar dos resultados é sempre muito satisfatório, além da beleza cênica inigualável de um olival.
O: Qual sua visão para o futuro do mercado de azeite e azeitona considerando todos os aspectos nacionais e globais, inclusive com a previsão de redução de colheita na Espanha devido a mudança do clima?
R: É difícil fazer um prognóstico preciso, mas creio que o Brasil deve diminuir o número de produtores tendo em vista os baixos rendimentos, mas deve ficar mais concentrado nas mãos de produtores mais “tecnificados” e com maior escala. A questão comercial é a mais importante já que seria o gargalo da atividade tendo em vista a grande quantidade de oferta de azeites de boa qualidade importados.
O: Como vocês tratam o resíduo da extração do azeite?
R: A extração é terceirizada.
Obrigado Rodrigo por tudo!
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