Poucas culturas são tão antigas – com relatos de árvores de mais de 6.000 anos – e tão abrangentes geograficamente – com plantações desde a China até o Chile, passando por toda Ásia, Europa, Oceania, África e Américas. Se houvesse um sexto continente, as oliveiras também estariam lá.
Sem desmerecer a existência da civilização humana graças ao trigo e ao apoio festivo da uva, talvez não estivéssemos por aqui se não fossem as azeitonas e seu poder nutritivo, seu uso na iluminação, limpeza, unguentos, cosmética, preventivo de diversas doenças, marcenaria e carpintaria, e até político! Desculpe-me se me esqueci de algum uso. E tudo isso não de forma recente:
Era o único meio que os antigos tinham para iluminar, os gregos untavam seus corpos depois do banho e para prática de esportes. Também era combustível em piras funerárias, e para aromatizar as cinzas. Cremes de beleza eram fabricados misturando o azeite a argila, bem como outras misturas para o couro cabeludo, como por exemplo gema de ovo, sumo de limão, etc.. Na expansão do império romano a cultura era transferida para agradar os povos conquistados.
Talvez os Deuses tenham criado primeiro a azeitona. Achando que era demais, resolveram dividi-la em trigo e uva. Tão incerto quanto à frase anterior, são as incertezas quanto essa cultura. Para alguns produtores italianos, os métodos modernos de extração de azeite com centrífugas de baixa velocidade aumentam a produtividade e melhoram a qualidade do azeite produzido. Só não entendi ainda o porque na mesa de suas casas utilizam um azeite de tiragem exclusiva prensado…
Passados mais de 5.000 anos, ainda se discutem as melhores formas de cultivo (distância entre árvores, métodos de manejo, período e formas de poda, adubo, etc.). Também, concluí, que não existe nem existirá uma forma de extração “perfeita” ou definitiva. Talvez por que olhando apenas uma das mais de 3.000 espécies, considerando apenas uma região de cultivo e os mesmos cuidados com a árvore, existe uma certeza: A azeitona colhida em um ano será, no mínimo, sutilmente diferente no ano seguinte. Mas, como tomamos azeites industrializados, iguais todos os dias comprados nos supermercados? Bem tento explicar isso ou pouco mais para frente em um dos artigos sobre produção.
Seus caprichos não acabam na produção da azeitona. A própria colheita realizada mais cedo ou tardiamente altera tudo. Gente: Não existe pé de azeitona preta!!! Essa foi nossa primeira descoberta, há 10 anos, quando começamos a nos interessar pelo assunto. A azeitona é muito perecível, e os cuidados na colheita, higiene, transporte, armazenamento, manipulação, extração do azeite, armazenamento, distribuição e idade, afetam diretamente o resultado final. Sem falar com o que será servido o azeite, que tem por característica se fundir com o sabor do prato. Alguns dos componentes do azeite são instáveis ou voláteis. A água pode ser um veneno. Ou seja: É quase tão complicado como tentar entender as mulheres.